Não há dúvidas de que a cadeia produtiva das geotecnologias, formada pelas plataformas de coleta de dados, com sensores altamente precisos, os sistemas de processamento de dados e uma infinidade de prestadores de serviços, tem ficado cada vez mais competitiva.

A previsão para 2019 é que esses setores vão gerar R$ 1,5 bilhão em negócios no Brasil e já empregam mais de 100 mil profissionais, de acordo com estimativas da MundoGEO.

Segundo estudo da consultoria Frost & Sullivan, publicado em abril deste ano, o total da receita projetada de 2018 a 2030 no setor só de pequenos satélites para várias aplicações é de US$ 69 bilhões em todo o mundo. É uma oportunidade para toda a indústria, incluindo o Brasil, e um possível destravamento da Base de Alcântara, no Maranhão.

Nesse contexto, junto com drones, aviões e até balões, os satélites de sensoriamento remoto se constituem em uma das ferramentas importantes para responder a perguntas fundamentais relacionadas às mudanças na superfície terrestre e no mapeamento em geral.

As tecnologias embarcadas nos satélites em órbita se sofisticam a cada dia, sendo peças primordiais para estimar a produtividade nas áreas agrícolas, explorar terrenos e detectar queimadas e o desmatamentos.

No Brasil, o trabalho desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) é uma referência internacional através do projeto PRODES, que realiza o monitoramento do desmatamento por corte raso da Amazônia Legal, além do DETER, que se caracteriza por ser um levantamento rápido de evidências de alterações da cobertura florestal na Amazônia. É salutar, contudo, que outras metodologias possam também ser avaliadas e possam colaborar para complementar monitoramentos deste tipo.

Existem constelações de satélites de alta resolução da Airbus Defense and Space e Maxar que, trabalhando de forma combinada, podem gerar resultados muito interessantes em termos de tempo de revisita e qualidade geométrica e espectral das imagens coletadas. Satélites com sensores utilizando a tecnologia radar de abertura sintética podem atuar de forma complementar aos sistemas óticos, para mapear áreas com constante cobertura de nuvens.

Recentemente, a Agência Espacial Europeia (ESA) realizou um anúncio que tende a ser outra revolução no setor: o lançamento do primeiro satélite criado para demonstrar como a inteligência artificial, a bordo de uma plataforma orbital, pode melhorar o envio de dados de observação do espaço para Terra. O lançamento será um CubeSat (pequenos satélites de formato cúbico) nos próximos meses.

Das tecnologias já disponíveis, destaco também a viabilização dos nano satélites pela empresa norte-americana Planet, fundada por ex-cientistas da NASA e representada no Brasil pela Santiago & Cintra Consultoria. Se até 2011 o padrão de mercado era colocar em órbita um satélite por vez, a partir daquele ano foi possível lançar nada menos que 88 nano satélites simultaneamente, criando um novo paradigma no mercado mundial. Isso só foi possível porque cada nano satélite tem o tamanho de uma caixa de sapato, com microcâmeras que permitem captar imagens e disponibilidade de acompanhamento quase em tempo real.

No País, observamos projetos em estágio avançado de desenvolvimento, como é o caso do VCUB, da empresa Visiona Tecnologia Espacial, com previsão de lançamento em 2020. Será o primeiro nano satélite desenvolvido com tecnologia nacional e semelhante aos grandes satélites.

Recentemente, estive no Ministério da Defesa para conhecer o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), criado para atender nos próximos anos as necessidades estratégicas da Defesa Nacional, além das demandas civis. Os diversos satélites previstos para serem construídos, lançados e operados no Brasil irão fornecer serviços de observação terrestre, telecomunicações, mapeamento de informações e posicionamento global.

Os diversos satélites ao redor da Terra já em operação ou em desenvolvimento, como procurei mostrar nesse artigo, contam com sistemas de monitoramento que estão constantemente se aperfeiçoando. Além da detecção de queimadas e desmatamentos, esta tecnologia de Observação da Terra é muito útil também para o planejamento municipal e regional, suporte a elaboração de projetos de engenharia de grande impacto e apoio a defesa civil. Nos Estados Unidos, os alertas disparados pelos satélites ajudaram a monitorar os efeitos do furacão Dorian, por exemplo. Sem o apoio dessa incrível tecnologia, com certeza, desastres naturais ou não, teriam efeitos muito mais devastadores.

