O engenheiro civil Marcos Túlio de Melo é graduado pela Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais e pós-graduado em Engenharia Econômica pela Fundação Dom Cabral. No final de 2005 foi eleito presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) para o triênio 2006/2008 e reeleito presidente para o triênio 2009-2011.
InfoGNSS: A escassez de engenheiros é mito ou realidade? A que se deve isso?
Marcos Túlio de Melo: É uma realidade e com tendência ao agravamento nos próximos anos. Nosso obstáculo não é somente de abertura de vagas. Há um problema grave na formação básica, que gera evasão. Outra coisa grave é que as nossas universidades continuam olhando para o passado. Continuamos ensinando engenharia da mesma forma que ensinávamos há 50 anos. Com tantas oportunidades, como a Copa de 2014, o PAC, as Olimpíadas de 2016, o Pré-sal, claro que vamos precisar sim de engenheiros. Vamos ter que pensar o setor público, que teve, ao longo das décadas sem investimentos, seus quadros técnicos completamente desmontados. Outro agravante é que se paga salários baixos. Esse também é um desafio enorme. A área da engenharia pública precisa ser reestruturada, pois será mandatária. O PAC hoje não tem projeto para ser licitado, pois as empresas de consultoria, igualmente ao setor público, tiveram seus quadros técnicos desfeitos. Isso mostra que temos carência sim de engenheiros.
IGNSS: Que áreas da engenharia mais sofrem com a escassez de profissionais?
MTM: Atualmente já temos falta de engenheiros para atender à demanda de áreas como petróleo e gás e a indústria naval. A construção civil também já sente a crescente demanda existente por profissionais, dado o elevado nível de crescimento do Brasil. O setor de projetos foi muito afetado, em função dos muitos anos sem investimentos em infraestrutura. As empresas de consultoria de engenharia e arquitetura não tiveram como permanecer com seus quadros técnicos formados. Esse cenário levou, inclusive, a dificuldades no PAC que, por falta de projeto, não pode licitar muitos empreendimentos.
IGNSS: Quais as soluções possíveis/discutidas?
MTM: Uma das ações que vamos fazer junto com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) é a realização de um censo profissional para mapear quantos são os profissionais de engenharia no Brasil; em que áreas trabalham; se estão no mercado nas suas áreas de formação e, caso não estejam, se desejam retornar a atuar na sua área após a oferta de cursos de atualização tecnológica.
Outra ação, que já está sendo feita por algumas empresas, a exemplo da Petrobras e da Vale, é a oferta de curso nas suas universidades corporativas. Também é uma forma eficiente, pois essas empresas conseguem formar profissionais com rapidez e dentro da sua necessidade técnica.