Tecnologias desenvolvidas pela Embrapa que permitem a conservação dos recursos naturais deverão ser utilizadas em três sub-bacias hidrográficas na região de Sete Lagoas, no Centro de Minas: Ribeirão Paiol e córregos Marinheiro e Saco da Vida. O Ribeirão Paiol é o principal afluente do Ribeirão Jequitibá, que por sua vez deságua no Rio das Velhas, que é afluente do São Francisco. Os córregos Marinheiro e Saco da Vida também são afluentes do Ribeirão Jequitibá.
A recuperação de terraços, a realização de barraginhas e ações de reflorestamento com espécies florestais nativas em áreas de nascentes e em matas ciliares próximas aos mananciais deverão ser executadas em parceria com a Prefeitura Municipal, Fumep (Fundação Municipal de Ensino Profissionalizante), Emater-MG, Centro Universitário de Sete Lagoas (Unifemm) e outras instituições.
“A escassez dos recursos hídricos é um problema que vem assumindo proporções cada vez maiores. Precisamos implantar ações urgentes que protejam os mananciais da nossa região”, pondera o chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), Antônio Álvaro Corsetti Purcino.
Para o pesquisador Thomaz Correa e Castro, do Núcleo de Água, Solo e Sustentabilidade Ambiental da Embrapa Milho e Sorgo, “o que precisa mesmo é preservar remanescentes florestais que ainda existem”. “Reflorestar com sucesso está cada vez mais difícil, já que o desequilíbrio ambiental está associado ao desmatamento, ao fogo e aos efeitos das mudanças climáticas”, explica.
A região Central de Minas, onde está localizado o município de Sete Lagoas, assim como diversas regiões brasileiras, sofre com o volume decrescente de chuvas há mais de dois anos. “Estamos em meados de novembro e quase ninguém ainda plantou. Na Embrapa Milho e Sorgo, por exemplo, o plantio dos experimentos está condicionado ao início das chuvas, o que ainda não ocorreu”, diz Antônio Álvaro. Aliado a esse contexto de falta de chuvas, a intensa atividade humana, com o número crescente de empreendimentos imobiliários e industriais, também têm provocado um desequilíbrio entre a oferta de recursos hídricos e a demanda exigida atualmente pela região.
Estratégias serão reunidas em projeto
“Devemos concentrar esforços na conservação dos nossos mananciais”, resume a coordenadora do curso técnico em Meio Ambiente da Escola Técnica Municipal de Sete Lagoas, Marley Beatriz de Assiz Lima. Essa equipe deverá reunir tecnologias com potencial de reverter esse quadro e submeter um projeto ao Ministério da Integração Nacional até o final deste ano.
O objetivo é obter recursos financeiros que promovam ações de saneamento e a revitalização dos cursos d’água. Em um primeiro momento, ferramentas de geoprocessamento ajudarão a fazer o levantamento espacial geográfico das três sub-bacias, sendo que posteriormente, caso o projeto seja aprovado, ações de conservação do solo e da água deverão entrar em prática.
O coordenador geral do Subcomitê Ribeirão Jequitibá, Lairson Couto, será o responsável pela articulação entre as diversas instituições na tentativa de obter recursos junto ao Governo Federal. Ele citou o Programa Produtor de Água, desenvolvido pela Ana (Agência Nacional de Águas), como referência para a elaboração do projeto.
O programa prevê o Pagamento por Serviços Ambientais voltado a ações de proteção hídrica e certifica projetos que visem a conservação dos solos e dos recursos hídricos. “A construção de barraginhas e o uso de ferramentas de georreferenciamento deverão ser integradas em diversas iniciativas como as que estamos fazendo”, explica.
Fonte: Embrapa