Por Marcos Leandro Kazmierczak
O termo “Queimada”, de uso popular, se refere a qualquer tipo de queima da vegetação, e a maioria das queimadas no Brasil tem origem antrópica: limpeza de pastagens, preparo de plantios de culturas temporárias, desmatamentos, colheita não mecanizada da cana-de-açúcar, vandalismo, balões de São João e disputas fundiárias, entre outras. Como resultado, tem-se, além das perdas econômicas, a destruição da biodiversidade (fauna e flora), o empobrecimento do solo e a redução da penetração de água no subsolo. Em muitos casos ocorrem mortes, acidentes e perda de benfeitorias.
O fato irrefutável é que enquanto houver pecuária extensiva e agricultura baseada no sistema de corte/queima, em detrimento do estabelecimento de sistemas agro-florestais e de manejo florestal sustentável, as queimadas continuarão a ocasionar perdas ambientais, econômicas e sociais. O fogo é um agente de transformação da paisagem e de geração de enormes prejuízos ambientais, econômicos e sociais e constitui-se numa prática arraigada na cultura brasileira, uma vez que as queimadas estão amplamente inseridas no processo produtivo, sendo considerado um método barato para preparar a terra para o plantio de culturas e para a limpeza de pastagens.
Em termos de Monitoramento, dadas as dimensões continentais do território brasileiro, o uso de imagens de satélite pode ser considerado como ideal (prático, rápido e de baixo custo) para a identificação e monitoramento de queimadas. Para que se possa identifica-las é preciso detectar focos de calor, pela diferença de temperatura entre os alvos imageados na superfície terrestre. O princípio físico que define a detecção de um foco de queimada é o de que qualquer material em combustão emite energia, principalmente na faixa termal-média de 3,7 µm a 4,1 µm do espectro óptico. O instrumento sensor do satélite mede a radiância termal da área imageada numa determinada passagem, e esta radiância é convertida para temperatura, que é utilizada no processamento. As coordenadas do foco de queimada são então calculadas. Como indicativo, com base nos dados analisados durante 10 anos, foram identificados 1.653.482 focos de queimadas no território brasileiro.
Devido ao uso indiscriminado na agropecuária, os meses de agosto a outubro concentram 67,19% do total de ocorrências de focos de queimadas no período analisado. Incluindo-se novembro, tem-se 79,72% dos focos.
Em termos de Prevenção, a análise do risco de incêndios é um elemento antecessor, de ação preventiva, e o risco de queimadas pode ser obtido diariamente por meio de índices de risco que refletem a sua possibilidade de ocorrência e a sua facilidade de propagação, de acordo com as condições atmosféricas. Os principais serviços compreendidos no monitoramento de risco de incêndios são estruturados para o envio diário de informações: monitoramento de condições meteorológicas das propriedades de interesse; análise das informações meteorológicas predominantes do dia; medições com alta precisão do risco de incêndio e em turnos (manhã, tarde e noite); instituição de um “Totem de Alerta” ao risco de queimada em cada propriedade; análise de regiões com maior risco; e sugestão de modos de contenções relativos. O monitoramento deste risco permite estabelecer um plano de proteção, já que se pode prever as condições de risco e adotar medidas preventivas mais eficientes e econômicas, tal como a definição do local do plantão da Brigada de Incêndio (comumente terceirizado).
Marcos Leandro Kazmierczak é Engenheiro Florestal, Mestre em Sensoriamento Remoto, com especialização em Interpretação de Imagens Orbitais e Sub-orbitais, e Inovação Tecnológica.
Atual Gestor de Negócios – Agro e Florestal na Geoambiente, Marcos tem 30 anos de experiência em Sensoriamento Remoto e geotecnologia.
E-mail: marcos.leandro@geoambiente.com.br
Tel.: (12) 99677-8356
Fonte: Geoambiente