Cada vez mais a navegação pelo Google Earth nos traz experiências realísticas como, por exemplo, as imagens em 360° de altíssima resolução (veja www.360cities.net/google-earth.html); ou os milhares de modelos tridimensionais disponíveis no 3D Warehouse (http://sketchup.google.com/3dwarehouse). Daí para imaginar caminhar sobre a superfície da Terra Virtual como no Second Life, e interagir com outras pessoas (ou avatares, como são chamados), é apenas um passo.
No dia 9 de outubro de 2007, foi anunciada pelo Google a parceria que começa a concretizar essa interação, antes somente possível na imaginação. A idéia é permitir aos desenvolvedores importar modelos do Google Sketch Up e porções de terreno do Google Earth para criar Universos Virtuais.
A parceira escolhida foi a Multiverse Network, uma empresa americana formada em 2004 por ex-funcionários da Netscape. A Multiverse é uma das pioneiras do mercado emergente de Universos Virtuais, que está em franca expansão. Um estudo da Virtual Worlds Management mostra que mais de 1 bilhão de dólares foi investido em 35 empresas da área, de outubro de 2006 a outubro de 2007. Somente a Club Penguin, que criou um popular universo virtual para crianças, foi comprada pela Disney em agosto por 700 milhões de dólares. Há também uma forte sinergia com a indústria de games, principalmente com lançamentos futuros na linha do Wii, da Nintendo, com sensores de movimento tridimensionais.
A orientação das novas plataformas para padrões e interoperabilidade é forte, permitindo montagens de sistemas híbridos utilizando variados componentes independentes. Um exemplo é o anúncio pela fabricante de mundos virtuais Activeworlds, de uma plataforma de desenvolvimento integrada à rede de relacionamentos Facebook, (rede similar ao orkut, que por sua vez só se difundiu mais expressivamente no Brasil). A aplicação já está disponível em http://apps.facebook.com/activeworlds para os mais de 51 milhões de usuários do Facebook. Este tipo de integração, universo virtual com redes sociais, foi definido por Corey Bridges, executivo da Multiverse Network, numa entrevista para o Financial Times, como a próxima aplicação “matadora” que irá espalhar a utilização dos mundos virtuais no mainstream.
A Microsoft também deu seu passo rumo ao mundo 3D em outubro: anunciou parceria com a Dassault Systèmes e lançou o Virtual Earth 3DVIA, para possibilitar aos usuários criar e compartilhar modelos tridimensionais no Microsoft Virtual Earth (http://maps.live.com/Help/en-us/VE3DVIADownload.htm).
As empresas fornecedoras de dados georreferenciados, para alimentar tantos sistemas também se fortalecem, com propostas bilionárias de compra como as feitas pela TomTom pela Tele Atlas (US$ 3,3 bilhões) e da Navteq pela Nokia (US$ 8,1 bilhões). Tudo aponta para um futuro no qual a geoinformação seja cada vez mais abundante, de melhor qualidade e mais acessível.
Adicionalmente, não há dúvidas que o mercado se expandirá para soluções móveis, como celulares e redes sem fio. O lançamento do projeto Android, nova plataforma para celular baseada em open source da Google, causou uma onda de expectativa no mercado mundial, apesar da previsão de funcionamento só para o segundo semestre de 2008. A plataforma promete estender funcionalidades Google para os celulares, incluindo o Google Maps e o YouTube. Outra tecnologia de impacto nas mudanças está no barateamento de telas maiores, de alta definição, que modificarão os conceitos atuais de qualidade visual dos mundos virtuais.
As últimas pesquisas sobre o assunto foram compiladas por Arno Scharl e Klaus Tochtermann no livro “The Geospatial Web – How Geobrowsers, Social Software and the Web 2.0 are Shaping the Network Society”, disponível para compra no site www.geospatialweb.com.
Silvana Phillipi Camboim é engenheira cartógrafa e diretora da Geoplus Geotecnologia e Informática
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