Brasil se consolida como ponto de encontro entre designers, engenheiros, arquitetos e projetistas, num evento que reúne as principais soluções para design e infraestrutura
Por Alexandre Scussel
Olhando cada vez mais para o potencial do mercado tecnológico da América Latina, a Autodesk realizou em São Paulo (SP), no dia 9 de outubro, o Autodesk University Brasil (AU Brasil 2012). O evento, que existe há 19 anos nos Estados Unidos, passou a ser realizado no Brasil desde o ano passado por conta do bom momento do país no cenário global e pela demanda de capacitação tecnológica como impulso para tornar empresas mais competitivas.
Com o tema “Aprenda, Conecte-se, Explore”, o AU Brasil 2012 aconteceu durante todo o dia no Sheraton WTC, e ofereceu treinamentos com os mais recentes softwares de design e projetos da companhia – que neste ano completa 30 anos -, além de certificação gratuita e eventos sobre animação digital, infraestrutura, inovação e colaboração móvel, plantas industriais e programação e customização, para quase 2 mil designers, engenheiros, arquitetos, projetistas, estudantes e artistas digitais.
Segundo o Vice-Presidente Steve Blum, a missão da Autodesk é democratizar a tecnologia para design, fornecendo ferramentas para que os mais de 10 milhões de usuários possam solucionar grandes desafios e problemas do mundo. Segundo o executivo, o momento tecnológico atual está passando por uma grande mudança, sustentada por três pilares: “Cloud, Mobile and Social”. Ou seja, a computação passa cada vez mais a ser utilizada nas nuvens, em meios móveis e para fins sociais, com compartilhamento e conectividade.
Martín Moreno, Diretor para a América Latina, analisa o momento atual do Brasil e as possibilidades geradas pelos mercados emergentes: “Os primeiros países escolhidos para a realização do evento da Autodesk, fora dos Estados Unidos, foram a China e o Brasil”. Segundo o executivo, o sucesso e o grande número de participantes estimulam a realização do evento em outros países. “Identificamos no Brasil grande potencial dentro da América Latina, assim também como o México, e estamos com planos de investir por três anos nestes países. Atualmente, vemos muitas companhias brasileiras indo para o exterior, e a Autodesk fornece as ferramentas para o desenvolvimento de novos projetos no Brasil e no mundo”.
Patrick Williams, Vice Presidente Sênior de Mercados Emergentes, destacou a importância dos mercados emergentes para a Autodesk. “Hoje, estes mercados representam 17% da receita total da companhia, e 37% das licenças adquiridas, e este número deve subir no próximo ano. Estamos investindo nesses mercados e nos estudantes que vêm desses locais”, afirmou. Em relação a este assunto, Blum afirmou que um dos objetivos atuais da Autodesk é introduzir a tecnologia de design e modelagem para estudantes. “Nossos planos de educação para o Brasil fazem parte da estratégia global da Autodesk, fazendo com que estudantes tenham acesso a esta tecnologia o mais cedo possível”.
“O AU este ano foi formidável, pois consolidou a nossa expectativa em realizar um evento de qualidade no Brasil, onde pudéssemos nos encontrar com nossos clientes, desde usuários finais a gestores e diretores de pequenas, médias e grandes empresas, a fim de conhecê-los melhor e oferecer um ambiente de aprendizado, troca de experiências, sessões e palestras técnicas, com casos concretos de aplicação de nossas tecnologias”, afirmou Fábio Gomes, Engenheiro da Autodesk Brasil.
GIS e projetos inteligentes
O setor geoespacial, há alguns anos, vem observando uma demanda cada vez maior por ferramentas e aplicações em três dimensões, para promover a visualização e consequente gestão eficaz de recursos, permitindo a elaboração de projetos de forma mais rápida, econômica e com menor impacto ambiental, por exemplo. Visando atender este mercado, várias sessões do AUBrasil focaram na mobilidade, colaboração e nos conceitos de Big Data e Cloud Computing, estas que são as mais recentes e fortes tendências motivadoras de mudanças tecnológicas atualmente. Nesta perspectiva, foi apresentado o Autodesk Infrastructure Modeler, ferramenta para visualizar sistemas de informações geográficas e dados de projeto.
