O deslizamento que ocorreu na Ilha Grande causa espanto a todos, não só pela sua magnitude e pelo lamentável número de mortos, mas porque a pousada e as casas atingidas estão em uma área aparentemente de mata fechada e preservada. No entanto, o próprio topônimo do lugar já revela a natureza do seu processo de ocupação.
Aparentemente, em função da sua declividade acentuada e substrato rochoso, a área não apresentava uma camada de solo profundo. Esse solo era sustentado pelas raízes de uma mata secundária, ainda em desenvolvimento, com vestígios do antigo bananal e possíveis alterações antrópicas mais recentes como trilhas.
Um município como Angra dos Reis, com variações altimétricas que vão de 0 no nível do mar até 1.640 metros no Pico do Frade e relevo acidentado em função das abruptas vertentes das escarpas da Serra do Mar, onde o principal problema ambiental são os deslizamentos que matam pessoas e trazem prejuízos todos os anos, deveria ser pioneiro em técnicas e métodos de mapeamento, fiscalização, estabilização e controle das encostas.
Fonte: Victor Barone – Geógrafos Sem Fronteiras