Dotando prefeituras de capacidade infraestrutural e intelectual para o uso intensivo das geotecnologias
Dá-se início, em 2013, a mais um quadriênio de gestão municipal. E como sempre acontece, os munícipes realimentam a esperança de que os novos ou reconduzidos gestores façam da eficácia e da transparência vetores de uma moderna administração pública, ágil e sintonizada com os anseios da população, adotando um modelo de gestão há tanto preconizado, mas pouco vivenciado.
Entretanto, apesar da característica morosidade do setor público, quando se trata de mudança de práticas, tais expectativas aos poucos vão tomando forma, pois sinais de modernização são hoje visíveis; e no vislumbre da adoção de condições estruturantes para se alcançar esse novo paradigma na gestão pública, destaca-se, inegavelmente, o despertar das administrações municipais para o uso de um poderoso ferramental: as geotecnologias.
Este fato é corroborado pelos gerentes das empresas especializadas em soluções na área das geo-
tecnologias, ao destacarem que, ao longo dos últimos anos, seu principal cliente tem sido o setor público. E é natural que assim seja, em função do notável aumento de demanda por qualificação dos estudos estratégicos e das ações operacionais em temáticas tão diversas e essenciais como planejamento urbano; estruturas de serviços de saúde, segurança e educação; mobilidade urbana; suprimento de energia; monitoramento ambiental, apenas para citar algumas, o que impõe o uso cada vez mais disseminado e refinado dessas tecnologias.
Mas, ainda assim, a atual assimetria observada nas práticas administrativas desenvolvidas pelas diferentes prefeituras, no que tange ao uso dessas ferramentas, é o alerta do quanto há que se construir para se atingir o grau de eficácia e transparência tão almejados por todos os cidadãos, quer dirigentes quer usuários da máquina pública.
Ainda que incorporadas de forma mais consolidada na gestão de alguns municípios, destacadamente nos de maior pujança econômica, o fato é que na absoluta maioria das administrações municipais o uso das geotecnologias é ainda incipiente, e não seria absurdo supor que em algumas sequer foi cogitado. E isto em tempos em que sistemas de informações geográficas, sistemas de posicionamento global e sensoriamento remoto são ferramentas cada vez mais populares, a partir do uso de aplicativos tão difundidos como Google Earth, Google Maps, entre outros, embarcados na quase totalidade dos aparelhos de telefonia móvel ou tablets.
O grande desafio que se estabelece, portanto, é o de não somente dotar-se as mais de 5.500 prefeituras de capacidade infraestrutural e intelectual para o uso intensivo das geotecnologias, mas o de promover-se, quase que simultaneamente, o necessário upgrade na forma de utilização dessas ferramentas, passando-se do estágio de simples organização e visualização dos dados de interesse dos gestores municipais, para o nível de incorporação do entendimento da dinâmica espacial na prática da tomada de decisões, instrumentalizando assim esses gestores para uma acurada definição de ações táticas e estratégicas a serem adotadas, no viés da maximização da eficácia na aplicação dos recursos públicos.
Atento a tal contexto, o Sistema Labgis, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), no cumprimento de seu papel de gerador e difusor de conhecimentos e habilidades para o uso das geotecnologias, vem buscando constituir sólidas interações com o setor público fluminense, visando cooperar com a qualificação de seus quadros profissionais para a implantação de soluções técnicas mais eficientes, na perspectiva da reafirmação do compromisso social e do valor estratégico da Uerj para o desenvolvimento econômico-social de nosso estado.
Administração de Precisão
O Sistema Labgis então inclui em sua agenda anual de eventos um Workshop sobre Administração Municipal de Precisão (AMP) que, juntamente com o já consolidado GGP (sigla para Geotecnologias na Gestão Pública), oportunizará a troca de experiências e a construção dos caminhos necessários para o nivelamento do padrão de qualificação do uso das geotecnologias nos municípios, independentemente de suas expressões econômicas.
A ideia do desenvolvimento do tema Administração Pública de Precisão assenta-se na expectativa de que o citado despertar para as geotecnologias não se esgote na obtenção dos seus produtos mais elementares, mas sinalize para o início de uma firme caminhada em direção a uma administração pública ágil e sintonizada com os anseios da população, adotando um modelo de gestão há tanto preconizado, e possível de ser vivenciado.
Por isso mesmo, a programação do primeiro episódio do AMP, a realizar-se em abril próximo, dará destaque ao relato das experiências já consolidadas nas capitais da região sudeste, como referência para a disseminação dessa cultura nos municípios de menor porte, que serão tratados, por recortes regionais, como objetos temáticos nos eventos subsequentes. A participação do evento poderá se dar na forma presencial ou a distância para que assim mais interessados possam participar.
Deve ser destacado, ainda, que esta iniciativa se dá em estreita parceria com o Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), no âmbito da ação de cooperação estabelecida pela Uerj e a Alerj, para a capacitação do corpo técnico das prefeituras do Rio de Janeiro. O evento também conta com o apoio do MundoGEO para divulgação, capilarização da proposta e resultados.
Rui Alberto Azevedo dos Santos
Coordenador do Sistema Labgis. Professor do Departamento de Geologia Aplicada da Faculdade Geologia da Uerj. Atua ainda como Assessor da Reitoria e Coordenador da Câmara Setorial de Gestão e Políticas Públicas, do Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Rio de Janeiro (Alerj)
rui@labgis.uerj.br
Coordenador Acadêmico do Sistema Labgis. Professor do Departamento de Geologia Aplicada da Faculdade de Geologia da UERJ. Formação na área de Ciência da Computação, atua há mais de 10 anos na área de Geotecnologias com pesquisa, ensino e consultoria.
sapienza@labgis.uerj.br