O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o banco de desenvolvimento da América Latina (CAF) lançam nesta sexta-feira (31) a frente de videoaulas do Projeto Capacitree – Capacitação e Monitoramento de Florestas por Satélite. A ação complementa as atividades do Centro Regional da Amazônia, do INPE, que em dois anos já preparou em cursos presenciais mais de 250 pessoas da América Latina, Ásia e África nas práticas brasileiras de monitoramento por satélite da Amazônia Legal Brasileira.
Todas as 24 aulas estarão disponíveis em português, inglês, espanhol e francês a quaisquer interessados pelo endereço eletrônico www.inpe.br/cra, a partir de 15 de agosto. Os quatro primeiros vídeos trazem noções básicas de sensoriamento remoto, geoprocessamento e processamento digital de imagens, além de informações sobre o Programa Amazônia do INPE, que utiliza o sistema TerraAmazon em suas atividades de monitoramento, como o PRODES, que contabiliza a taxa anual de desmatamento na Amazônia, e o DETER, que serve de alerta para a fiscalização.
O conteúdo especificamente ligado às aulas sobre o sistema TerraAmazon, dividido em 20 vídeos, poderá também ser acessado via Youtube, no canal INPE-CRA.
“Com as videoaulas, abrimos mais uma importante frente de nosso programa de capacitação, que agora poderá ser acessado por pessoas que não podem vir ao Brasil para os cursos presenciais”, explica Alessandra Gomes, chefe do Centro Regional da Amazônia do INPE. O instituto brasileiro é procurado com frequência para repassar a tecnologia e métodos em monitoramento ambiental por satélites, considerados os mais avançados do mundo. O INPE realiza atividades baseadas em dados orbitais sobre florestas desde a década de 1970, quando foi lançado o primeiro satélite de observação da Terra (Landsat, dos Estados Unidos).
Um dos legados dessa experiência é o PRODES, que já completa 27 anos de fornecimento ininterrupto de dados precisos sobre o desmatamento na maior floresta tropical do planeta. Com o passar dos anos, o monitoramento da Amazônia tem se beneficiado das novas tecnologias e satélites e, em 2004, o INPE desenvolveu o DETER, cujas informações diárias são passadas para o Ibama e órgãos estaduais de meio ambiente, que podem intensificar a fiscalização em campo.
É com base nos dados fornecidos pelo PRODES e DETER que o governo brasileiro tem formulado as políticas e ações de comando e controle do desmatamento que surtiram efeitos positivos na redução da taxa de desmatamento da Amazônia Brasileira, passando de mais de 27 mil km², em 2004, para cerca de 5 mil km².
Com o Projeto Capacitree, o INPE espera também se tornar referência mundial em capacitação no monitoramento de florestas por satélites. Assim, todos os países interessados em proteger suas florestas poderão ter os seus próprios sistemas de monitoramento. Para produzir as videoaulas, o INPE contou com recursos do CAF e apoio da FUNCATE (Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais).
Ligia Castro, diretora da Direção de Ambiente e Mudanças Climáticas do CAF, avalia que esse tipo de iniciativa corrobora a política do Banco de disseminar conhecimentos entre os países e, ainda, facilitar a proteção dos ambientes florestais não apenas na América Latina, mas nesse caso em todos os países megadiversos. O representante do Banco no Brasil, Victor Rico, avalia que a iniciativa faz parte de um conjunto de ações de cooperação técnica que o CAF mantém no Brasil para promover o desenvolvimento sustentável alinhado com as prioridades do governo brasileiro.