Por Emerson Zanon Granemann
Quem acreditava que os mapas e chips GPS virariam simples “commodities”, errou. Tudo indica que o georreferenciamento de informações na internet se tornará uma das grandes novidades da web 3.0.
Segundo a Microsoft, de 60% a 80% dos conteúdos das páginas na web podem ser indexadas por sua localização. Afinal, tudo o que acontece pode ser relacionado a algum lugar.
Na prática, poderemos passear sobre um mapa na web e fazer qualquer tipo de pesquisa, que normalmente faríamos da forma tradicional digitando uma palavra-chave nos buscadores. Muitos poderão achar que isso não será natural, ou que todos teremos que ser um pouco geógrafos ou cartógrafos. Puro engano, pois hoje somos todos neogeógrafos, devido tanto à popularização de ferramentas como o Google Earth ou o GPS, como pela nossa condição humana e histórica de intuitivamente necessitar de localização no espaço.
Desde a época das cavernas o homem já usa em sua comunicação conceitos geográficos, seja nos desenhos rupestres como nas primeiras versões dos mapas em argila. Sem comentar os possíveis diálogos, mesmo rudimentares, onde se planejavam o ataque à caça ou a grupos rivais e as rotas de fuga caso algo saísse errado.
Um mapa analógico nem sempre é fácil de entender, devido à escala cartográfica e à pequena quantidade de temas, provocada pela própria limitação física da representação em papel. Na era dos mapas, imagens e modelos em 3D na internet, existe a possibilidade de inserção de infinitas camadas de informação, e fica bem mais fácil viajar nesse mundo real que está representado no computador.
Está havendo uma mudança de paradigma. O mapa será a interface ideal para muitas aplicações na web, organizando e compartilhando informações. Poderemos, de fato, ter a visão de uma realidade ampliada, pois os mapas e os modelos em 3D vão mostrar uma variedade de informações impossível de ser absorvida ao vivo.
Outra grande vantagem será a facilidade de atualização, como no projeto www.OpenStreetMap.org, que usa o mesmo conceito da Wikipedia. Dessa forma, todos nós poderemos incluir nos mapas informações novas, construindo um volume inimaginável de dados, que serão vistos por todos. Essa representação digital detalhada do mundo físico, turbinada por informações adicionais, vai permitir verdadeiras viagens a mundos virtuais.
Empresas como Google e Microsoft já estão desenvolvendo projetos para mapear, cada vez com mais precisão, o planeta, adicionando imagens ao nível da rua e capturando automaticamente fotos de pessoas que as publicam na web. Os recentes processos de compra da Navteq pela Nokia, por 8,1 bilhões de dólares, e da Tele Atlas pela TomTom, por 2,9 bilhões, comprovam o valor da informação geográfica na área de comunicação pessoal e dos navegadores.
Com o atributo geográfico, a informação ficou agora mais completa e inteligente, e virou geoinformação.
Emerson Zanon Granemann
Engenheiro cartógrafo
Diretor e publisher da Editora MundoGEO
emerson@mundogeo.com