O módulo de pesquisas que será instalado pelo Brasil no interior da Antártica está sendo preparado no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Batizado de Criosfera 1, o módulo chegou a São José dos Campos (SP) para a instalação de sistemas de energia e equipamentos, trabalho que será concluído até o final de setembro. Após, o Criosfera 1 segue para Porto Alegre, de onde inicia a viagem para a latitude 85°S, a cerca de 500 quilômetros do Pólo Sul geográfico.
“Estes equipamentos estão sendo desenvolvidos, integrados e testados aqui no Inpe. Também faremos a adaptação dos sistemas para facilitar a logística na instalação do módulo no continente antártico e outros serviços para favorecer o trabalho e a convivência dos pesquisadores no período que irão permanecer no local”, explica Marcelo Sampaio, pesquisador do Inpe que acompanhará a instalação do módulo no continente gelado, prevista para dezembro.
Financiado pelo Programa Antártico Brasileiro (Proantar), será o primeiro do tipo instalado no interior antártico a funcionar 24 horas por dia, sem a necessidade de técnicos acompanhando as operações (os dados serão enviados por satélites) e, também, sem a emissão de poluentes.
Dotado de painéis solares e geradores eólicos, o Criosfera 1 é dito sustentável por não utilizar combustível fóssil para seu funcionamento. No módulo serão coletados dados meteorológicos, como velocidade dos ventos e temperatura, e realizadas medidas da composição química da atmosfera da região.
O projeto de pesquisa é coordenado por Heitor Evangelista, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Durante o primeiro ano de funcionamento do módulo, cientistas da Uerj, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do INPE irão investigar as consequências climáticas da redução da camada de ozônio sobre o Polo Sul e o transporte atmosférico de poluentes para o ar da região.
Os resultados obtidos pelo módulo irão se somar às pesquisas realizadas na estação antártica brasileira de Comandante Ferraz, localizada a 62° de latitude sul, na borda do continente. Ao lado de outras instituições brasileiras, o Inperealiza pesquisas na região há mais de 25 anos. Seus estudos na Antártica enfocam a dinâmica da atmosfera, a camada de ozônio, meteorologia, aquecimento global, gases do efeito estufa, a radiação ultravioleta, a relação sol-atmosfera, o transporte de poluição, oceanografia e interação oceano-atmosfera.
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