Um incêndio em área controlada servirá para aperfeiçoar métodos de detecção por satélites de queimadas. O experimento faz parte do workshop da RedLaTIF – Red Latinoamericana de Teledetección e Incendios Forestales, que acontece de 16 a 20 de novembro no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
“É uma oportunidade para calibrar e validar os dados obtidos por satélites na detecção dos focos de queimadas. E também é uma atividade didática para os participantes do workshop, que realizam um exercício prático sobre o monitoramento”, explica Alberto Setzer, coordenador do programa de Monitoramento de Queimadas do INPE.
Cerca de 30 especialistas do Brasil, Argentina, Bolívia, Peru, México, Colômbia e Cuba participam do workshop ministrado no INPE, que é referência internacional na área.
As reuniões e apresentações do workshop acontecem na sede do Instituto, em São José dos Campos. Já o experimento será realizado em área delimitada no campus da unidade de Cachoeira Paulista, no dia 19 (quinta-feira).
“Além de apresentar a metodologia brasileira, o workshop serve como uma troca de experiências sobre as atividades de monitoramento realizadas em cada país”, comenta Setzer, que, em 2015, constatou o aumento de queimadas em áreas de Cerrado e Caatinga no Brasil. Até o dia 16 de novembro, 204.238 focos já haviam sido registrados pelo satélite referência do INPE – 23% a mais do que no mesmo período de 2014.
Estatísticas mensais de todos os estados brasileiros, de 1998 até 2015, estão disponíveis na página.
Referência mundial
A detecção sistemática de focos de calor realizada pelo INPE é pioneira e a mais completa desenvolvida no mundo. Desde 1987 são aprimoradas as tecnologias para o monitoramento de queimadas por meio de imagens de satélites, que é particularmente útil em regiões remotas sem meios intensivos de acompanhamento, condição que representa a situação geral do Brasil.
São centenas os produtos gerados e distribuídos diariamente, como, por exemplo, coordenadas geográficas dos focos, alertas por e-mail de ocorrências em áreas de interesse especial, risco de fogo, estimativas de concentração de fumaça etc. Os dados e produtos são divulgados na internet pelo INPE sem custo para o usuário.
Todas as técnicas envolvidas neste processo foram desenvolvidas no INPE, incluindo métodos de detecção de focos com satélites, sistemas de informação geográfica, modelos de risco de fogo etc. Na página do Monitoramento de Queimadas e Incêndios, além da atualização sete vezes ao dia dos focos de calor, o INPE fornece um sistema geográfico de informações específico para as unidades de conservação do país, entre outros serviços.
O monitoramento auxilia o governo federal, em particular o Ibama, no acompanhamento a situações de risco de grandes incêndios florestais, como também os órgãos de Defesa Civil e Corpo de Bombeiros no combate às queimadas. Entre os usuários regulares estão ainda secretarias estaduais de meio ambiente, ONGs, cidadãos, além dos países vizinhos que têm livre acesso a este sistema.
Fonte: Inpe