A proposta técnica do satélite Cbers-4A, para lançamento em 2018, foi apresentada a dirigentes da Administração Nacional do Espaço da China (CNSA) e da Agência Espacial Brasileira (AEB) nesta segunda-feira (20/4) durante reunião no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos (SP).

No Brasil, o desenvolvimento do programa Cbers cabe ao Inpe. “Finalizamos os estudos do satélite em conjunto com a CAST (Academia Chinesa de Tecnologia Espacial, responsável pelo programa na China) e iniciaremos as discussões do projeto detalhado. Após a análise dos governos de ambos os países, será apresentado um protocolo complementar para incluir a missão Cbers-4A no acordo bilateral entre Brasil e China”, informa Leonel Perondi, diretor do Inpe.

O programa Cbers (China-Brazil Earth Resources Satellite) fornece imagens de satélites para monitorar o meio ambiente, verificar desmatamentos, desastres naturais, a expansão da agricultura e das cidades, entre outras aplicações.

O acordo entre Brasil e China permite a distribuição global dos dados Cbers, com o objetivo de proporcionar a países em desenvolvimento os benefícios do uso de imagens de satélites. “Queremos o Cbers para o mundo. Este é o sentido desta parceria”, disse José Raimundo Braga Coelho, presidente da AEB.

Wu Yanhua, vice-administrador da CNSA, destacou o Cbers como um exemplo bem-sucedido de cooperação Sul-Sul em matéria de alta tecnologia. “O programa é muito importante para a parceria estratégica entre o Brasil e a China”, afirmou o dirigente chinês.

O Cbers-4, lançado com sucesso em dezembro de 2014, tem vida útil estimada em três anos. O novo satélite deve garantir a continuidade do fornecimento de imagens aos usuários dos dados Cbers, cada vez mais numerosos.

Segundo Perondi, o INPE e a CAST também devem apresentar no final do ano o projeto técnico para uma nova família de satélites de observação da Terra (CBERS-5 e 6, mais avançados do que os anteriores), visando a continuidade do programa.

Cbers-4A

O Cbers-4A será equipado com cargas úteis fornecidas pelo Brasil e pela China – a divisão de responsabilidade no desenvolvimento do satélite será de 50% para cada país. De acordo com a proposta, o Brasil deve fornecer as câmeras MUX e WFI – que já equiparam os Cbers-3 e 4 – e o Sistema de Coleta de Dados. A China deve incluir uma câmera de alta resolução (HRC).

O Inpe realiza o programa Cbers em parceria com empresas brasileiras, conforme sua política voltada à capacitação da indústria nacional. Construída pela Opto Eletrônica, a MUX é a primeira câmera para satélite inteiramente desenvolvida e produzida no Brasil. Trata-se de uma câmera multiespectral com quatro bandas para cobrir a faixa de comprimento de onda do azul para o infravermelho próximo (a partir de 450 nm a 890 nm) com uma resolução de 20 m no solo e uma largura de faixa terreno de 120 km.

A WFI é uma versão avançada do instrumento desenvolvido para os Cbers-1 e 2, com quatro bandas espectrais e resolução no solo de 64 m no nadir e uma faixa de 866 km. A câmera fornece uma resolução espacial melhorada em comparação com os sensores a bordo do Cbers-1 e Cbers-2 (260 m em missões anteriores), mantendo, no entanto, sua alta resolução temporal de 5 dias. A WFI foi construída através de um consórcio formado pela Opto Eletrônica e Equatorial Sistemas.

Mais informações: www.cbers.inpe.br