Vice-governador Márcio França sugere parceria entre a Universidade de Würzburg e o Inpe para incentivar a inovação que incluirá regiões menos desenvolvidas
Um minissatélite com um quilo e 300 gramas e menor que uma caixa de sapato, desenvolvido pela Universidade de Würzburg, na Alemanha, vai revolucionar sistemas de pesquisas e transmissão de dados em todo o planeta Terra. Por ser muito mais barato poderá ser utilizado tanto por empresas como países. A inovação foi apresentada pelo professor Klaus Shilling durante o 8th Regional Leaders’ Summit, em Munique (Alemanha), às delegações de São Paulo (Brasil); Baviera (Alemanha); Alta Áustria (Áustria); Georgia (EUA); Shandong (China); Cabo Ocidental (África do Sul) e Quebec (Canadá).
O minissatélite orbita a uma distância de 600 km da Terra, ao contrário dos convencionais, que ficam a 35 km de altura. Pelo tamanho reduzido, o lançamento do satélite tem um custo muito mais barato e, quando retorna a Terra, reduz o lixo espacial e o risco de acidentes, explicou o professor José Sérgio Almeida, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) de São José dos Campos, que já testa tecnologia similar e tem interesse em participar do projeto. O programa prevê o lançamento de sete minissatélites, ao custo de 1 milhão de euros, que cumprirão a tarefa de transmitir informações para todos os continentes, permitindo que regiões menos desenvolvidas tenham acesso a este tipo de tecnologia.
A inovação
A inovação empolgou os participantes do evento, entre eles, o vice-governador de São Paulo e secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, Márcio França: “A inovação tem também o mérito de envolver estudantes de Ensino Médio de vários países, como os jovens brasileiros Mariana Fonseca da Silva e Lucas Felipe Santos Kroeff”, observou.
Márcio França, que representou o governador Geraldo Alckmin no evento, manuseou o minissatélite, capaz de dar uma volta ao redor do planeta em uma hora e quarenta minutos. “É uma revolução que pode estar a serviço de empresas e países a um custo muito menor”, apontou.
Enquanto um satélite convencional permanece em órbita por dezenas e até centenas de anos após perder a utilidade – e são mais de 4 mil nesta situação – o minissatélite volta ao planeta em menos de 25 anos. Por ter componentes mais baratos, que seguem a tendência mundial de miniaturização, o minissatélite pode ser produzido até em ambientes acadêmicos. “Isso permite testar e qualificar novas tecnologias a um custo muito mais baixo”, disse o professor Sergio Almeida, lembrando que o Inpe opera um do gênero em uma pesquisa de avaliação de um fenômeno chamado anomalia magnética do Atlântico Sul, que interfere nas comunicações dos voos comerciais.
Outra vantagem é poder ser utilizado para diversas finalidades, já que é muito versátil quanto a adaptação às chamadas cargas úteis, explicou o professor do Inpe, animado pela possibilidade de testar a inovação nos laboratórios do instituto. Para tanto, pleiteará apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O professor Klaus Shilling, da Universidade de Wüzburg, veio ao encontro para pedir ajuda dos estados subnacionais ali representados e à iniciativa privada para que seja ampliado o financiamento ao projeto. O professor José Sérgio de Almeida, do Inpe, destacou que já foi colocado em órbita um minissatélite experimental com a missão de investigar um fenômeno de turbulência que afeta a aviação no Hemisfério Sul. “Hoje, o minissatélite tem capacidade de ficar de dois a três anos ao redor da Terra. Mas, com as pesquisas, este tempo pode ser ampliado. E seu uso pode ser o mais diverso possível”, afirmou.
Ao final da apresentação, Márcio França conclamou os estados participantes a apoiarem a inovação e conheceu o grupo de 20 estudantes dos países presentes ao encontro que estão envolvidos no projeto.
O tema da oitava edição da Regional Leaders’, que termina nesta sexta-feira, 15 de julho, é “Digitalização e Inovação”.