Projeto Cigala disponibiliza ferramenta para consultas sobre a ocorrência de cintilação ionosférica no Brasil
Na edição 34 da revista InfoGNSS, foi abordado, nesta coluna, o assunto referente às ameaças que a ionosfera pode provocar no posicionamento e navegação com GNSS, em especial aquelas advindas da cintilação ionosférica. Detalhes adicionais sobre esse efeito foram apresentados na InfoGNSS 36. Uma figura com a distribuição das estações monitoras da ionosfera sobre o território brasileiro, vinculadas com o projeto Cigala – sigla para Concept for Ionospheric Scintillation Mitigation for Professional GNSS in Latin America -, foi apresentada, bem como alguns detalhes sobre os parâmetros que são utilizados para quantificar o nível de cintilação ionosférica, por exemplo o S4 e o sigmaphi.
Nesta coluna apresenta-se uma ferramenta que se encontra em desenvolvimento dentro do contexto do projeto Cigala e que está hospedada na página de internet da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Presidente Prudente (FCT/Unesp). O acesso se dá em http://200.145.185.118. O aplicativo ficará disponível ao público nesta fase de testes, sendo que futuramente o mesmo poderá ser uma fonte de recursos para a ampliação e manutenção das estações monitoras. Ele é denominado ISMR Query Tool (figura 1). Usuários interessados em acessá-lo devem enviar solicitação para
gege@fct.unesp.br.
O usuário poderá construir diversos tipos de gráficos visando identificar períodos com alta ou baixa atividade de cintilação ionosférica. A figura 2, por exemplo, mostra o parâmetro S4 maior que 0,25 para o caso da estação monitora SJCI – localizada no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em São José dos Campos (SP) – para a semana GPS 1674, para todos os dias desta semana, envolvendo apenas satélites GPS com ângulo de elevação maior que 20 graus. A mesma figura pode ser construída para o caso dos satélites Glonass. O parâmetro S4 pode ser substituído pela sigmaphi, por exemplo, além de outros.
O leitor pode observar que, em praticamente todos os dias, aproximadamente nos mesmos horários, o índice S4 é maior que 0,25, indicando a ocorrência de cintilação ionosférica. Outras possibilidades de gráficos são factíveis de serem construídos, permitindo realizar diversos tipos de análises.
O projeto Cigala se encerrou no final do mês de fevereiro de 2012, mas ficou decidido que a FCT/Unesp manterá a rede em funcionamento pelo menos até o fim do atual ciclo solar, uma vez que muitas ocorrências importantes de cintilação ionosférica deverão ocorrer, e o registro desses parâmetros poderá contribuir com o desenvolvimento científico e tecnológico nesta área.
É graduado em engenharia cartográfica pela Universidade Estadual Paulista, com mestrado em
ciências geodésicas pela Universidade Federal do Paraná e doutorado em engenharia de levantamentos e geodésia espacial pela Universidade de Nottingham. Professor e líder do Grupo de Estudo em Geodésia Espacial da Unesp. Autor do livro Posicionamento pelo GNSS.
galera@fct.unesp.br