O monitoramento por satélites é imprescindível na contenção do desmatamento para proteger a biodiversidade e frear alterações no clima, além de gerar as informações necessárias à implantação de políticas voltadas para a fiscalização e para o desenvolvimento sustentável. Desde 1988, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mapeia de forma operacional o desmate com o Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes).

Mosaico de imagens de satélites evidencia, em rosa, o desmatamento mapeado pelo Prodes na Amazônia Legal
Mosaico de imagens de satélites evidencia, em rosa, o desmatamento mapeado pelo Prodes na Amazônia Legal

O Prodes é considerado o maior programa de acompanhamento de florestas do mundo, por cobrir 4 milhões de km² todos os anos. Seu resultado revela a taxa anual do desmatamento por corte raso, quando todo o conjunto de árvores de floresta é retirado. Os satélites mostram que a Amazônia já perdeu 752 mil km2, cerca de 19% da floresta original.

O coordenador do Programa Amazônia do Inpe, Dalton Valeriano, falou sobre os 25 anos do Prodes durante a cerimônia de aniversário do instituto, que acaba de comemorar seus 52 anos. Confira aqui a apresentação realizada no evento.

“Colocamos na internet todas as informações, taxas anuais e banco de dados geográficos, com imagens e mapas e estatísticas”, ressaltou Valeriano. Para o Inpe, a transparência sobre informações que são de interesse da sociedade é um dos seus maiores compromissos.

Histórico

Em 1973, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) inicia em sua estação de Cuiabá a recepção de imagens do primeiro satélite de sensoriamento remoto, o norte-americano Landsat, lançado apenas um ano antes. E já no final da década de 1970 estava pronto o primeiro mapeamento completo da região, que revelava o avanço do homem pela floresta causado pela construção de estradas, novas cidades e pela expansão da fronteira agrícola.

O levantamento pioneiro foi feito a pedido da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Porém, naquela época, o objetivo principal era verificar se a ocupação do território estava ocorrendo como estimulado por financiamentos oficiais. Mas a vigilância por satélites tornou-se mesmo imprescindível com a constatação de que é preciso conter o desmatamento para proteger a biodiversidade e impedir alterações no clima.

Assim, a partir de 1988, com o Prodes, o Inpe passou a realizar o mapeamento de forma operacional. Como resultado, o Brasil possui um sistema reconhecido internacionalmente por sua excelência e pioneirismo.

O monitoramento da Amazônia tem se beneficiado das novas tecnologias e satélites. Em 2004, as imagens do Modis, sensor a bordo de um satélite da Nasa, permitiram ao Inpe desenvolver o Deter, cujas informações diárias são passadas para o Ibama  (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e órgãos estaduais de meio ambiente, que podem intensificar a fiscalização em campo.

O Deter colaborou também para revelar um outro tipo de exploração da floresta, que vem crescendo nos últimos anos, em que é retirada apenas a madeira de maior valor econômico. Com isto a floresta se torna mais vulnerável, a vegetação mais baixa sofre com as queimadas e as árvores de maior porte continuam em pé, porém mortas. São identificadas como degradadas estas áreas que ainda não podem ser classificadas como corte raso, mas já estão comprometidas pelo desmate. O mapeamento completo destas áreas, que podem evoluir para o corte raso, começou a ser feito em 2008 por um novo sistema, chamado Degrad.

Os sistemas operacionais para monitoramento por satélite do desflorestamento são realizados pelo Programa Amazônia, vinculado à Coordenação de Observação da Terra do Inpe.

Taxas

O recorde de desmatamento verificado pelo Prodes aconteceu em 1995, quando a Amazônia perdeu 29.059 km2. Desde 2004, quando foram registrados 27.423 km2, o desmatamento vem diminuindo progressivamente, com exceção de 2008 que apresentou ligeiro aumento. Deve-se destacar que, no início de 2008, o Deter mostrou que havia uma tendência de aceleração do desmatamento. Baseado no sistema de alerta, o governo pôde agir rápido e conter a devastação.

Em 2012, a taxa foi de4.571 km2, a menor já registrada pelo Prodes. Sem dúvida, a informação rápida gerada pelo sistema Deter para orientar a fiscalização é um dos motivos para a queda acentuada do desmatamento registrada nos últimos anos.

Confira os dados do desmatamento na Amazônia registrado pelo Inpe em: http://www.obt.inpe.br/prodes/prodes_1988_2012.htm

Capacitação

Por meio do Inpe, o Brasil oferece ajuda aos países interessados em avançar na vigilância de suas próprias florestas, colocando-se assim na liderança de iniciativas internacionais para o controle do desmatamento e da degradação florestal em todo o mundo. Em parceria com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), são realizados cursos visando a capacitação técnica necessária ao monitoramento para REDD – Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação em Países em Desenvolvimento.

Iniciativas como REDD serão implantadas com sucesso se os países puderem medir e comprovar a veracidade de suas informações sobre florestas.  Nesse sentido, o Inpe instalou em Belém (PA) o Centro Regional da Amazônia, um verdadeiro centro internacional de difusão de tecnologia de monitoramento por satélite de florestas tropicais, para ensinar técnicos estrangeiros a utilizar o TerraAmazon, sistema desenvolvido pelo Instituto para seus programas de monitoramento, como Prodes e Deter.

A metodologia e todos os dados do sistema Prodes estão disponíveis na página www.obt.inpe.br/prodes

Fonte: Inpe


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