Entrevista com Andre Luis Silva dos Santos, Graduado em Licenciatura em Construção Civil pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão (2002), Mestrado em Engenharia de Eletricidade, ênfase em Ciência da Computação, pela Universidade Federal do Maranhão (2008) e Doutorado em Ciência e Engenharia de Petróleo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2014). Professor do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Maranhão. Atua como pesquisador em Geoprocessamento com ênfase em Sensoriamento Remoto, SIG, Banco de Dados Espaciais, Geodésia de Precisão e Monitoramento Costeiro e na área de Informática Aplicada. É líder do Grupo de Pesquisa em Geoprocessamento e Informatica Aplicada (GIAGeo) do IFMA cadastrados no CNPq. Atualmente é o diretor Presidente da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Maranhão (FAPEMA).
Qual objetivo do mapeamento da COVID a nível de Maranhão?
A pesquisa teve por objetivo realizar mapeamento participativo dos casos suspeitos e confirmados de Covid-19 no estado do Maranhão, a partir das opiniões expostas por seus moradores, obtidas por meio do preenchimento de questionário com 22 perguntas objetivas, tendo a possibilidade de preenchimento textual (pergunta aberta) em somente um caso, acerca dos motivos de não cumprir o distanciamento social recomendado pelo Ministério da Saúde brasileiro, em 12 de março de 2020 . Além disso identifica pessoas que estão com alguns dos sintomas da COVID-19.
De que forma a pesquisa irá contribuir no monitoramento de casos de coronavírus no Estado?
Esta pesquisa teve como estímulo contribuir com o aporte de dados acerca da disseminação da Covid-19 em São Luis com o uso de ferramentas teóricas e metodológicas de Geotecnologias, na perspectiva de produzir e dispor publicamente dados sobre o avanço da pandemia nos municípios do estado, com abordagem participativa, até o momento inexiste no Brasil. Além do mapeamento, cada variável agrupada por município/bairro será transformada em planilha distinta e espacializada em ambiente SIG, sobre base cartográfica dos bairros e dos municipios. Com essa operação, os resultados irão gerar a produção de mapas temáticos, representando o avanço do novo coronavírus no estado.
Os resultados devem estar tabulados a cada semana com dados comparativos entre elas.
Como surgiu a ideia de realizar o mapeamento participativo de casos da COVID no Maranhão?
Originalmente a concepção do projeto teve iniciativa do Laboratório Labocart do curso de Geografia da UFC, onde seus integrantes estavam procurando maneiras da Geografia dar retorno positivo à sociedade em meio a esta situação de pandemia, com o uso de instrumental das geotecnologias e técnicas de análise espacial. A partir de diversas discussões, surgiu essa idéia de utilizar o mapeamento participativo para tentar compreender outros aspectos que não são abordados pelos órgãos oficiais, abrindo a possibilidade de envolvimento direto das populações atingidas. A pesquisa original está neste site http://www.labocart.ufc.br/?page_id=786 e os resultados parciais no site http://www.labocart.ufc.br/?page_id=798. A partir desta iniciativa a UFRN replicou o questionário a agora o IFMA com a UFMA e UEMA. Fizemos inicialmente um formulário para comparar Fortaleza, Natal e São Luís e suas regiões metropolitanas. Daí surgiu a idéia de ampliar para todo os municípios do estado do Maranhão.
Qual metodologia está sendo utilizada na realização do mapeamento de dados?
Aplicou-se neste estudo os princípios do Volunteered Geographic Information (VGI), vertente da pesquisa em Sistemas de Informações Geográficas (SIG/GIS) que surgiu na primeira década do século XXI (era Web. 2.0), em ambiente que prima pelo imediatismo e por respostas rápidas, agregando as novas tecnologias da informação ao mapeamento de dados. O uso de ferramentas poderosas, porém de fácil manipulação e acesso, possibilita cidadãos comuns a transformarem-se em mapeadores que constroem, compartilham e usam dados geoespacializados em seu dia-a-dia, neste caso com um formulário do Google Forms.
O VGI foi amplamente difundido após o uso disseminado das redes sociais e dos dispositivos portáteis, quando diversos tipos de Apps (públicos e privados) instigaram cidadãos a contribuírem com a administração e a gestão pública em questões complexas (saúde, educação, mobilidade, meio ambiente, etc.), por meio de processos bottom-up quando, em geral, as autoridades gastam grande energia e recursos púbicos para implementarem políticas a partir de ações e movimentos top-down.
Além do mapeamento, cada variável agrupada por bairro será transformada em planilha distinta e espacializada em ambiente SIG, sobre base cartográfica dos bairros de São Luis. Feita esta operação. Como resultado, tem-se a produção de mapas temáticos, representando o avanço do novo coronavírus na região metropolitana.
Quais instituições que integram o grupo de pesquisadores do mapeamento participativo?
Coordenadores da Pesquisa: Prof. Dr. André Luis Silva dos Santos (Instituto Federal do Maranhão – IFMA), Prof. Dr. Marcos Pacheco (Secretaria de Estado Extraordinária de Articulação de Políticas Públicas), Marilene Pereira Santiago (Secretaria de Estado Extraordinária de Articulação de Políticas Públicas), Léa Márcia Melo da Costa (Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão – SES). Integrantes da pesquisa e dos grupos de pesquisa do Maranhão: Prof. Dr. Maurício Rangel (UFMA), Profa. Dra. Zulimar Márita (UFMA), Prof Dr. Denilson Bezerra (UFMA), Profa Dra. Taissa Rodrigues (UEMA) , Prof. Dr. Aquino Junior (UFMA), Prof. Me. Paulo Pereira (UFMA), Lucas Vieira (UFMA), prof Dr. Silas de Melo (UEMA), Me. Celso Junior (INPE), Prof. Me. Josué Viegas (UFMA), Prof Me. Ulisses Denache (UFMA), Emerson Silva (UFMA), Prof. Me. David Silva (UEMA).
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