Em breve, pássaros placidamente pousados nas redes de fios de energia elétrica contemplando a paisagem terão uma companhia inusitada: drones que ali se reabastecem para então prosseguir a jornada. Ainda em desenvolvimento, o projeto é dirigido pelo cientista Joseph Moore, PhD do MIT (Massachusetts Institute of Technology). Como as linhas de transmissão criam um campo magnético, um drone equipado com um magnetômetro pode localizá-las facilmente para nelas pousar. O desafio ainda é estabelecer o software mais eficiente para conectar o drone ao fio.
Recentemente, a Amazon anunciou testes com entregas de encomendas por meio de drones, que poderiam se tornar rotina entre quatro e cinco anos. A gigante do comércio virtual utiliza um modelo de drone chamado de quadrotor (com quatro motores, mais parecido com um helicóptero). Mas, na opinião de Moore, é menos eficiente para carregar pesos do que o modelo com asas fixas de seu projeto, que consegue maior impulso apenas com o ato de voar, enquanto o quadrotor depende basicamente de seus motores para esse voo. Além disso, o quadrotor anunciado pela Amazon tem autonomia máxima de 30 minutos de voo. Já a adição do magnetômetro permitirá ao drone de asas viagens praticamente ilimitadas.
Os desafios não são apenas tecnológicos. As agências reguladoras dos Estados Unidos ainda precisam estabeleces os parâmetros de voo dos drones e emitir as respectivas licenças, o que pode levar tempo. Atualmente a FAA (Federal Aviation Administration), equivalente à Anac brasileira, só permite a operação de drones como hobby, em certos locais e com altitude bem limitada. Dentro do MIT, não se espera por essas definições: seu laboratório vai testar uma pequena frota de drones que orientarão estudantes perdidos a localizar o prédio desejado.
Os cientistas do MIT querem também limpar a conotação bélica negativa adquirida pelos drones nos últimos tempos. Na verdade, o uso militar de aeronaves não tripuladas data do século retrasado (quando os austríacos enviaram balões repletos de bombas para atacar Veneza), mas adquiriu maior notoriedade a partir dos anos 1980, quando Israel as usou contra a força aérea da Síria. Quando se tornaram dispositivos mais acessíveis, os drones começaram a servir em missões públicas, como apagar incêndios ou atingir regiões remotas. E bem remotas, no futuro: a Nasa desenvolve o projeto ARES, um drone capaz de sobrevoar a superfície de Marte e mapear setores inacessíveis aos rovers (veículos de rodas), além de monitorar os gases atmosféricos potencialmente gerados por micróbios marcianos.
Fonte: Época