A Agência Nacional de Águas (ANA) sediou, em Brasília, o primeiro workshop para planejamento da rede hidrológica de referência do Brasil, um conjunto de estações de monitoramento fundamentais para atender a demanda por dados hidrológicos de instituições nacionais. O evento, que aconteceu de 14 a 18 de março, faz parte do acordo de cooperação técnico-científica assinado pela ANA, pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) na área de recursos hídricos e outras áreas da Ciência da Terra.
Durante os cinco dias de workshop, servidores da ANA e do CPRM aprenderam com o engenheiro do USGS, Brian McCallum, como os Estados Unidos construíram sua rede de referência, que terá cerca de 5200 estações para monitorar o nível e a vazão dos rios ao término da instalação dos equipamentos. O palestrante também atuou como facilitador do trabalho conjunto entre servidores da ANA e do CPRM, que terminaram o evento com uma lista inicial de objetivos a serem cumpridos pela rede de referência do Brasil e os critérios de seleção das estações que farão parte desta rede.
Segundo McCallum, o Brasil e os Estados Unidos têm muitas semelhanças para a implementação de uma rede de referência, como: tamanho do território, população, recursos hídricos e diversidade hidrológica. Para o engenheiro do USGS, o monitoramento estratégico dos rios é capaz de gerar benefícios para um país em diversos aspectos. “Nossa tarefa é fazer o monitoramento da água de modo que as decisões no futuro possam garantir o acesso aos recursos hídricos e a proteção da vida, do meio ambiente e da economia do Brasil”, destaca.
Para o diretor de Hidrologia e Gestão Territorial do CPRM, Stênio Petrovich, que participou do workshop, a parceria com a ANA e o USGS busca melhorar a eficiência e aumentar a eficácia do planejamento do monitoramento dos recursos hídricos no Brasil a partir da troca de experiências com um país que é referência no tema. O que nós estamos fazendo é ganhar tempo. É avançar rapidamente nas nossas necessidades a partir de um conhecimento, de uma experiência já bastante confirmada ao longo do tempo dentro do mundo científico”, conclui.
Com duração inicial até 2025, esta parceria entre Brasil e Estados Unidos terá como foco a continuação das iniciativas com o USGS para capacitação de servidores e estão previstos intercâmbios de informação técnica, treinamentos e pesquisas cooperativas entre os países. Os principais temas previstos para cooperação são: recursos hídricos; variabilidade climática e mudanças no uso do solo; ecossistemas; saúde ambiental; energia e minerais; perigos naturais, avaliações de riscos e resiliência; informática e integração de dados.
O palestrante
Brian McCallum é bacharel e mestre em Engenharia Civil, formado em 1992. Está no USGS desde 1993. O profissional foi eleito em 1999 como o engenheiro federal do ano, do USGS, pela Sociedade Nacional de Engenheiros Profissionais. No ano seguinte, tornou-se o diretor assistente de Monitoramento Hidrológico do Centro de Ciências Hídricas da Geórgia, do USGS. McCallum tem experiência com redes de monitoramento telemétrico e sistemas de alerta de cheias, dentre outros.
O engenheiro esteve envolvido na criação do portal do Sistema Nacional de Informação sobre Água (NWIS, na sigla em inglês), de dados em tempo real, e no desenvolvimento de um sistema de alerta hidrológico via e-mail e mensagem de texto, que permite ao usuário personalizar as faixas de alerta.
Rede Hidrometeorológica Nacional
A Rede Hidrometeorológica Nacional da Agência possui mais de 4,5 mil estações de monitoramento, de diferentes tipos, em todo o País. Cerca de 70% delas são operadas pelo CPRM. Há estações fluviométricas (para nível e vazão de rios), pluviométricas (chuvas), sedimentométricas (sedimentos), entre outras. Para acessar dados telemétricos da Rede, acesse: www.ana.gov.br/telemetria.
Fonte: Geodireito