Por Alexandre Scussel
Entenda como a gigante de Mountain View está revolucionando o uso dos mapas no mundo corporativo
“Organizar as informações do mundo e torná- las mundialmente acessíveis e úteis”. Essa é a missão da Google, que possui hoje a marca mais poderosa do mundo, avaliada em 158 bilhões de dólares segundo o Ranking BrandZ, desbancando outros gigantes da tecnologia como a Apple (US$ 147 bilhões) e Microsoft (US$ 90 bilhões). Somente em 2013, o faturamento da companhia ficou próximo dos 60 bilhões de dólares. Todos reconhecem a Google por seu poderoso mecanismo de busca, mas o que realmente a gigante de Mountain View faz pelos usuários comuns e pelas empresas? Ou ainda, o que ela está fazendo pelo mercado de geotecnologia no Brasil? Larry Page, cofundador e CEO da Google, descreveu certa vez o “mecanismo de pesquisa perfeito”, como algo que “entende exatamente o que você quer dizer e retorna exatamente o que você deseja”. Desde que ele pronunciou essas palavras, a Google cresceu e passou a oferecer produtos além da pesquisa. Porém, o espírito de suas palavras permanece.
Como em todas suas tecnologias, desde a ferramenta de pesquisa usada por milhões de pessoas todos os dias, até o Gmail e o Google Maps, o objetivo da companhia – declarado em sua página oficial – é o de auxiliar as pessoas, facilitando ao máximo possível a busca de informações para que todos possam dedicar tempo naquilo que realmente precisam fazer. “Este é o grande diferencial da Google, o que provocou uma verdadeira revolução no uso dos mapas pelas pessoas e pelas empresas”, afirma Felipe Seabra, Gerente de Marketing da Geoambiente, empresa que distribui o portfólio Google Maps for Work no Brasil.
Uma nova maneira de trabalhar
Há mais de 10 anos, a Google oferta a sua linha de produtos para o mercado corporativo. Começando com o Gmail, hoje a companhia oferece uma ampla infraestrutura para o mercado empresarial, como o Google Maps e o Google Cloud Platform, além de ampliar seu alcance para o hardware com o sistema operacional Android e o Chromebooks, e também fornecer sua inteligência de busca, chamada de Google Search, para uso interno das empresas. As ferramentas para escritório, como o Google Docs e o Google Drive, mudaram a forma com que as pessoas armazenam, acessam e trabalham com seus dados pessoais. Este grande conjunto de ferramentas foi recentemente batizado de Google for Work, nova designação para o portfólio Google Enterprise. Assim como a própria Google, o número de usuários de sua linha corporativa é gigantesco. De acordo com a companhia, hoje são mais de cinco milhões de clientes corporativos que utilizam os produtos “Google for Work”, sendo que 64% das 500 maiores empresas do globo – de acordo com o Ranking Fortune 500 – integram esta estatística.
A Google possui planos ambiciosos de ampliar em cinco vezes o seu faturamento na linha corporativa, e o Brasil se configura como grande mercado potencial. Mais do que em termos de tecnologia, segundo a Google, esta será uma transformação nos negócios: “Quando usamos instrumentos que fazem nossas vidas mais simples, o trabalho melhora. Milhões de empresas, das maiores até as menores, escolheram os produtos Google para apoiar a criação, o desenvolvimento e a transformação dos seus negócios”, declarou o CEO da empresa , Eric Schmidt. E o mercado de geotecnologia brasileiro acompanha este acelerado ritmo de crescimento e adoção das tecnologias Google, que conta com uma ampla gama de ferramentas de mapas e dados geoespaciais.
