Por Ivan Rollas da Silva e Matheus P. Libório, com a colaboração de Diego Filipe Cordeiro Alves
A falta de documentação e sistematização do patrimônio histórico-cultural, ou mesmo sua disponibilidade de forma pouco atraente ou lúdica, desconecta a população do legado arquitetônico, artístico, cultural e histórico, o que significa a perda da afetividade patrimonial e do compromisso. em conservá-lo.
Nesse contexto, faz-se necessário e relevante a ação de se promover a educação do patrimônio histórico-cultural da cidade de Cabo Frio RJ. A cidade de Cabo Frio é uma das mais antigas do Brasil. Seu descobrimento, provavelmente por Américo Vespúcio, é datado entre dezembro de 1503 e janeiro de 1504. Cabo Frio foi a primeira feitoria do Brasil e concentra, até hoje, grande número de imóveis de interesse histórico. A cidade conta com imóveis de interesse histórico em níveis federal, estadual e municipal, tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Iniciativas anteriores voltadas para a educação patrimonial histórico-cultural exploram o espaço geográfico de forma não interativa. Superamos essa limitação por meio do desenvolvimento de ferramentas bidirecionais de geovisualização que permitem ao usuário explorar e colaborar com o patrimônio histórico-cultural, utilizando-se do espaço geográfico de forma interativa.
Mostramos que o desenvolvimento dessas ferramentas demanda pouco tempo e/ou recursos financeiros sendo, portanto, viável para quaisquer municípios interessados em implementar a solução. Contribuímos para a educação patrimonial histórico-cultural ao apresentar uma inovação que é econômica e, ao mesmo tempo, interativa e colaborativa.
Para atender tal objetivo, além da revisão bibliográfica, apresentamos um estudo de caso onde dois protótipos são desenvolvidos. Foi adotado o Google My Maps exclusivo para geovisualização e, a plataforma Appsheet, para construção de um aplicativo voltado tanto à geovisualização como à geocolaboração, porém ambos podem ser acessados por desktops e dispositivos móveis (celulares e tablets).
Desenvolvimento
A solução de geovisualização e geocolaboração foi desenvolvida em três fases: (A) prototipação da plataforma Appsheet em dispositivos móveis; (B) prototipação de mapa colaborativo na plataforma Google My Maps; e (C) criação de site de divulgação e organização dos protótipos.
Na Fase (A), o desenvolvimento APP YBY Cabo Frio (YBY significa em Tupi terra, chão em que se pisa ocorreu em cinco etapas, dentre os quais a (1) criação da planilha de dados, (2) importação de dados, (3) ajuste de aparência, (4) inserção de registros e (5) publicação.
Na Fase (B), o desenvolvimento do protótipo YBY Cabo Frio MyMaps ocorreu em quatro etapas: (1) carregamento de dados, (2) configurações e layout, (3) inserção de roteiros e (4) publicação na web. Na Etapa 1, importamos os dados, do serviço em nuvem Google Drive, buscando a Tabela 1, já atualizada e com os novos registros. Na Etapa 2, configuramos a aparência do mapa, como, por exemplo, o ajuste da forma, cor dos marcadores e layout das imagens. Na Etapa 3, inserimos as sugestões de roteiros a serem realizados a pé conforme o projeto “Caminhos da História” do plano de cultura do município, projeto de Lei nº 017/2018 (Cabo Frio, 2018). Na Etapa 4, testamos e publicamos o protótipo.
Na Fase (C) o desenvolvimento do site de divulgação e organização dos protótipos ocorreu em 4 etapas. Na Etapa (1), criamos o logotipo e o nome do APP. Na Etapa 2, elaboramos a identidade visual do site. Na Etapa 3, inserimos fotos, textos e links de download do APP, bem como o passo a passo para download e utilização dos protótipos e visualização dos conteúdos e dos mapas. Na Etapa 4, publicamos a página na Web.
O YBY Cabo Frio
Na tela inicial do YBY Cabo Frio (Figura 1) visualiza-se a área de estudo e seus respectivos pontos históricos, marcados com pontos georreferenciados em cor laranja, os quais possuem um registro fotográfico e suas respectivas informações históricas.
Detalhamos cada função apresentada na tela do aplicativo (a) visualização em lista; (b) visualização em mapa com registro selecionado; (c) detalhe do registro; (d) formulário de geocolaboração na Figura 2.
O protótipo permite utilizar funções como a visualização de imagem de satélite, a localização de pontos de interesse, a sua história e também a colaboração, através do botão “colabore”, onde o usuário pode dar um título para o local, contar algo sobre ele e inserir uma foto, como mostram as telas (a, b, c e d) da Figura 2.
Na tela inicial do protótipo, apresentada na Figura 3, visualiza-se a área de estudo Cabo Frio com seus respectivos marcadores do patrimônio histórico cultural.
Na Figura 4, cada monumento do patrimônio histórico cultural é simbolizado por um marcador na cor laranja e associado a um registro fotográfico, assim como a uma narrativa histórica.
Na Figura 5, visualiza-se uma sugestão de roteiro a ser realizado a pé. O roteiro percorre os registros contidos no mapa os quais sua visualização e indicação podem ser controladas pelo usuário.
Os protótipos de geovisualização e geocolaboração, a entender “o aplicativo YBY Cabo Frio e a plataforma de mesmo nome no Google Mymaps” foram disponibilizados na internet e no site para abrigar e difundir o trabalho.
As plataformas são gratuitas e demonstram a possibilidade de contribuir para a educação patrimonial fornecendo informações textuais, visuais e funcionalidades de geovisualização (conhecimento de pontos de interesse, visualização de imagens de satélite e melhor caminho entre pontos) mesmo com recursos financeiros limitados.
Benefícios
O YBY Cabo Frio oferece um suporte físico para apresentação de registros atemporais, tornando possível a inserção de novos registros pelos usuários por meio da geocolaboração. Com geocolaboração, os usuários compartilham novas visões, olhares, e interferências, integrando e participando do processo de educação patrimonial.
Os protótipos mostram que é possível, de forma sistematizada e com baixo custo, disponibilizar e divulgar o conhecimento do nosso patrimônio histórico-cultural e também vai se mostrar eficiente atendendo a interesses diversos, tais como, o repositório de informações, a preservação e o cuidado, a sinalização local, acessibilidade, visitas guiadas e temáticas, com guias qualificados abarcando principalmente estudantes e estagiários de diversas áreas do conhecimento educacional.
Mas cabe-nos a consciência de que um pesquisador não consegue, sem uma equipe de apoio ou sem uma associação de uma instituição do município, por exemplo, organizar informações e aplicá-las de diferentes formas, de tal maneira que o patrimônio seja realmente entendido, cuidado e apresentado, tanto para a população local, como para os turistas que esperam apenas o “turismo do sol”.
Ao mesmo tempo, não devemos ficar apenas no campo das teorias, devemos lançar mãos de tais ferramentas e tecnologias, para uma maior aproximação e apropriação do espaço urbano a partir da esfera do vivido e das práticas cotidianas.
DroneShow Online em dezembro
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