Quase sem recursos, grupo de profissionais da área de geotecnologia atualiza mapa virtual de Bom Jardim
Quando aconteceram os desastres naturais, causados pela enorme quantidade de chuvas na região serrana do Rio de Janeiro, em janeiro deste ano, vários grupos começaram a agir para ajudar as vítimas da catástrofe, que hoje é considerada a maior já registrada no Brasil.
Uma força-tarefa de “mapeadores colaborativos”, composta por profissionais ligados à geotecnologia, tem agido no meio virtual para minimizar os efeitos causados pela catástrofe natural. Atualmente, eles estão fazendo o mapeamento da cidade de Bom Jardim, uma das mais afetadas pelas chuvas e deslizamentos de terra.
De acordo com Arlete Meneguette, engenheira cartógrafa e professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o trabalho ainda está no começo, pois estão esperando, por parte do Google, a atualização das feições mostradas na imagem de satélite obtida em maio do ano passado.
[leia-tambem-esquerda]“No momento temos acesso apenas à imagem de satélite obtida em maio de2010, mostrada no Google Map Maker, no qual mapeamos as rodovias estaduais (RJ 116 e RJ 146), o Rio Grande, o Cemitério, as construções no entorno do rio, a antiga hidrelétrica, o Clube Maravilha que foi ilhado, o Zoológico que foi atingido e algumas das pontes que foram destruídas pela inundação (http://migre.me/3SMjR).
Arlete ainda explica que “em função da política de privacidade do Google não podemos associar atributos às residências, somente aos prédios públicos. Temos expectativa, também, que a partir desse evento o Google reconsidere a possibilidade de publicar os dados do Brasil inseridos pelos mapeadores da comunidade Google Map Maker, bem como realize o alinhamento dos dados vetoriais com as imagens de satélite, pois em muitos locais há uma falta de registro, o que leva a ambiguidades e equívocos na localização e roteamento.”
Atualmente trabalham juntos nesse projeto, de Bom Jardim: Arlete, Cléverson Cândido da Roza (professor de informática, residente em Foz do Iguaçu), Denis Tostes (consultor em agropecuária e residente da cidade) e Júlio Monnerat (arquiteto e urbanista, atualmente em Toronto, Canadá).
Acesso a imagens recentes
Para a engenheira cartógrafa “a maior dificuldade que temos é o acesso às imagens mais recentes da área de Bom Jardim, sejam elas de satélite ou obtidas através de Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs), com resolução adequada para o mapeamento das feições de interesse”.
“Esta ajuda humanitária que estamos oferecendo voluntariamente representa nossa contribuição à sociedade do conhecimento, à comunidade diretamente atingida e ao Poder Público, que terá um registro do que havia antes da tragédia e poderá ter subsídios para um melhor planejamento urbano. Se as Áreas de Preservação Permanente (APPs) tivessem sido respeitadas, provavelmente o prejuízo seria menor do que os 75 milhões de reais estimados pela Prefeitura de Bom Jardim. Felizmente somente uma morte foi registrada em Bom Jardim, mas se a legislação ambiental fosse respeitada, menos pessoas teriam sido desalojadas e desabrigadas, sendo que cerca de 5 mil habitantes (20% da população) foi prejudicada”, finaliza.
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