Transformando os negócios
No Brasil, a Google licencia a sua linha geoespacial através de parceiros locais especializados no setor. Estas licenças para uso corporativo compreendem as ferramentas Google Maps, Google Earth e Google Maps Engine, associadas à customizações e desenvolvimento de aplicações de mapas com capacidade para transformar os negócios das empresas, através da popularização do uso da geotecnologia dentro do ambiente corporativo. Com ferramentas amplamente utilizadas e disseminadas por todos – como Google Maps e o Google Earth – o conceito Google é oferecer a escalabilidade, velocidade, bases de dados e ferramentas de fácil utilização, que todos utilizam no dia-a-dia, para dentro das corporações. “O verdadeiro ganho é que todos sabem trabalhar com o Google, sua base de dados é ampla, as funcionalidades são incríveis e exclusivas como o StreetView.
O usuário pode contar com a mesma infraestrutura de servidores que suportam serviços como o YouTube e o Gmail para armazenar, gerenciar e acessar seus dados geográficos num ambiente seguro, customizado e de fácil utilização” – complementa Seabra. De acordo com o Gerente de Marketing, as possibilidades de uso são os mais diversos, passando por uma rede de bicicletarias que busca melhorar o atendimento e gestão da sua equipe de vendas externas, uma rede de ensino superior que pretende apresentar, numa campanha de marketing, toda sua infraestrutura e campis universitários através do StreetView, até um grande centro de operações numa metrópole, que integra mais de 30 órgãos num único sistema. Todos possuem em comum o mapa e seus usuários que não são técnicos nem especialistas em geoprocessamento, mas que encontram o que buscam através de uma poderosa plataforma tecnológica.
Imagine um governador de um estado fazendo uma viagem para uma determinada cidade que recebeu recurso público para a reforma de um museu, hospital ou escola. Querendo receber mais informações sobre as obras públicas que vai visitar, o gestor questiona o seu assessor sobre a situação de cada empreendimento: quanto foi gasto, quem é o responsável, qual o prazo para finalização, etc.. Este auxiliar pode procurar as informações em algum relatório em formato analógico, que provavelmente já se encontra um pouco desatualizado pois demorou algumas semanas para ficar pronto, ou então ele pode simplesmente acessar um aplicativo de mapas em seu celular e visualizar todas as obras em execução naquela cidade, realizar buscas através de filtros com informações integradas ao banco de dados do governo, ligar e desligar camadas de informações e contar com terabytes de ortofotos oficiais, através de informações do Google Maps e StreetView. Este mesmo assessor pode também visualizar as informações em tempo real, integrar câmeras de monitoramento e ainda traçar uma rota até o destino. Isto acontece com a mesma facilidade e com as mesmas ferramentas que os usuários comuns utilizam rotineiramente para encontrar o endereço de uma loja e traçar uma rota até a mesma. Este exemplo tecnológico não é ficção, pois acontece em diversos governos no mundo todo. Um caso semelhante já é realidade no estado de São Paulo com a Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa), que utiliza uma ferramenta de gestão de obras públicas, desenvolvida na plataforma Google Maps for Work. Esta aplicação é capaz de acessar cerca de um terabyte de dados geoespaciais do projeto Mapeia São Paulo, o qual é compartilhado com demais órgãos do estado. Assim também acontece com a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, que disponibiliza aos proprietários rurais o acesso a uma aplicação customizada no Google Maps para registro no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Outro órgão que utiliza da mesma base geoespacial é a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), a qual montou uma “Sala de Cenários” para agilizar o processo de licenciamento ambiental em São Paulo. Equipada com um moderno telão que acessa uma solução customizada na plataforma Google Maps, esta sala especial pode acessar centenas de camadas de interesse do cliente, além de ferramentas nativas e desenvolvidas sobre a API do Google Maps. “Não queremos resolver com flexibilização, mas sim com transparência e recursos tecnológicos”, afirmou o Secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Bruno Covas, durante a apresentação oficial do Projeto Sala de Cenários.
Em outro exemplo de uso das tecnologias geoespaciais da Google, a FedEx Corporation, com nove milhões de encomendas entregues por dia e mais de 50 mil postos de atendimento, passou a utilizar o Google Maps em vista da facilidade no uso da base de dados, estabilidade no armazenamento e publicação do grande volume de informações atualizadas em tempo real e disponibilizadas mundialmente em seu website. “Nosso mapa agora está mais interativo do que nunca, você pode arrastá-lo com rapidez, dar zoom, sobrepor imagens de satélite e ainda utilizar o StreetView. Mas o melhor de tudo é a maneira como a informação é replicada na nuvem Google”, comenta Pat Doyle, Gerente de TI da FedEx.
