Criando um novo mapa rodoviário
Projeto de georreferenciamento da malha viária do Tocantins

O processo de georreferenciamento da malha viária do estado do Tocantins, gerido pelo Departamento de Estradas de Rodagens do Estado do Tocantins (Dertins) é de natureza cultural e técnica. Ele se apoia em diversos vetores práticos, dentre os quais a preparação de um primeiro exercício de planejamento rodoviário no estado e futuramente a implantação da gerência de pavimentos, baseada em indicadores para futuras construções ou intervenções.

O primeiro passo para esse trabalho consistia em se rever o Plano Viário do Estado, o qual era materializado através de um mapa, em plataforma CorelDraw, cujas imprecisões eram de imensa magnitude, sem possuir um banco de dados espacial e não permitindo constituir uma base de dados com qualificações mínimas para o trabalho.

Mapa 2006

Por outro lado, o projeto de georreferenciamento abre a possibilidade da criação de um banco de dados rodoviários que poderá constituir um repositório de informações, servindo às suas principais áreas: planejamento, construção, manutenção e operação rodoviária. Numa segunda etapa, o trabalho deverá ser complementado com o levantamento dos dados físicos das rodovias: obras-de-arte especiais, obras-de-arte correntes e outros.

Vale registrar a grande valia da utilização do Google Earth, não só pela prévia visão dos trechos que seriam percorridos, mas principalmente pela identificação das entradas e saídas das localidades, onde, por vezes, se observava uma intrincada convergência de estradas e acessos.

Levantamento

Para a fase de levantamentos, o veículo rodava a velocidade de 70 quilômetros por hora nas tangentes e a 40 quilômetros por hora nas curvas. A marcação dos pontos era automaticamente corrigida para o eixo através do off-set pré-configurado. O equipamento foi ajustado para o registro de um ponto a cada segundo, nas rodovias pavimentadas, e a cada dois segundos nas rodovias não pavimentadas. Com estas informações estava criado o Banco de Dados Rodoviários do Estado e o novo Mapa Rodoviário do Tocantins.

Mapa Rodoviário 2010

Foram percorridos cerca de 31 mil quilômetros de rodovias, sendo georreferenciados em torno de 12 mil, que constituem o total da malha rodoviária pavimentada e não pavimentada do Estado.

Para garantir maior precisão dos trabalhos, foram executados a partir de GPS L1, com apoio das estações fixas da Trimble distribuídas pelo país, correções diferenciais do levantamento e acerto da malha com valores de erros submétricos. As linhas de levantamento produzidas no campo, para se transformarem em “malha rodoviária”, careciam da análise de cada nó, chamada “topologia”, marcados pelos entroncamentos, alterações de tipo de pavimento e/ou mudança de jurisdição, acessos às localidades e travessias de trechos urbanos.

Vale ressaltar, diferentemente de levantamentos anteriores, o fato de cada travessia urbana estar representada por um segmento com sua verdadeira dimensão e não apenas um único ponto.

Execução do projeto: Lúcio Sérgio Borges Peixoto, Alcindo Pereira dos Santos Filho, Alessandro Dias, Ciro Vargas Pilger e Paulo Fernando Rodrigues

Banco de dados

No estudo de criação do Banco de Dados da malha viária georreferenciada foi levada em consideração a aplicabilidade no Sistema Rodoviário Estadual (SRE), portanto alguns dos atributos criados são de controle, para evitar duplicidade nas informações, pois em alguns casos há sobreposição de rodovias.

Importância do BD para gerência de pavimentos

Para o sistema de gerência de pavimentos, o banco de dados reúne informações, como: Volume Médio Diário (VMD), condições do pavimento, ano de construção, últimas intervenções, etc., permitindo análises e relatórios técnicos para todas as áreas do órgão como construção, conservação, segurança, postos de fiscalização. Enfim, o BD é um repositório de informações que permite o exercício das diversas gerências de um órgão de estradas e rodagens;

Consolidação do projeto – em novembro de 2008, o Dertins utiliza a nova base para elaboração do Cadastro Anual da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), seguindo o roteiro básico para elaboração do SRE. A participação na arrecadação do programa é proporcional à malha rodoviária pavimentada de cada Estado;

Atualização – a consolidação do projeto, que demandou enorme esforço da equipe, baixo custo e excelência na qualidade, só estará garantida com a definição de uma estrutura formal de gerenciamento do acervo (banco de dados rodoviário), além de definição das regras de atualização com a indicação dos setores responsáveis por cada tipo de informação. A perda da confiabilidade dos dados, pela falta de atualizações sistemáticas, poderá se constituir em ameaça à vida de projetos desta natureza;

Uso no dia a dia – o conjunto de ferramentas da família ArcGIS, que manipula dados apenas para leitura, vem permitindo a montagem de novos mapas, tendo como fundo o plano das rodovias. Temas como bacias hidrográficas, áreas de preservação, ferrovias, hidrovias e outros, que irão compor o mapa desejado, são obtidos a partir de menu, conforme, ilustrado.

Julgando ser um projeto pioneiro, não existiram consultas bibliográficas, porém foram analisadas quais as melhores tecnologias no mercado para o desenvolvimento do projeto, através dos sites www.trimble.com, www.esri.com, e www.mundogeo.com.

Lúcio Sérgio Borges Peixoto
Analista em TI, MBA em TI e especialista em geotecnologia
borges.ls@gmail.com