A instalação de painéis solares e baterias na instrumentação meteorológica que não foi atingida pelo incêndio será feita por uma equipe do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que na próxima semana estará no local da Estação Comandante Ferraz, na Ilha do Rei George, na Antártica.

Coordenada por Héber Passos, técnico do Inpe, a equipe é composta também pelo Dr. José Valentin Bageston, pelo meteorologista Marcelo Santini e pelo engenheiro André Barros, esses bolsistas de pesquisa. A ação permitirá que o Brasil mantenha em funcionamento alguma atividade até que a base seja reconstruída.

O grupo também irá avaliar as condições dos módulos e equipamentos do Inpe, praticamente os únicos a não serem atingidos pelo fogo. Alguns instrumentos que fazem medidas sobre a camada de ozônio, ondas de gravidade e outros parâmetros da alta atmosfera serão transferidos e instalados em áreas de outros países que mantêm cooperação com o Brasil, como na base chilena Presidente Eduardo Frei, também na Ilha do Rei George, e na cidade de Rio Grande, na província da Terra do Fogo, Argentina, que fica próxima a Ushuaia (a cidade mais austral do mundo).

Módulos Meteoro e de Ozônio_Antartica
Módulos Meteoro e de Ozônio. Fonte: Inpe

Instalados em módulos próximos, mas não contíguos às demais instalações de Ferraz, os laboratórios do Inpe chegaram a servir de abrigo aos cientistas durante o incêndio. Batizado de “Meteoro”, o módulo de meteorologia fica ao lado do “Ozônio”, que contém instrumentos para estudos da camada que envolve a Terra. Também há o “Ionosfera”, que fica a cerca de 300 metros da estação, e o módulo “Alta Atmosfera”, situado a aproximadamente um quilômetro de distância.

No momento do acidente, os especialistas do Inpe José Roberto Chagas e José Valentin Bageston estavam em Ferraz preparando a instrumentação para as medições durante o inverno. Não houve tempo de concluir as atividades de manutenção e calibração dos sensores, tampouco proteger os equipamentos, que ficaram sem energia, prejudicando estudos que necessitam de dados contínuos. Daí a importância deste retorno à Antártica.

Os dados de meteorologia contam com a série histórica mais longa, com medidas tomadas desde o verão de 1984-1985. É para dar continuidade a essas informações que novos equipamentos para alimentação elétrica do sistema seguirão para a Antártica.

Como pioneiro do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), o Inpe promove pesquisas destinadas a entender desde a relação Sol-Terra até as conexões entre o continente gelado e demais partes do planeta, passando por estudos da ionosfera e da dinâmica da atmosfera, camada de ozônio e radiação ultravioleta.

Além das pesquisas baseadas na estação, o Inpe realiza estudos oceanográficos e de interação oceano-atmosfera com o apoio de navios e, desde janeiro, apoia a manutenção e a transferência de dados do módulo Criosfera, instalado no interior da Antártica, a cerca de 500 quilômetros do Pólo Sul .

Fonte: Inpe