O satélite Cbers-3 será testado na mais avançada câmara de simulação do ambiente espacial do Hemisfério Sul, instalada no Laboratório de Integração e Testes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (LIT/Inpe), em São José dos Campos (SP). Trata-se do primeiro realizado nesta nova câmara.

O teste vácuo-térmico simula as temperaturas extremas que o satélite enfrenta no espaço para averiguar o funcionamento de seus vários subsistemas e uma possível degradação dos materiais.

“Já dentro da câmara, primeiro é feita uma limpeza do satélite, quando elevamos sua temperatura até 55ºC por 24 horas, um processo que chamamos de ‘bake-out’. Em seguida iniciamos propriamente o teste de balanço térmico, que se estende por 14 dias seguidos, com temperaturas extremas e alternância de frio e calor”, explica a engenheira Rosângela Leite, da Coordenação de Engenharia e Tecnologia Espacial (ETE) do Inpe.

A impossibilidade de conserto em órbita torna imprescindível a simulação em Terra de todas as condições que o satélite irá enfrentar desde o seu lançamento até o fim de sua vida útil no espaço. Se durante os testes é verificado algum problema, é possível resolver antes do lançamento.

“Todos os equipamentos e sistemas de um satélite são testados exaustivamente. Projetos espaciais são caros e um pequeno erro pode comprometer não só o investimento financeiro mas também anos de trabalho”, diz José Sérgio de Almeida, engenheiro do LIT/Inpe. “São poucas as câmaras de simulação espacial deste porte no mundo. Quando uma delas fica pronta, reúne todos os últimos avanços tecnológicos e se torna um instrumento estratégico de qualificação espacial”.

Câmera Cbers (Imagem: Inpe)Nova câmara

Com cerca de 150 toneladas, a nova câmara tem dimensões externas de oito metros de largura por 10 de comprimento e 9,5 de altura. Internamente, possui volume total de 485 metros cúbicos. Como principais características, permite simular a pressão no nível de 1×10-7 mbar e o controle de temperatura varia entre -196 ºC a 150 ºC.  Seu sistema de informação possui 1,5 mil canais para a gravação e análise dos dados experimentais. Também conta com equipamento para análise completa de contaminação.

Própria para testar satélites de grande porte, como o Cbers, que possui massa maior que 1,5 tonelada, com esta câmara o Brasil está apto a realizar a chamada matriz completa de testes, composta também de ensaios de vibração e choque, medidas de propriedades de massa, testes elétricos, acústicos e de compatibilidade eletromagnética.

“Nossos testes vácuo-térmicos eram realizados nos equipamentos e sistemas separadamente porque nossa câmara não comportava o satélite todo montado. Agora podemos atender não só ao programa espacial brasileiro como oferecer a matriz completa de testes a outros países”, diz José Sérgio.

A nova câmara custou nove milhões de dólares, investimento feito através do Programa Cbers.

+Informações
www.cbers.inpe.br