Quarta matéria da série lista os principais cursos técnicos e graduações da região Nordeste
Por Alexandre Scussel e Elis Jacques
Em 2012, a revista MundoGEO iniciou uma série de matérias sobre os principais cursos de geo do Brasil. Com o objetivo de ser uma referência para estudantes e demais interessados em atuar na área de geoinformação, a série trouxe tabelas e dados sobre os cursos técnicos e graduações do país, além de depoimentos e análises da educação e do mercado de trabalho para os futuros profissionais do setor.
A série de matérias começou na revista MundoGEO 67. Nas edições anteriores, foram apresentadas tabelas e dados sobre as regiões Sul, Sudeste, Norte e Centro-Oeste. Acompanhe agora a quarta parte com a região Nordeste, completando este “guia” nacional com os principais cursos de graduação e técnicos de geo do país.
Perfil regional
O Nordeste apresenta o maior número de unidades da federação, sendo nove no total. A região é a terceira maior em relação à extensão territorial, e a que possui o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país. Segundo levantamento da revista MundoGEO, existem na região 48 instituições que oferecem cursos técnicos e de graduação regulares na área de geotecnologia, com predominância para a graduação em Geografia, na modalidade Licenciatura. Pernambuco e Bahia são os estados com mais instituições, com 12 e 11 respectivamente, números que estão bem acima dos constatados nos outros estados.
Na Bahia, a área de agrimensura é muito explorada, onde há três instituições que possuem os cursos técnicos e as engenharias. Já os cursos de Geografia, tanto Bacharelado quanto Licenciatura, estão presentes em mais de dez cidades do estado, o que demonstra que, além das graduações e cursos técnicos, há um mercado aquecido que busca a profissionalização dos estudantes através de diversos cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado.
Sergipe, o menor estado do país, possui três instituições que disponibilizam cursos de geo em cinco cidades distintas, mas concedem algumas opções de ensino a distância. Somente na Universidade Federal do Sergipe (UFS), a modalidade a distância de Licenciatura em Geo-
grafia contabiliza 13 cidades. Para cada polo são oferecidas 50 vagas, mas a habilitação para bacharelado está disponível somente para o curso presencial.
Segundo informações concedidas por Paulo José de Oliveira, engenheiro cartógrafo, mestre em Geografia e professor do departamento de Geografia da UFS, o mercado de Geografia no estado tem seu maior potencial ligado à Licenciatura, na função de professor do ensino fundamental, médio ou superior, seja no próprio estado ou nos vizinhos. “Os governos estadual e municipais têm feito com relativa frequência, de forma proporcional ao aumento populacional, concursos para contratação de professores, uma vez que Geografia é uma das disciplinas obrigatórias nas escolas, sejam elas públicas ou particulares. O ensino de Geografia à distância na UFS tem absorvido também muitos professores recém-formados no curso presencial da própria universidade ou da Universidade Tiradentes (Unit). Em breve, este mercado também estará aberto para os próprios formandos do ensino a distância”, afirma.
Em Sergipe, o Bacharelado em Geografia existe somente na UFS e, segundo o professor, a absorção do profissional no mercado não é tão fácil. “Mesmo com a quantidade de vagas ofertadas para Bacharelado ser bem inferior à da Licenciatura, o bacharel encontra trabalho como geógrafo basicamente nos órgãos públicos estaduais ou municipais, mas em cargos de confiança. Em nível estadual, não há concurso público específico para este profissional há cerca de 30 anos. As prefeituras não têm geógrafos contratados por concurso, inclusive a maior delas, Aracaju. No entanto, um fator positivo é que a quase totalidade dos bacharéis são da área de geotecnologias”, afirma. O professor também esclarece sobre a absorção do geógrafo pelo mercado, no Nordeste e em Sergipe: “Um fato interessante, é que o geógrafo bacharel, além de concorrer no mercado com outros profissionais de áreas afins, concorre com seus próprios colegas de licenciatura, uma vez que, não havendo concursos públicos, os licenciados são contratados como assessores, aprendem internamente algumas atividades e executam funções de geógrafo, ocupando o espaço que deveria ser preenchido com concurso público. Em empresas privadas da área em Sergipe, o geógrafo é empregado esporadicamente, e se dedica à formação de equipes para elaboração de plano diretor ou estudos de impacto ambiental”.
