Os sistemas de Radar de Abertura Sintética (SAR) utilizam a técnica de imageamento da superfície na qual o alvo é iluminado com ondas eletromagnéticas na freqüência de microondas e o sinal refletido é usado para deduzir informações sobre este alvo. Desta forma, são obtidas as imagens amplitude SAR, que medem a refletividade dos alvos e depende da rugosidade da superfície e das características dielétricas do material.
Além da amplitude, os sistemas SAR também registram o sinal de fase da onda eletromagnética, capaz de medir mudanças sutis na superfície, sendo a Interferometria, ou InSAR, a técnica que utiliza esta informação.
InSAR utiliza duas ou mais imagens de satélite para medir mudanças de fases consecutivas do sinal SAR que são adquiridas em posições e altitudes idênticas, porém em momentos diferentes. Ao ocorrer qualquer deslocamento no terreno, no intervalo da aquisição das imagens, o mesmo pode ser observado através da defasagem do sinal de fase entre as aquisições. São as principais vantagens da tecnologia InSAR:
– Alta acurácia – as medidas de deslocamentos por InSAR podem atingir acurácia de até 1mm;
– Facilidade de integração de dados – as informações InSAR podem ser facilmente integradas a monitoramentos tradicionais de campo;
– Fonte de dados confiável – os produtos InSAR provêm de imagens de radar que independem de equipamentos de medição terrestre e das condições climáticas;
– Operacionalidade – a tecnologia InSAR permite o monitoramento de grandes áreas (no mínimo 50 x 50 quilômetros no caso dos sistemas Radarsat), tornando-se uma ferramenta de excelente custo-benefício, especialmente para ambientes com dificuldades de acesso.
No Brasil, a tecnologia InSAR pode ser facilmente acessada através da empresa Threetek Soluções em Geomática, representante exclusiva no país dos satélites canadenses Radarsat-1 e 2, que oferece diversos produtos e serviços InSAR. Um exemplo destes serviços é o projeto de monitoramento InSAR em uma área de duto da Transpetro, no Rio de Janeiro, realizado juntamente com MDA Geospatial Services, Petrobras/Cenpes e a própria Transpetro.
Neste projeto, foi aplicada a técnica CRInSAR, na qual se utilizou refletores de canto, ou corner reflectors, em uma área considerada geotecnicamente instável. O monitoramento foi realizado por um período de 16 meses, o que permitiu a construção de um banco de dados de leituras interferométricas consistente, 41 medidas no total, as quais foram validadas com os dados de instrumentos de campo (inclinômetros).
Por meio desta experiência, a Threetek, com a ajuda de seus parceiros, pôde comprovar a aplicabilidade da tecnologia de monitoramento InSAR orbital em uma região tropical e disponibilizar no mercado de geotecnologias uma ferramenta operacional para monitoramento de riscos geotécnicos.
Waldiza Brandão
Geóloga, mestre em sensoriamento remoto (Inpe)
Gerente técnica da Threetek Soluções em Geomática
www.threetek.com.br