Cartografia Tátil
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Apesar de já estar muito desenvolvida em termos mundiais, a cartografia tátil – área da cartografia voltada à criação de mapas, globos terrestres e maquetes para o ensino de geografia para deficientes visuais – ainda é pouco difundida em países como o Brasil. Isso porque as tecnologias existentes no mundo para produzir esses materiais cartográficos, que podem ser lidos por meio do toque por pessoas cegas ou com baixa acuidade visual, ainda são muito sofisticadas e caras, o que impossibilita sua utilização em salas de aula de escolas públicas no país.

Mas, nos últimos anos, pesquisadores de algumas universidades no Brasil e de outros países têm se dedicado ao desenvolvimento de materiais didáticos simples, adaptados para a linguagem cartográfica tátil, que podem ser facilmente utilizados por professores e alunos do ensino fundamental e médio.

As experiências dos principais grupos de pesquisadores do Brasil e do Chile que realizam estudos na área de cartografia tátil são narradas no livro Cartografia tátil: orientação e mobilidade às pessoas com deficiência visual. A publicação reúne artigos de pesquisadores da Universidade Tecnológica Metropolitana de Santiago do Chile (UTME), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e de outras instituições.

Por meio de um projeto de pesquisa, realizado com apoio da Fapesp, os pesquisadores da Unesp de Rio Claro desenvolveram nos últimos anos maquetes, mapas e jogos didáticos, adaptados para a linguagem cartográfica tátil. Os materiais possuem relevo e diferentes texturas, além de sinalizações em braile e recursos sonoros, para facilitar o aprendizado de alunos com deficiência visual.

Já os materiais didáticos para os estudantes com baixa acuidade visual possuem cores fortes e tamanho de letras aumentadas e podem ser utilizados tanto por deficientes visuais como por alunos que não possuem problemas de visão, visando a integração dos estudantes em sala de aula. Inicialmente, os materiais são desenvolvidos em laboratório, com base no conteúdo dos cursos de geografia nos diferentes níveis do ensino. Depois são levados para escolas com alunos cegos ou com deficiência visual, para serem testados e aprimorados com ajuda dos próprios estudantes e dos professores.

Noção de espaço

Aos professores são oferecidos cursos de formação, em que eles aprendem a utilizar o programa de computador Mapavox, que possibilita incluir dispositivos sonoros em maquetes e mapas. O software foi desenvolvido pelos pesquisadores da Unesp em parceria com José Antonio dos Santos Borges – pesquisador do Núcleo de Computação Eletrônica (NEC) da UFRJ, que criou o primeiro sistema para auxiliar pessoas cegas a usarem computador, o Dosvox.

Por meio de comandos específicos, o sistema computacional permite acionar sons em uma maquete, mapa ou um jogo didático conectado a um computador, facilitando a orientação de um estudante cego na exploração do material didático que, até então, só ocorria pelo tato, ampliando suas possibilidades de percepção e sua compreensão do espaço.

Ao percorrer uma maquete de uma praça central de uma cidade, por exemplo, o estudante pode tocar botões que emitem sons do sino de uma igreja, do barulho de uma fonte de água e da música tocada pela banda de um coreto.

Fonte: Agência FAPESP