O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) realiza campanha científica para aperfeiçoar sensores que estarão a bordo da próxima geração de satélites geoestacionários denominada Goes-R. Este satélite terá, entre outros equipamentos, um sensor de detecção de raios em nuvens de tempestade, o GLM (Geostationary Lightning Mapper), que permitirá o monitoramento e alertas de tempo severo. O Goes-R será lançado pela Administração Nacional do Oceano e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, em 2015.

Steven Goodman, cientista chefe do programa de satélites meteorológicos geoestacionários de segunda geração da NOAA, está nesta semana em São José dos Campos para acompanhar a campanha CHUVA-GLM Vale do Paraíba.

Os testes do “mapeador de relâmpagos” acontecem em meio às atividades do Projeto CHUVA, realizado pelo Inpe em parceria com outras instituições, que utiliza radares de última geração para coletar dados e monitorar a precipitação entre o litoral norte paulista e o Vale do Paraíba. Além dos radares meteorológicos, quatro redes de detecção de descargas elétricas foram instaladas para o experimento, as quais são capazes de registrar em 2D e 3D a ocorrência de descargas elétricas nuvem-solo e intranuvem num raio de 250 e 150 km da Grande São Paulo.

As medidas tridimensionais de descargas elétricas tomadas durante a campanha irão orientar o desenvolvimento de algoritmos de previsão de tempo em curto prazo (o chamado nowcasting) e estimativa de precipitação que serão gerados a partir de dados da futura geração de satélites geoestacionários. O Goes-R será o primeiro satélite geostacionário a ter um sensor de raios a bordo.

Os dados coletados pelas redes de detecção descargas elétricas instaladas para o projeto CHUVA, e as demais sete redes operacionais (entre elas a RINDAT – Rede Integrada Nacional de Detecção de Descargas Atmosféricas, da qual faz parte o Inpe), serão comparados aos do sensor SEVIRI (Spinning Enhanced Visible and Infrared Imager) atualmente a bordo do Meteosat, satélite geoestacionário europeu que cobre a América do Sul usado para estimativa de precipitação a curto prazo. Um sensor semelhante chamado ABI (Advanced Baseline Imager) também estará a bordo do Goes-R, cujos dados em combinação com o GLM deverão aperfeiçoar o monitoramento dos relâmpagos.

Além de trazer um melhor entendimento dos processos físicos relacionados aos relâmpagos e às nuvens de tempestades, a campanha irá aperfeiçoar o registro das descargas de nuvens convectivas – cujo topo da nuvem é frio – através das imagens de satélite, que também poderá monitorar as tempestades severas (ventos fortes, granizo, tornados, etc), além de prever eventos severos a partir da atividade elétrica da nuvem.

SOS Vale do Paraíba

O Projeto CHUVA instalou no Parque Tecnológico da Univap, em São José dos Campos, o centro operacional do SOS Vale do Paraíba, um sistema de monitoramento de tempo severo que fornece previsões com resolução de até um quilômetro, capaz de prever chuvas com duas horas de antecedência.

Um sistema geográfico de informações integrado ao radar e a outros equipamentos do projeto irá simular os impactos das chuvas por bairros e ruas, de acordo com a precipitação acumulada. Unidades da Defesa Civil da região e o Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), podem acompanhar e utilizar os produtos do SOS Vale do Paraíba.

Instrumentação do Projeto CHUVA-GLM Vale do Paraíba. Imagem: Inpe

Com informações do Inpe