Onde termina a floresta e começa o cerrado? No estado de Mato Grosso, o limite entre os dois biomas observados nas imagens de satélites foram confirmados em campo pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Em novembro, mais de 7,5 mil quilômetros foram percorridos por pesquisadores da Divisão de Sensoriamento Remoto para verificação do limite cartográfico e espectral, de acordo com a metodologia desenvolvida pelo Projeto Panamazônia II.

A metodologia do Panamazônia adota um modelo adequado a mapeamentos baseados em imagens obtidas por diferentes sensores em épocas distintas. Foram utilizados mosaicos MSS-Landsat de 1980, Geocover de 1990 e 2000, e Modis de 2007. As imagens foram editadas no software Spring, que produziu o banco de dados com a seguinte classificação: floresta, desflorestamento, rebrota, cerrado, desmatamento, regeneração, queimada e hidrologia.

Esta metodologia de mapeamento está sendo aplicada a todos os estados da Amazônia Legal Brasileira e deverá ser transferida aos demais países da região por meio da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), ligada ao Ministério de Relações Exteriores. “Os mapas gerados têm alta qualidade cartográfica uma vez que se baseiam em produtos ortorretificados”, diz Paulo Roberto Martini, coordenador do Projeto Panamazônia II.

O trabalho de campo realizado em novembro deu ênfase à região nordeste do Mato Grosso, principalmente às áreas ao longo do rio Araguaia e cabeceiras do Xingu. Segundo Martini, a próxima etapa irá se dedicar às cabeceiras do rio Tapajós.

A separação entre floresta e cerrado foi observada claramente no município de Cascalheira, por exemplo, no alto da Serra do Roncador bem como no degrau topográfico ao norte de Paranatinga. “O limite em Cascalheira se caracteriza pelo fato dos cerrados secarem na época de estiagem enquanto a vegetação de porte florestal permanece verde. O limite em Paranatinga já obedece à topografia: na parte alta do degrau o domínio é florestal enquanto que na parte baixa é predominante a savana”, explica o pesquisador do Inpe.

Os municípios de Cascalheira e Paranatinga estão indicados na figura abaixo, um exemplo de mosaico elaborado a partir de imagens Modis de junho de 2008.  A figura seguinte mostra os limites dos dois biomas no Mato Grosso.

Fonte: Inpe