Por José Augusto Sapienza Ramos
Sem a confiança sobre os dados geográficos, eles são descartados
Peço a licença ao leitor de interromper a sequência de textos técnicos sobre banco de dados geográficos para escrever sobre um tema que me angustia como profissional há tempos (na próxima edição desta revista retomaremos a sequência).
O aprendizado no campo das Geotecnologias é muito baseado no ato de agir: quando há uma demanda e motivação para um objetivo, o conhecimento necessário muitas vezes é construído durante a busca por este objetivo. Não raramente, o conhecimento construído possui lacunas, que já jogaram a área das Geotecnologias no Brasil no que eu entendo ser uma crise.
Deixe-me definir a crise: informações geográficas já existentes estão sendo deixadas de escanteio pelos seus potenciais usuários. O autor do livro How to Lie With Maps, Mark Monmonier, na década de 90 se referenciava ao termo “cartofobia” para definir um ceticismo no uso de mapas, que é oriundo da ignorância de como os mapas são gerados ou por experiências anteriores ruins. Talvez, para os dias de hoje, a palavra ceticismo não seja a melhor, uma vez que as pessoas geralmente ficam maravilhadas com adereços tecnológicos como mapas digitais coloridos. Todavia, se alastra um conjunto de experiências ruins que, no mínimo, atrasa o progresso da incorporação das informações do espaço geográfico nos processos produtivos e educacionais.
Para ilustrar a crise que me refiro, cito dois exemplos. Uma empresa forneceu imagens de satélite e mapeamentos de uso e cobertura de uma enorme região ao poder público, porém a qualidade da ortorretificação dos produtos ficou a desejar. O órgão ambiental responsável não quer divulgar os dados atualizados de área total de cobertura vegetal, pois entende que a área calculada estaria distorcida devido ao problema da ortorretificação. Outro exemplo é uma prefeitura que realiza processos de licenciamento ambiental utilizando poucos e desatualizados dados geográficos, entretanto há um mapeamento recente disponível por outro órgão governamental. A justificativa da prefeitura em não utilizar a base nova é que foram encontrados alguns erros sobre este novo mapeamento.
Este artigo faz parte da MundoGEO 76, edição da revista que já está disponível publicamente no Portal MundoGEO. Acesse e leia o artigo “A crise da informação geográfica” gratuitamente na íntegra!
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