Você já deve ter visto o Project Sunroof da Google, cujo o objetivo é mapear o potencial de exposição solar do telhado de uma casa para ajudar o seu proprietário a decidir se é viável ou não optar por um sistema próprio de geração de energia solar.
A mecânica da ferramenta é bastante simples, o usuário entra com o endereço de sua casa e recebe informações sobre a quantidade de horas de sol seu telhado recebe por ano, a área disponível para a instalação de painéis solares e uma estimativa de economia financeira na instalação de um sistema de geração de energia solar. O sistema, por enquanto, só está disponível em três cidades norte-americanas, mas tem o potencial de ganhar o mundo.
Mas o interessante é que, mais do que oferecer uma grande ajuda aos usuários, o projeto da gigante da tecnologia dá a eles instrumentos e informações, baseados em dados geográficos, para que eles possam planejar seus investimentos de forma mais inteligente.
Essa é justamente a essência do planejamento baseado em informações geográficas! Um sistema como o Project Sunroof da Google funciona como uma plataforma de inteligência geográfica que gera subsídios para melhorar a tomada de decisões, e é exatamente isso que as empresas conquistam com sistemas de inteligência geográfica.
Com base nisso, identificamos algumas lições que o projeto Sunroof pode nos ensinar sobre inteligência geográfica.
1. Dados e informações dizem muito mais em uma perspectiva geográfica.
Quando acessamos uma planilha repleta de dados e informações, temos que dispor de um tempo para estuda-la e, então, começar a trabalhar os dados para que eles comecem a dialogar conosco, na forma de gráficos, tabelas dinâmicas ou outras ferramentas.
Porém, quando os dados são inseridos em um mapa (em uma perspectiva geográfica), eles imediatamente já nos comunicam informações relevantes. Ao inserir o endereço no Project Sunroof o usuário já visualiza, por meio da intensidade das cores, a quantidade de luz solar que seu telhado recebe e já começa a ter uma ideia sobre a possibilidade.
Uma empresa pode visualizar todos os seus ativos empresariais dentro de uma perspectiva geográfica. Por exemplo, uma companhia elétrica que necessita fazer a gestão da poda das árvores em sua cidade pode visualizar no mapa onde estão as suas árvores, quais necessitam ser podadas e como distribuir as equipes de campo para realizar os trabalhos.
2. O Big Data é real e deve ser usado.
O projeto nos mostra que não é só a visualização dos dados em um mapa que o torna tão eficiente, mas sim a capacidade que ele tem de trabalhar dados de múltiplas fontes e naturezas.
Para avaliar o potencial de uma casa, o Project Sunroof utiliza a plataforma de mapa 3D do Google Earth, para ter uma dimensão de volume do telhado. Depois ele combina essa informação com dados de incidência solar na região e refina esse resultado com dados de padrões de nuvens, temperaturas e sombras de prédios e árvores no entorno.
Ou seja, dentro de uma quantidade quase ilimitada de dados disponíveis, um sistema de informações geográficas construído sobre uma plataforma poderosa te ajuda a organizar todo esse volume e fazer a pergunta certa.
3. Informações geográficas facilitam a tomada de decisão.
Ao se fazer a pergunta correta, obtém-se uma resposta capaz de facilitar (e muito) a tomada de decisão. Nesse caso a decisão está associada a investir ou não investir em um conjunto de painéis solares para geração de energia própria.
Segundo a própria equipe da Google, o volume de buscas relacionadas a aspectos referentes à instalação de um sistema de painéis solares é muito alto. Em outras palavras, os usuários estão buscando mais informações para ajuda-los na tomada de decisão – e é exatamente isso que o sistema fornece.
Uma empresa que possui uma equipe de vendas de porta-a-porta pode combinar dados geográficos com informações de setores censitários do IBGE, cadastros em órgãos de fiscalização e dados históricos estatísticos da própria empresa para direcionar de forma mais efetiva o seu esforço de vendas.
4. Uma empresa pode reduzir custos com informações geográficas.
A pergunta que norteia a decisão de instalar ou não o painel solar é justamente relacionada a custos: “vai valer a pena o investimento em energia solar própria?”. Essa é a pergunta que é respondida com maior destaque pelo sistema. Ele fornece uma estimativa de economia anual, baseado nos gastos mensais atuais dos usuários, e ainda sugere a quantidade e a área dos painéis.
Em posse de dados e informações específicas baseadas em geografia é possível otimizar o uso de recursos, trazendo ainda mais resultados. Em uma empresa de saneamento básico que possui toda a sua rede de distribuição mapeada e monitorada, os gestores podem conter um evento adverso, como um vazamento, por exemplo, de forma muito mais ágil, deslocando um técnico em campo apto a realizar o reparo diretamente via sistema. Ao tornar a operação mais eficiente, a empresa reduz custos e prazos em todas as etapas do processo, começando por poder identificar rapidamente o problema até deslocar um recurso apto e próximo com rapidez e economia.
5. Mapas permitem novas conexões e novos negócios.
Uma das características mais interessantes do Sunroof é que, após realizada a pesquisa de potencial solar, o próprio sistema indica fornecedores de equipamentos e instalação de painéis solares aptos a fazer a instalação perto da casa do usuário.
O sistema, portanto, consegue conectar empresas e clientes não apenas por uma dimensão geográfica, mas principalmente por uma dimensão de interesse.
6. Um mapa pode ser uma excelente ferramenta de engajamento.
Por fim, com aplicações baseadas em mapa você pode criar verdadeiras máquinas de engajamento. A própria criação do Project Sunroof surgiu de um insight que, por sua vez, nasceu da análise das buscas dos usuários por painéis solares. O engenheiro do Google já sabia que a solução iria gerar muito engajamento pois era uma demanda identificada. E, de fato, essa aplicação tem as condições de trazer um benefício real para a sociedade.
Todas as empresas podem utilizar os mapas para atender às demandas e necessidades de seus clientes, seja uma operadora de telecomunicações com um mapa de consulta de cobertura para redes móveis, um localizador de lojas de uma grande rede de supermercados ou um portal de transparência para tratar dos impactos ambientais de uma mineradora.
O Project Sunroof, apesar de ser orientado a usuários finais, é um exemplo bastante claro de como as empresas podem utilizar sistemas de inteligência geográfica para fornecer subsídios para uma melhor gestão operacional e estratégica.
Fonte: Digicade