O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) anunciou que está preparando um relatório técnico, a ser entregue ao Operador Nacional do Sistema (ONS), em que analisa as condições atmosféricas no Brasil durante a noite da última terça-feira, quando ocorreu um apagão que atingiu vários Estados.

Para isso, os técnicos do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) e do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), ambos do Inpe, estão analisando em conjunto os dados sobre as descargas atmosféricas (raios) e demais fatores meteorológicos, como intensidade dos ventos e chuvas.

Até o momento, é possível afirmar que uma linha de instabilidade atmosférica causou chuvas fortes, raios e rajadas de vento em localidades do Paraná e São Paulo.

Uma massa de ar quente e instável que estava sobre a região Sul e sobre os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, associada a uma frente fria que chegou ao Sul, foram os responsáveis pela formação dessa linha de instabilidade e das tempestades observadas.

Raios

Segundo os especialistas do Elat, embora houvesse uma tempestade na região próxima a Itaberá, com atividade de raios no horário do apagão, as descargas mais próximas do sistema elétrico estavam a aproximadamente 30 quilômetros da subestação e cerca de 10 quilômetros distantes de uma das quatro linhas de Furnas de 750 kV e a 2 quilômetros de uma das outras linhas de 600 kV, que saem de Itaipu em direção a São Paulo.

Para os especialistas do Elat, a baixa intensidade da descarga registrada (menor que 20 kA) não seria capaz de produzir um desligamento da linha, mesmo que incidisse diretamente sobre ela, segundo dado da Rede Brasileira de Detecção de Descargas (BrasilDat), que no momento do apagão estaria operando com ótimo desempenho.

Em geral, apenas descargas com intensidade superiores a 100 kA, atingindo diretamente uma linha, poderiam causar um desligamento de linhas de transmissão operando com tensões tão elevadas como as linhas de Itaipu (duas de 600 kV e duas de 750 kV).

Fonte: Inpe