Portanto, é fundamental aos usuários privados, governamentais e do terceiro setor conhecer todas estas opções tecnológicas de coleta e processamento de dados disponíveis e optar pela melhor – ou por uma combinação delas- para atender as suas demandas.

Estarei mediando em São Paulo no dia 6 de novembro no Hotel Meliá Ibirapuera o primeiro Fórum de Observação da Terra realizado no Brasil com a presença de especialistas em meio ambiente e tecnologia espacial do governo nas palestras e da iniciativa na Mostra de Tecnologia.

*Emerson Granemann – CEO da MundoGEO e idealizador dos eventos MundoGEO Connect e DroneShow Plus. Engenheiro Cartógrafo, trabalhou no setor de aerofotogrametria e geoprocessamento. Atualmente tem como propósito propagar as geotecnologias e os drones para usos profissionais. É organizador do primeiro Fórum de Observação da Terra, que acontece dentro da programação do DroneShow Plus, dia 6 de novembro, no Hotel Meliá Ibirapuera.

Fórum de Observação da Terra

Para quem não pôde estar presente no DroneShow e MundoGEO Connect 2019, realizado no fim de junho na capital paulista, ou para quem quer ir além e complementar sua capacitação para o mercado através de cursos avançados e/ou fóruns empresariais, acontece de 5 a 7 de novembro no Hotel Meliá Ibirapuera, em São Paulo (SP), o evento DroneShow & MundoGEO Connect PLUS. As inscrições estão abertas e as vagas são limitadas.

O 1° Fórum de Observação da Terra – Soluções e Aplicações acontece no dia 6 de novembro das 9h às 17h40 com objetivo de criar um ambiente de impacto positivo para apresentar  projetos e ideias relacionados à área de monitoramento ambiental no território brasileiro utilizando as Geotecnologias.

Confira a programação completa:

Painel da Manhã – 9h às 12h: Monitoramento Ambiental dos Biomas Brasileiros: Mata Atlântica, Caatinga, Pampa e Pantanal
O objetivo deste painel é apresentar os resultados do projeto “Monitoramento dos Biomas: Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa”, que possui apoio financeiro do Fundo Amazônia, gestão administrativa da FUNCATE e coordenação técnica do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE). Este projeto enquadra-se no contexto da estratégia nacional para REDD+ (Redução do Desmatamento e Degradação florestal) para a redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) por desmatamento nos Biomas Mata Atlântica, Caatinga, Pampa e Pantanal. Seu objetivo principal é apoiar o mapeamento e monitoramento do desmatamento nos biomas brasileiros e assim gerar informações estratégicas para a gestão territorial do país, da mesma forma como o INPE vem realizando na Amazônia e no Cerrado. Com a ampliação das áreas monitoradas através deste projeto, a capacidade de análise também será ampliada, permitindo à sociedade conhecer e entender com mais clareza e transparência o que está acontecendo com a vegetação de todos os biomas brasileiros. Esta ação dará apoio às formulações de políticas públicas através do fornecimento de informações estratégicas sobre a dinâmica da cobertura da terra.

9h às 9h20 – Abertura do Painel

9h20 às 9h40 – Resumo do Projeto Monitoramento dos Biomas: Caatinga, Pampa, Pantanal e Mata Atlântica
Leila Fonseca (Pesquisadora – INPE)

9h40 às 10h – Construção de Proposta do Nível de Referência de Emissões Florestais (FREL)
Thelma Krug (Vice Chair do IPCC)

10h10 às 10h20 – Monitoramento da Supressão de Vegetação dos Biomas Caatinga, Cerrado, Pampa e Pantanal
Claudio Almeida (Coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia e demais Biomas do INPE)

10h20 às 10h40 – Intervalo

10h40 às 11h – Metodologias para Mapeamento da Vegetação Nativa dos Biomas Brasileiros
Dalton de Morisson Valeriano (Pesquisador – INPE)

11h às 11h20 – Geotecnologias para Apoiar Atividades de Mapeamento e Disseminação de Dados Geoespaciais
Lubia Vinhas (Coordenadora-Geral de Observação da Terra – INPE)

11h20 às 11h40 – Brazil Data Cube
Karine Reis (Pesquisadora – INPE)

