A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), implantou um projeto de geotecnologia com software livre que lhe permitiu integrar dados dos processos operacionais e de apoio a operação com ferramentas de tomada de decisão, utilizando modelos de simulação e geração de cenários. Inicialmente não houve investimento, apenas o empenho da equipe interna em desenvolver pesquisas em softwares livres de geoprocessamento.
A empresa foi uma das pioneiras do país na informatização do cadastro técnico de redes de água e esgoto, quando converteu toda a sua base de plantas em papel para o meio digital em 1998. A experiência em consultar os desenhos pela rede corporativa provocou grandes mudanças na forma de atuação das áreas técnicas da empresa à época.
Em 2008, a Caesb criou a superintendência de suporte a expansão e operação que intensificou esforços para ter um banco de cadastros que interligasse dados técnicos, comerciais e de manutenção com o objetivo de obter uma informação unificada que subsidiasse tomadas de decisão mais precisas no menor espaço de tempo possível. Embora já tivesse disparado processo licitatório para a contratação de empresa especializada em desenvolvimento da solução, a equipe técnica da gerência de geoprocessamento, iniciou estudos para migrar os dados do CAD para Banco de dados geográfico PostGreSQL/PostGis.
O resultado positivo dos testes iniciais encorajou o avanço e após realizada a migração dos dados do cadastro em CAD para banco de dados geográfico, iniciou-se o refinamento, correção e complementação destes dados, além de facilitar o acesso às informações do cadastro por áreas não técnicas. A idéia inicial era entender e disseminar a cultura dos conceitos GIS na companhia.
Solução
A solução adotada baseia-se unicamente em softwares disponibilizados gratuitamente e caracterizados como projetos de código aberto (Open Source em inglês). As tecnologias livres utilizadas para armazenamento de dados geográficos (PostGreSQL/PostGis), edição(QGIS) E publicação Web(QgisServer), o modelo de dados estruturado para o setor de saneamento e as ferramentas de simulação (Epanet e SWMM) para apoio à gestão da operação, demonstram que é possível desenvolver esse tipo de solução sem investimentos vultuosos.
Um ponto relevante para o sucesso do trabalho foi a gestão do conhecimento, onde se estimulou e facilitou a troca, uso e a criação de conhecimento em GIS em toda a empresa, de tal forma que toda experiência foi externalizada em procedimentos e manuais que pode ser acessada pelos colaboradores e aplicada em suas atividades a fim de elevar a produtividade da companhia. O envolvimento de diversas áreas foi crucial para o desenho da solução, bem como a capacitação de mais de 300 usuários.
Resultados
Os resultados práticos já podem ser visualizados no cadastro de redes de água e esgoto de todo o DF e Águas Lindas, totalizando 14.065 Km de redes e 162.000 componentes. Com a solução GIS em software livre o acesso ao cadastro pode ser tanto via intranet como via internet. A complementação de dados ao cadastro migrado do CAD tais como inserção da data de implantação das redes, possibilita a criação de mapas temáticos que permitem planejar manutenções preventivas, melhoria na operação e a simulação hidráulica, o que torna possível análises históricas complexas para projetos e estudos de perdas.
Aderente a esta nova filosofia, foi estabelecida parceria com a diretoria comercial para aproveitar a leitura georreferenciada de hidrômetros e criar o urbanismo Caesb no banco de dados geográfico, estabelecendo assim, maior precisão na localização geográfica dos clientes. Tal iniciativa já permite análises sobre o consumo versos produção em áreas específicas, além de permitir a integração dos dados do sistema de comercial com o banco de dados GIS.
Outro resultado prático foi a geração de relatórios com cruzamento de informações técnicas para atender as exigências da agência reguladora de Águas do DF – ADASA na gestão dos ativos.
Neste contexto, foram criados diversos mapas temáticos que estão disponíveis na intranet com informações sobre: Empreendimentos; Unidades Operacionais; Bacias de esgotamento; hidrografia; protuário de projetos; Áreas de Preservação e Conservação Ambiental; Áreas de Atendimento de Esgotamento Sanitário e Dados Censitários do IBGE aplicados à CAESB.
A conclusão deste trabalho demonstra que mesmo em localidades desprovidas de bases cartográficas, com a disponibilidade de mapas e imagens de satélite publicados na internet, é viável informatizar cadastros, baseados unicamente na estruturação da base de dados e informações corporativas utilizando softwares livres.