Artigo: O Uso das Geotecnologias na Identificação dos Impactos Sociais Sofridos em Decorrência da COVID-19
A Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou a pandemia causada pelo coronavírus em 11 de março de 2020. Desde então, há iniciativas de várias organizações ao redor do mundo visando mapear a disseminação do vírus. Algumas dessas iniciativas são as seguintes:
- Organização Mundial da Saúde (OMS)
- Johns Hopkins University & Medicine
- Prefeitura do Rio de Janeiro
- Estado do Rio Grande do Sul
Essas iniciativas, que utilizam ferramentas de SIG, são extremamente importantes para informar a população sobre a situação de contágio da doença, seja em nível local, regional ou global. Assim, é possível verificar tanto a evolução do contágio, como a ocorrência de óbitos decorrentes da infecção pela COVID-19. A leitura e a interpretação desse cenário fornecem subsídios para a tomada de decisões em nível governamental, como a adoção de medidas restritivas e de isolamento social.
No entanto, há uma série de impactos (sociais, econômicos, psicológicos, entre outros) que podem estar relacionados tanto com a chegada da doença, quanto com as determinações impostas pelo poder público. Uma das medidas estabelecidas foi a decretação de quarentena em diversos estados e municípios do Brasil, visando a diminuição da circulação de pessoas, determinando o fechamento de escolas, do comércio e de atividades diversas.
Dessa forma, a pesquisa a seguir foi desenvolvida no intuito de gerar informação qualitativa com relação ao cenário atual. Utilizando produtos da Esri, foi desenvolvida uma pesquisa a partir do Survey123 Connect for ArcGIS. Entre outras questões, o formulário colhe dados de sexo, idade, redução de renda, localização. Os dados colhidos no Survey123 podem ser de acesso público. Em sua plataforma web é possível visualizar toda a base de dados e exportá-la. Também há a opção de visualizar algumas análises estatísticas dos dados coletados. No entanto, o acesso é permitido somente para aqueles que tiverem uma conta cadastrada.
Desde o princípio, desejava-se que a publicação de resultados se desse em tempo real, pois garantiria a transparência das informações, além de valorizar a pesquisa e engajar as pessoas para que se envolvessem no trabalho. Para tanto, foi desenvolvida uma estrutura a partir de um Story Map, que contém algumas explicações suscintas sobre o que está sendo tratado, um link para o questionário do Survey123 e um Dashboard for ArcGIS que extrai os dados a partir do ArcGIS Online.
Assim, a primeira fase da pesquisa foi iniciada em 23 de março de 2020, sendo divulgada principalmente nas redes sociais. A pesquisa obteve cerca de 176 interações até o dia 02 de abril. Destas, 151 respostas foram localizadas no Brasil (não foi incluída restrição geográfica, ou seja, pessoas de fora do país também responderam), sendo a maior ocorrência no estado do Rio de Janeiro (42% dos dados do Brasil), seguido pelo estado do Rio Grande do Sul.
A título de exemplo, entre as informações coletadas, 28,57% das pessoas indicaram que a pandemia as colocou em situação financeira delicada, como pode ser visualizado na imagem a seguir extraída de um filtro realizado no dashboard da pesquisa.
A iniciativa foi concebida como uma proposta em desenvolvimento, sendo aberto um canal permanente para o envio de críticas e sugestões. Assim, a partir de alguns feedbacks encaminhados por pessoas do meio acadêmico e de mercado, foram feitos alguns ajustes tanto na visualização dos dados, como nos campos da pesquisa, preservando os dados já coletados, e agregando novas informações, como dados de renda familiar e de tipo de ocupação, visando qualificar melhor os impactos financeiros sofridos.
Portanto, a partir de 06 de abril de 2020, foi iniciada uma nova rodada para coleta de dados, com os seguintes objetivos principais: (1) aumentar a divulgação e o número de respostas, (2) permitir que alguém que tenha participado da primeira versão possa atualizar suas informações, caso tenha interesse, e (3) comparar no tempo a evolução das respostas dadas, tendo em vista que a maior parte do questionário não foi alterada.
Por fim, a iniciativa continua aberta para receber contribuições, assim como para ser utilizada com propósitos específicos, como, por exemplo, para avaliar que impactos foram observados em determinada região e quais as ações necessárias no sentido de mitigá-los.
Clique aqui para acessar a pesquisa.
*Ana Maria Bragança, Engenheira, Mestranda em SIG (UNIGIS/Universität Salzburg) e em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos (ProfÁgua/UERJ)
Imagem de capa: Pixabay