No Rio Grande do Norte foram encontradas três instituições, sendo que a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) oferta graduação em Geofísica e Geologia, este que é um curso pouco comum nas instituições de ensino superior brasileiras e, na região Nordeste, é oferecido também pelas Universidades Federais de Sergipe, Bahia e Pernambuco. Segundo informações da UFRN, historicamente, a maior parte dos geólogos formados pela instituição têm se especializado em mapeamento geológico. De acordo com a estrutura curricular atual do curso, o estudante tem os últimos quatro períodos para se especializar em pelo menos uma dentre as seguintes áreas de ênfase: Geologia de Terrenos Cristalinos, Geologia de Terrenos Sedimentares, Geologia e Geofísica do Petróleo, Recursos Minerais, Geo-
logia Ambiental e Hidrogeologia. Em agosto deste ano, o Bacharelado em Geofísica da UFRN recebeu a sua primeira avaliação pelo Ministério da Educação o curso foi reconhecido com nota máxima. A UFRN oferece, ainda, o curso de Licenciatura em Geografia à Distância, que objetiva qualificar professores da rede pública de ensino que estão atuando sem a formação na área. No Rio Grande do Norte, o curso está vinculado aos polos das cidades de Caicó, Nova Cruz e Macau.
Pernambuco é o estado que, segundo este levantamento, apresenta o maior número de instituições com cursos de geo do Nordeste do Brasil. As únicas opções diferentes de Geografia são da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que oferta as graduações em Geologia e Engenharia de Agrimensura e Cartográfica, além de Bacharelado em Oceanografia. Com 40 vagas anuais na modalidade de Licenciatura e 100 no Bacharelado, o curso de Geografia da UFPE qualifica o profissional para atuar em quadros técnicos de planejamento nos diferentes níveis (nacional, regional e local), elaborar pesquisas, prestar consultorias e desenvolver técnicas especializadas na área de geografia, sociedade e meio ambiente. Já o curso de Licenciatura prepara o estudante para o exercício profissional, habilitando-o para atuar como professor, capacitador, coordenador ou consultor na área de ensino fundamental e médio. Com 40 vagas anuais, o curso de Geologia da UFPE tem por objetivo formar profissionais para atuar em mapeamento geológico, visando identificar áreas de geração e armazenamento de recursos minerais indispensáveis (petróleo, água, metais), áreas favoráveis à construção de represas ou outras obras de grande porte ou ainda áreas com risco de deslizamento. O mercado de trabalho para o geólogo inclui as empresas federais, estaduais, de capital misto e privadas, ligadas direta ou indiretamente com as Ciências da Terra, destacando-se a Petrobras, Departamento Nacional de Produção Mineral, Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, empresas privadas que lidam com a exploração de água subsuperficial, mineradoras e que exploram rochas para o revestimento interno e externo. Já o curso de graduação em Engenharia de Agrimensura e Cartográfica possui 30 vagas anuais e tem como objetivo formar profissionais para atuar em medições e análise do espaço geográfico, objetivando a organização territorial. Os engenheiros agrimensores e cartógrafos também produzem mapas para caracterizar um instrumento de descoberta e comunicação a serviço de outras atividades profissionais, na implementação de suas respectivas ações.
Em Piauí existem poucas instituições com cursos de geo, e todas são públicas. Uma opção encontrada no estado é o curso superior de Tecnologia em Geoprocessamento, ofertado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia em Teresina. Com duração de três anos e meio, o curso utiliza sistemas computacionais voltados à aquisição, armazenamento, processamento, análise e apresentação de informações sobre o meio físico, referenciadas espacialmente. A atuação do profissional pode ser feita em instituições públicas e privadas que trabalhem com monitoramento do meio ambiente, reconhecimento dos recursos naturais da terra e sua utilização, uso e ocupação do solo, atualização de mapas, planejamento urbano e rural.
No estado de Alagoas, os cursos de geo estão restritos às universidades federal e estadual. A Universidade Federal de Alagoas (UFA) conta com o curso de Engenharia de Agrimensura e Cartográfica que, em toda região Nordeste, a graduação foi encontrada somente de Bahia, Pernambuco e Piauí. O curso da UFA oferece 30 vagas anuais, somente em Maceió. A instituição conta também com Bacharelado e Licenciatura em Geografia, ambas com 60 vagas cada, e ainda Geografia à distância, com 200 vagas.
No Maranhão, assim como em outros estados da região, notou-se a carência de graduações e demais cursos na área de geoinformação. Este pode ser o fato que explica uma concorrência tão grande no curso de Geografia da Universidade Federal do Maranhão (Ufam). Com 52 vagas anuais, a concorrência foi de 35,54 alunos por vaga no último processo seletivo. A única opção diferente de Geografia encontrada no Maranhão foi o curso de Tecnologia em Geoprocessamento, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFMA), ofertado no campus Imperatriz. Segundo a Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação do IFMA, o curso tem duração prevista de 12 meses e contribui na qualificação de profissionais de Tecnologia da Informação, com destaque para o ensino de Geoprocessamento, abordando campos do saber como Topografia, Geodésia, Fotogrametria, Sensoriamento Remoto, Cartografia, Posicionamento por Satélite, entre outros.