Registro de três igrejas e doze estátuas estarão disponíveis online
As obras mais famosas de Aleijadinho estarão em breve disponíveis na internet e em três dimensões. Na última semana, pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP) registraram, em Ouro Preto (MG), imagens das fachadas de três igrejas com obras do mestre do Barroco. Também fotografaram, em Congonhas, os doze profetas do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos.
O sofisticado scanner 3D usado nos trabalhos mapeia a região ao redor em 360 graus. o equipamento utilizado foi um Laser Scanner P20, desenvolvido pela companhia Leica Geosystems. “Ele emite raios laser e calcula, pelo tempo que o raio demora a voltar, a distância dos objetos”, explica o engenheiro agrimensor Rômulo Assis. A máquina consegue captar até 1 milhão de pontos por segundo – cada ponto tem no mínimo um milímetro. As igrejas e estátuas geradas em 3D se parecem com as maquetes em computação gráfica que vemos nos “making of” dos filmes de animação, e são formadas por entre 15 e 25 milhões de pontos. Acoplada a uma câmera fotográfica de cinco megapixels, a máquina consegue “vestir” esses objetos virtuais com suas cores de verdade.
Um dos problemas de toda essa definição é o tamanho dos arquivos. Por precaução, o professor Mario Gazziro trouxe para Minas um HD externo com capacidade de dois terabytes (mais de 2 mil gigabytes). Porém o equipamento não foi necessário, já que os arquivos das igrejas e dos profetas somam sete gigabytes (o equivalente a dois longa-metragens em alta definição). Ainda assim, são muito grandes para um portal na internet.
O desafio dos pesquisadores agora será transformar os arquivos brutos em modelos baixáveis por uma conexão de internet comum, sem sacrificar muito a qualidade. “Quem acessar nosso portal verá as obras com um nível de detalhamento ainda maior que o acessível aos visitantes reais”, promete Gazziro. A fachada da Igreja de São Francisco de Assis, por exemplo, tem anjos e outros detalhes que ficam vários metros acima do nível dos olhos. No computador, isso não será problema.
Segundo Gazziro, a ideia de escanear as obras de Aleijadinho surgiu por acaso, durante uma aula no fim do ano passado. “Eu comentei sobre o projeto da universidade Stanford de escanear obras de Michelangelo quando um aluno interrompeu e perguntou por que não fazíamos algo parecido. E que o Aleijadinho era o nosso Michelangelo”, conta. O portal com as obras de Aleijadinho em 3D deve entrar no ar em setembro.
Matéria publicada pela revista VEJA BH (31 de Julho de 2013) por Cedê Silva