Estudo é feito na Bacia de Tagaçaba, área apresenta alto índice de pobreza associado a importantes conflitos de uso e ocupação do território
Traçar o perfil socioeconômico dos moradores que residem no entorno da Bacia Hidrográfica de Tagaçaba/Apa Paranaguá, bem como identificar potencialidades e ameaças ambientais na região. Este é o objetivo da UFPR, que por meio dos alunos do curso de Geografia, apresentará diagnóstico para elaboração do Plano de Manejo da APA/Guaraqueçaba.
Os dados coletados pelos estudantes, que estarão no local até a próxima segunda-feira (29), serão somados às informações acerca dos meios físico e biótico da Bacia de Tagaçaba e elaborado um diagnóstico para subsidiar o Plano de Manejo da APA Federal de Guaraqueçaba. Os resultados desta pesquisa serão apresentados, em audiência pública, no dia 21 de novembro, aos dirigentes do município, gestores de empresas parceiras (Instituto Chico Mendes, Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental, Fundação Boticário, Conselho Gestor da APA), e à população local.
Audiência Pública
Segundo o professor Eduardo, durante o encontro, será entregue ao Conselho Gestor da APA um relatório técnico que conterá um histórico da criação da APA Federal da Guaraqueçaba; descrição dos instrumentos de planejamento e gestão ambiental existentes na região; síntese das informações relevantes à caracterização dos meios físico, biótico e socioeconômico. Também será entregue uma coleção de mapas temáticos; a metodologia e resultados de campo (bacia do Tagaçaba); e recomendações para o Plano de Manejo da APA de Guaraqueçaba.
Eduardo de Paula, professor da disciplina de Práticas de Planejamento Ambiental, ressalta que após a apresentação do relatório técnico, o público presente na audiência não será ouvinte passivo, ao contrário, atuará ativamente nas atividades propostas para concretização do Plano de Manejo da Apa Federal de Guaraqueçaba. Ele acredita neste envolvimento devido à significativa receptividade conquistada pela pesquisa, pela população local e por empresas parceiras, que além de disponibilizarem suas estruturas físicas, liberam técnicos para atuarem no estudo.
Padrão IBGE
O professor de Geografia da UFPR explica que a Bacia de Tagaçaba, selecionada como área piloto do estudo devido à significativa extensão que ocupa na porção central da Apa de Guaraqueçaba, apresenta alto índice de pobreza associado a importantes conflitos de uso e ocupação do território. Dentre os resultados esperados neste diagnóstico que será feito pelos alunos e profissionais, estão o desenvolvimento e teste de uma metodologia de levantamento de dados socioeconômicos, para aplicação de questionários apenas aos moradores residentes na Bacia de Tagaçaba. Os resultados, explica o docente, possibilitarão a identificação dos principais conflitos no uso e ocupação do território, podendo ser diretamente utilizado para a gestão dos recursos naturais deste ambiente.
Eduardo de Paula também pretende, com os alunos e integrantes das empresas parceiras, desenvolver um banco de dados geográfico atualizado para toda a área de abrangência da APA Federal de Guaraqueçaba. As informações que integrarão este banco, explica, serão georreferenciados e organizados no padrão de armazenamento recomendado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Registro Profissional
Michele Hobal, aluna da disciplina Práticas de Planejamento e Gestão Ambiental, ofertada aos alunos do último ano de Geografia da UFPR, explica que a disciplina é optativa, no entanto, fez questão de se matricular e viver a experiência de, ainda estudante, participar de um processo de elaboração de diagnóstico ambiental, voltado ao planejamento e à gestão do território. A disciplina, segundo Michele, ?serve de laboratório, com sistemática de trabalho muito próxima às encontradas no mercado de trabalho?.
Além da oportunidade de realizar atividades práticas os alunos estão participando de diversas reuniões de trabalho e estarão presentes na audiência pública marcada para novembro. Além disso, são orientados a obterem registro junto ao conselho de classe que regulamenta a profissão do geógrafo, para que possam assumir responsabilidade técnica sobre o estudo.
Esta disciplina (GB130), ministrada pelo professor Eduardo Vedor de Paula e voltada aos estudantes que escolheram a habilitação de bacharelado em Geografia (Setor de Ciências da Terra), permite que os alunos integrem conhecimentos de cartografia, sensoriamento remoto e sistemas de informações geográfica, no momento de representar e entender os elementos físicos, bióticos e socioeconômicos que constituem a paisagem geográfica.