Um dos maiores “fantasmas” para quem atua com Drones é o Fly Away. Leia este artigo até o fim para entender como evitar
Por Floriano Peixoto*
O Fly Away é o termo que se usa quando o seu Drone adquire vida própria e resolve ir embora. No início da “era Phantom”, inúmeros casos foram relatados e, com o passar do tempo, eles foram diminuindo. O que se dizia é que a DJI havia corrigido os bugs e praticamente eliminado este problema.
Porém, eles voltaram a assustar a comunidade Phantom. Inúmeros são os relatos recentes de perda de drones Phantom 4 e Phantom 4 Pro que apareceram nos grupos do Facebook.
Mas por que eles acontecem?
Primeiro, vamos entender como funciona um Drone.
Eles voam graças a um micro processador e a sensores embarcados que fornecem informações para este micro processador. De acordo com o firmware (software de controle de voo) instalado na placa controladora do seu Drone, as informações são processadas e comandos são enviados para os motores, o que faz com que ele mantenha sua estabilidade, direção, rumo, velocidade, altitude, etc.
Cada vez que seu Drone sofre uma interferência externa – como rajadas de vento, colunas de ar quente, entre outras coisas -, os sensores detectam essa interferência e fazem as correções em até 500 vezes por segundo.
Quando seu Drone está fazendo um voo autônomo para capturar imagens de aerofotogrametria, a placa controladora de voo está controlando todos os parâmetros necessários para cumprir a rota pré determinada, mantendo um rumo perfeito e altitude uniforme, além de mandar bater as fotos em cada ponto pré determinado pelo seu plano de voo.
Ou seja, é uma carga muito grande de processamento das informações – recebidas ao mesmo tempo – para gerir isto tudo. Assim como todo computador, o micro processador do seu Drone também sofre com outros problemas, como o calor, por exemplo. E, ainda, como todo computador que se encontra sobrecarregado em seu processamento, pode falhar.
Quem nunca experimentou um travamento do seu computador de casa ou seu notebook quando estava processando um programa pesado como o utilizado em processamento de imagens? Quem nunca teve um problema de tela azul no seu computador?
Com os Drones não é diferente. Falhas podem acontecer.
Além disso, seu Drone recebe informações fundamentais de posicionamento através do seu GPS (ou, usando o termo correto, GNSS). Os sinais do GPS podem falhar por diversos motivos, como por exemplo devido a interferências em sinais de rádio causados por tempestades solares.
Enfim… são vários os motivos que podem levar a um Fly Away, mas a boa notícia é que a maioria dos Fly Away ocorre por erro do piloto, desde a pressa em decolar sem verificar se os satélites foram captados em número suficiente pelo seu Drone, até não conferir se a imagem que mostra o seu Home Point corresponde com o mapa que aparece no seu tablet.
Também podem ocorrer erros se você colocou seu Drone sobre o carro e o metal do carro descalibrou a bússola do Drone. Lembre-se que seu Drone precisa de todos os sensores funcionando bem para fazer um bom voo.
Outro problema é uma configuração que você escolhe pensando em proteger seu equipamento e ela acaba por levar ele embora.
Isto aconteceu com uma profissional de Natal que fez o curso presencial DJI PHANTOM – Porta de Entrada na Aerofotogrametria, ministrado pela Albatroz Brasil Drones. Antes de ir para o curso, ela contratou um instrutor de voo para acompanhá-la e foi configurado que o Phantom não poderia ultrapassar uma certa distância do seu home point. Estava utilizando um Phantom 4 Pro Plus praticamente novo (se não me engano, era o terceiro voo).
Veja na sequência de imagens mais abaixo o que ocorreu. Ela decolou após seu Phantom gravar o home point. Porém, a 1 minuto e 47 segundos de voo, o Phantom mudou por sua conta o home point e o colocou a mais de 2.600 metros de distância de onde estava voando. Com isso, sua controladora entendeu que ele havia ultrapassado a distância máxima configurada antes da decolagem e começou a se dirigir para o home point que ele havia mudado por sua conta.
O instrutor assumiu o comando e tentou trazer o Phantom de volta, porém ele não respondia aos comandos dados. Acionou o Return To Home no rádio do Phantom algumas vezes e nada. Resultado: o Phantom pousou num mangue distante mais de 2.600 metros de distância da sua decolagem.
Home Point Recorded
1min42s de voo > Tudo normal
1min47s de voo > Home point alterado pelo Drone / Fly Away acontecendo
Pousando no mangue
Estas imagens foram produzidas pelo instrutor da Albatroz Brasil Drones, Ricardo Borges. Ele conseguiu acessar o site da DJI e levantar o log de voo do Phantom. Graças a estas imagens, a proprietária do Phantom acionou a DJI e conseguiu que lhe mandassem outro Phantom 4 Pro Plus novo.
Deste episódio tiramos duas lições.
A primeira: não utilizar a configuração que teoricamente impede seu Drone de se afastar uma determinada distância do home point.
A segunda e principal lição, que serve para todos os momentos em que seu Drone fica com comportamento estranho ou para de obedecer seus comandos: mude seu modo de voo imediatamente para manual! Em alguns Phantom esse modo chama-se ATTI e em outros A Mode. Neste modo de voo a placa controladora só utiliza sensores básicos, como giroscópio e acelerômetro. A maioria dos outros sensores ficam inibidos, principalmente o GPS. Com isso, diminui muito a carga de trabalho do seu micro processador e uma falha por sobrecarga no sistema desaparece.
Mas aí tem um fator importantíssimo. Você precisa saber pilotar um pontinho preto no céu, sem imagem no tablet e nenhum recurso adicional do seu Drone, como o RTH. Pilotar “no dedo”, como costumo dizer.
É incrível, mas tem muita gente que não consegue trazer seu Drone de volta se ele for só um pontinho preto no céu e você não tem nenhuma referência sobre para que lado está apontada a frente dele.
Eu também já passei por este estágio, mas é algo muito simples de aprender. Preencha o formulário a seguir para assistir um vídeo no qual explicamos “como pilotar um pontinho preto no céu”:
E, por falar nisso, estamos em plena Semana de Capacitação Albatroz Brasil Drones.
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Floriano Peixoto* é o pesquisador responsável pelo projeto de pesquisa e desenvolvimento de VANTs – Veículos Aéreos Não Tripulados, Albatroz Aerodesign, desenvolvido na UNISANTA –Universidade Santa Cecília em Santos. É diretor da Albatroz Brasil Drones.
Contatos:
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Este artigo é de responsabilidade do autor.