Segundo o engenheiro James Wedding, em entrevista exclusiva à revista MundoGEO, as informações geográficas vêm sendo cada vez mais acessadas por pessoas de vários setores. “Dados GIS de várias escalas vêm sendo amplamente utilizados, e todos estes ‘terabytes’ de informações necessitam de grande esforço para serem aplicados e visualizados de maneira eficaz. O Infrastructure Modeler é uma forma de apresentar dados GIS, classificando e mostrando os dados aos cidadãos de forma inteligível. Isto facilita o entendimento das pessoas e mostra, em forma de mapas e vídeos por exemplo, a melhor maneira de investir em infraestrutura, para todos entenderem o mundo como ele é realmente”.
Gomes afirma, ainda, que o conceito do GIS 3D não é uma novidade já há um bom tempo, e que sua maior inovação está na capacidade de permitir que projetos de engenharia sejam elaborados de forma georrefenciada desde sua concepção e analisados no contexto onde serão construídos, através do uso de produtos obtidos das geotecnologias, desde as mais tradicionais como as já mantidas nos GIS, até as mais recentes como nuvem de pontos. “É neste ambiente convergente, que é ao mesmo tempo CAD e GIS, onde as decisões e informações do projeto são transmitidas, amparadas ou não por um processo que chamamos de Building Information Modeling (BIM), a todos os demais atores do empreendimento para que possam avaliá-lo, aprová-lo e conhecê-lo, ou seja, possam interagir e tomar decisões”.
Segundo ele, o Brasil vive um momento de retomada dos mega projetos de engenharia, e o BIM pode trazer benefícios já desde as fases iniciais até a elaboração e comunicação dos projetos conceituais. Recentemente, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) adotou o conceito para trazer mais transparência às contratações de empresas, que deverão entregar os projetos de engenharia adaptados ao BIM.
Parceria e webinars
O MundoGEO realizou em 2012, em parceria com a Autodesk, três seminários online que demonstraram as novas maneiras de gerenciamento e elaboração de projetos inteligentes. Em agosto, a comunidade geoespacial pôde conhecer o conceito e a diferença entre BIM e GIS, em um webinar que demonstrou para quase 900 pessoas o real potencial de implementação das soluções BIM, aliado à informações GIS, para elaborar e analisar projetos de forma inteligível.
Em setembro, o seminário “Planejamento e Projeto Conceitual com BIM e GIS” apresentou como os dados das soluções em CAD, GIS, BIM e Raster podem ser integrados para criar rapidamente modelos que retratam de forma mais realista o ambiente local, com auxílio da solução Infrastructure Modeler, contribuindo para a tomada de decisão. O terceiro webinar da série abordou, em outubro, os desafios de implementar soluções para cadastro e gerenciamento de redes de infraestrutura, em uma solução que traz modelos pré-definidos de rede elétrica, água, esgoto e gás, podendo ser customizada para qualquer outro tipo de rede ou entidades.
Ao todo, nos três seminários online, foram 4278 inscritos e 1915 participantes de várias partes da América Latina, além de Espanha e Portugal. Segundo Fábio Gomes, apresentador de dois dos seminários online, “é muito importante a parceria com a MundoGEO, pois nos ajuda a ajustar nossa linguagem para comunidade de geoprocessamento e geomensura. Além disso, nos ajuda a transmitir o quanto estamos engajados em oferecer ferramentas e processos que têm transformado, para melhor, o modo como os empreendimentos de engenharia, dos mais diversos setores, têm sido realizados”.
Márcio Pinto, Gerente de Marketing da Autodesk no Brasil, ressalta que a tecnologia da informação como um todo, e os sistemas geograficamente inteligentes, estão permeando a vida das empresas e das pessoas nos mais diversos setores e aplicações. “Neste aspecto, a MundoGEO tem sido uma grande parceira da Autodesk no Brasil e na América Latina, para disseminar as possibilidades das nossas tecnologias dentro do universo de aplicações da geoinformação”, afirmou.