Assim como a FedEx, um grande centro universitário brasileiro, o Senac, publicou um enorme volume de informações na plataforma Google. Segundo informações do Senac, foram mais de mil fotos panorâmicas que geraram o primeiro “Indoor Map” universitário do país. A ação, que ganhou repercussão nacional e prêmios de inovação no mercado de geotecnologia, fez parte da campanha do vestibular 2014 do Senac/SP, que empregou algo jamais visto numa campanha de marketing de uma instituição de ensino brasileira. Com uma infraestrutura sólida invejável e ainda pouco conhecida, o Indoor Map, associado com a tecnologia a StreetView, foi capaz de apresentar de maneira envolvente e imersiva os seus três maiores campus universitários.
Este exemplos mostram, segundo Felipe Seabra, que “os mapas ultrapassam as barreiras dos chamados mercados tradicionais e “’heavy users de GIS’, a exemplo dos segmentos de energia elétrica, óleo e gás, mineração, floresta, dentre outros, para atender as mais diversas demandas de qualquer tipo de negócios”.
Um caso recente de uso da tecnologia Google Maps é o de uma rede de bicicletarias dos Estados Unidos, a Pure Cycles, que utiliza um aplicativo para visualizar no mapa as suas demandas e realizar a gestão de sua equipe comercial. A plataforma permite integração com demais produtos, como o Google Drive, Google Docs e Hang-Outs, todos produtos da plataforma Google Apps for Work. “Utilizamos o Google Maps e o Google Apps pois, para nós, é mais confortável, afinal gostamos de fazer as coisas de uma maneira descomplicada”, afirma Austin Stoffers, sócio fundador da Pure Cycles.
Seja no governo ou nas empresas, existe uma constante busca por redução de custos e aumento de produtividade. Olhando para esta necessidade, a Google vem empregando seus esforços e oferecendo ao mercado corporativo produtos que já foram testados por bilhões de usuários em todo o planeta.
Google geo para desenvolvedores
As soluções geoespaciais da Google vêm trazendo grandes benefícios para a comunidade de desenvolvedores, que está cada vez mais utilizando APIs de plataformas geográficas. De acordo com Alex Vidotto, desenvolvedor Google na Geoambiente, o grande leque de oportunidades criado pelas APIs permite o desenvolvimento de aplicações customizadas, que vão desde a aplicações privadas utilizando recursos como SSO (Single Sign-On) e oAuth2, até portais públicos. “Devemos lembrar ainda da disponibilização mobile através dos SDKs dedicados ao Android e iOS. Tudo sempre contando com uma documentação impecável de seus recursos além de exemplos de códigos”, afirma o desenvolvedor.
Para os administradores, a plataforma Google Maps Engine conta com uma interface rica para o usuário e possibilita que o profissional monitore minuciosamente o consumo de cada dado geográfico publicado, bem como efetue o upload de novos dados e os disponibilize de forma segura e interoperável, seja para consumo WMS ou utilizando a API do Google Maps.
“Utilizar a nuvem da Google para publicar e gerenciar dados geográficos não significa apenas contar com sua infraestrutura computacional, mas também fazer uso de recursos que estão incorporados em produtos utilizados por bilhões de usuários e que também estão disponíveis na sua linha corporativa”, informa o desenvolvedor Google. Sendo um dos pioneiros a utilizar a tecnologia Tiled Web Map, a Google processa a sua informação geográfica com a mesma performance do Google Maps. “Disponibilizar informações em grande escala e não ter a preocupação com infraestrutura é, hoje, uma realidade graças à presença desses players globais, que oferecem sua própria infraestrutura para garantir extrema escalabilidade e gigantesca capacidade de processamento”, finaliza Vidotto.