A Amazônia Legal não é uma área predominantemente plana. A planície Amazônica cobre apenas 7% dos cerca de cinco milhões de quilômetros quadrados que constituem a região, enquanto 73,78% do território são formados por um relevo visivelmente irregular. Dentro da área coberta por esses tipos de paisagens, 16,26% (ou 12% do total da região) apresentam um relevo acidentado, portanto mais vulnerável à erosão, principalmente quando há desmatamento.

Informações como essas podem ser produzidas a partir do banco de dados digital de geomorfologia da Amazônia Legal, lançado no final da semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O banco disponibiliza gratuitamente, via internet, informações sobre os tipos de relevo encontrados na região, compatíveis com a escala de 1:250.000, com recortes regional e estaduais.

As informações sobre relevo juntam-se às de vegetação, disponibilizadas pelo IBGE em 2008, e às de solo e geologia, que devem ser adicionadas ao banco de dados em 2010. Todas elas são geradas a partir do trabalho de mapeamento sistemático do Instituto, além de imagens de satélites, bibliografias atualizadas e estudos realizados por outras instituições, e deverão ser constantemente atualizadas e ampliadas.

A estruturação do banco de dados permite sua manipulação para criação de novos produtos, derivados do cruzamento de informações, que podem contribuir para estudos que visem, entre outros, ao ordenamento territorial da Amazônia Legal, bem como para subsidiar políticas públicas voltadas para a região.

O banco de dados digital de geomorfologia da Amazônia Legal está disponível no site do IBGE, na seção Download, área de Geociências. Os arquivos estão no formato shapefile e podem ser visualizados e editados na maioria dos softwares de sistemas de informações geográficas.

Formações

O banco de dados mostra que as formas de relevo predominantes na Amazônia Legal são as de dissecação, termo técnico para formações visivelmente irregulares, como colinas, morros, cristas e tabuleiros, que ocupam 73,78% dos cerca de cinco milhões de quilômetros quadrados que constituem aquela região.

Os relevos planos (aplanamentos) representam 13% do território, os de dissolução (relevos em rochas calcáreas) ocupam 0,08% do total da área, enquanto as planícies sujeitas a inundações temporárias (chamadas de acumulações) estão em 13,14% da região, sendo quase metade disso (7% do total) representado pela Planície Amazônica, formada pelos rios Solimões, Amazonas e seus afluentes.

Do território dominado por relevo irregular, 16,26% (ou 12% do total da região), são cobertos por formas acidentadas. Essas áreas são naturalmente mais sujeitas à erosão, e, portanto, mais vulneráveis ao desmatamento, sendo que 3,7% delas já sofreram algum tipo de intervenção humana. A destruição da cobertura vegetal sobre os solos potencializa sua erosão, o que, por sua vez, contribui para o agravamento das inundações, comuns na região Amazônica, causando enchentes que trazem prejuízos à população.

+Informações
www.ibge.gov.br