11h40 às 12h – Experiência do Projeto Capacitree na Amazônia e possibilidades de Aplicação para demais Biomas
Alessandra Gomes (Chefe do Centro Regional da Amazônia – CRA – INPE)

12h às 14h – Intervalo

Painel da Tarde – 14h às 17h40: Projetos, Soluções e Aplicações

14h às 14h30 – O Programa Queimadas do INPE e a temporada de fogo de 2019
Alberto Setzer – Pesquisador do INPE

14h30 às 15h – Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE) do Ministério da Defesa
Representante do Ministério da Defesa*

15h às 15h20 – O Brasil em busca de seu Espaço
Paulo Roberto Braga Barros – Diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da Agência Espacial Brasileira (AEB)

15h20 às 15h40 – Monitoramento Diário Orbital no apoio à detecção e combate de atividades ilícitas: Desmatamento, Mineração, Plantações ilícitas, Embarcações e Pistas clandestinas.
Representante da Polícia Federal

15h40 às 16h – Intervalo

16h às 16h30 – Monitoramento Contínuo de Imagens de Alta Resolução Otimizando Processos de Licenciamento, Fiscalização e Restauro.
André Pereira Dias, Analista de Meio Ambiente da SEMA-MT

16h30 às 16h50 – Projeto Harpia: Sistema de Monitoramento da Vegetação Nativa da Bahia
Diogo Caribé de Sousa – Especialista em Meio Ambiente Geoprocessamento | COTIC | DIRAF – Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da Bahia (INEMA)

16h50 às 17h10 – REDEZEE-SP – Plataforma Tecnológica de Informações Territoriais do Estado de São Paulo
Arlete Tieko Ohata – Diretora de Informações Ambientais da Coordenadoria de Planejamento Ambiental da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente – SP

17h10 às 17h40 – Usos das Geotecnologias na gestão do Meio Ambiente na cidade de São Paulo
Vivian Prado Fernandes – Diretora | Divisão de Informações Ambientais (DIA) – Coordenação de Planejamento Ambiental (CPA) – Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA/PMSP)
*a confirmar

Por dentro do DroneShow & MundoGEO Connect PLUS

Quem estiver no DroneShow & MundoGEO Connect PLUS vai contar com conteúdos práticos e avançados relacionados a drones e geotecnologias. Serão 140 horas de conteúdo distribuídos em cursos práticos e avançados, fóruns, mostra de tecnologia e rodadas de negócios.

Confira todas as atividades que serão realizadas nos três dias do evento:

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Cursos Práticos

– QGIS para Mapeamento Temático
– QGIS para Análise Espacial
– Processamento de Imagens obtidas com Drones

Cursos Avançados

– Drones para uso em Mapeamento e Meio Ambiente
– Realidade Virtual e Aumentada: Conceitos e Aplicações
– Análise Espacial para Tomada de Decisões Estratégicas
– Tecnologias e Soluções para Monitoramento de Obras
– Topografia com Drones – Tecnologia, Métodos e Resultados
– Drones para Aerolevantamentos – Tecnologia, Levantamento, Processamento e Resultados
– Agricultura com Drones: Tecnologias, Métodos e Estudos de Caso

Fóruns

– 8º Fórum Empresarial de Drones
– 1º Fórum de Soluções Geoespaciais para Smart Cities
– 1° Fórum de Observação da Terra – Soluções e Aplicações

Mostra de Tecnologia

– Espaço para exposição de produtos e serviços

Rodadas de Negócios

– Reunião entre expositores da mostra e potenciais clientes

As inscrições antecipadas com descontos especiais nas atividades do DroneShow & MundoGEO Connect PLUS estão abertas em https://droneshowla.com/plus. Vagas limitadas!

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Imagem de capa: Coordenação Geral de OBT – INPE
Satélite / Satellite: CBERS-4
Sensor: MUX 20m
Data / Date: 08-01-2017 / 01-08-2017
Bandas / Bands: R7-G6-B5
Onde / Where: Represa Jaguari-Jacareí do sistema Cantareira com o limite mínimo do pico da crise hídrica sobreposto (em ciano e em azul na área preenchida por bombeamento) / Jaguari-Jacareí reservoir of the Cantareira Water System with boundaries of water at the peak of the water crisis overlay (cyan and blue at water was available by pumping).
Cena / Scene: CBERS-4 154/126