Quem responder a esta pergunta ficará rico! Ou será censurado, pois os valores poderão fazer muitos gestores públicos e privados ficarem em situação ruim, junto à população ou aos acionistas.

Vou propor um desafio: quem se habilita a investir tempo e recursos para calcular, não quanto custa mapear, cadastrar, treinar e comprar licenças de software, mas sim quanto custa a privação do acesso às soluções geoespaciais para tomar as melhores decisões e monitorar seus resultados?


Como especificar a melhor solução geoespacial para os usuários?

Reza e lenda que muitas especificações de licitações na área se geotecnologias são simplesmente copiadas de um contratante para outro, ou que muitas vezes as mesmas são elaboradas pelas próprias empresas que desejam executar os serviços.

Esquecendo estas opções, que às vezes dão certo, me parece que a opção mais segura e racional é o contratante avaliar quanto custa não ter estas informações (vide texto anterior), se informar com as empresas fornecedoras, visitar outras instituições semelhantes, participar de eventos e treinamentos, consultar as universidades e consultores isentos de soluções específicas e, por fim, avaliar suas necessidades e disponibilidades de recursos.

Para muitos, esta receita parece óbvia, mas infelizmente seu uso não é tão comum como se imagina. Algo muito importante é avaliar internamente, com a equipe, as necessidades. Deve-se evitar decisões precipitadas, que não sejam consenso, para que não exista risco de rejeição interna. Às vezes, acontece do tomador de decisão ter contato com a tecnologias e se empolgar com o que viu, e decidir sem consultar sua equipe interna. O contrário também é válido, na medida em que alguns técnicos não se atualizam e convencem o tomador de decisão a comprar uma solução inadequada, empolgados por uma demonstração comercial “legal”.

Explico que as soluções geoespaciais a que me refiro podem ser várias, como: atualização do mapeamento existente, novos mapeamentos, cadastros diversos, renovação de equipamentos de automação topográfica, aquisição de softwares e treinamento de pessoal, ou ainda tudo isso junto.

Quem se habilita a assumir esta tarefa? Os usuários como forma de justificar a obtenção de mais recursos, as empresas que desejam vender seus produtos e serviços, as universidades que teriam uma posição importante de fazer de forma neutra o diagnóstico, ou empresas de consultoria totalmente isentas e formadas por equipes multidisciplinares, incluindo economistas.

Alguém aí arriscaria calcular quanto o Brasil já perdeu ou vai perder ainda pela falta de dados geográficos atualizados e de fácil acesso? Quantos projetos atrasaram pela demora na execução do mapeamento básico, que já deveriam estar prontos? Ou o que é pior: quantos recursos foram desperdiçados na elaboração de projetos em bases geográficas inadequadas? Isto sem citar os mapeamentos sobrepostos.


ANCAR

Nos dois casos acima, além dos atores citados, logo teremos um reforço de peso que poderá auxiliar muito a melhorar este quadro. O futura Agência Nacional de Cartografia (Ancar) e o Código Cartográfico Nacional (ver mais na Coluna Geodireito, na página 50), com sua vocação integradora, reguladora e facilitadora serão grandes aliados para organizar e fomentar este setor, que tem importância estratégica nesta fase de crescimento do Brasil.Ancar

 


Emerson Zanon GranemannEmerson Zanon Granemann

Engenheiro cartógrafo, diretor e publisher do MundoGEO

emerson@mundogeo.com