Nos próximos 50 anos, o mundo precisa produzir mais alimentos do que foi produzido ao todo nos últimos 10.000 anos.
Todavia, o desenvolvimento tecnológico tem sido responsável por oferecer alternativas digitais para solucionar problemas complexos nas lavouras e aumentar a produção de alimentos, sendo mais um aliado para enfrentar os desafios da agricultura.
A inovação sempre fez parte da agricultura, seja pela presença de pacotes inteligentes, permitindo grandes saltos nos processos de produção, ou nas constantes melhorias realizadas a cada safra.
A quarta onda de revolução na agricultura, a Agricultura 4.0, está apenas começando, e já pode ser observada em alguns setores da cadeia de produção.
Impulsionada pela transferência de informações entre produtores, fornecedores e prestadores de serviço, a tecnologia permite não só a transmissão de dados, mas também o processamento e análise de informações de forma rápida e automática.
Um dos efeitos mais práticos das soluções digitais no campo é a troca de informações por meio de aplicativos, que tornam cada vez mais ágeis algumas atividades agrícolas.
Os smartphones são exemplos de tecnologias utilizadas no campo e têm sido a interface entre produtor, sistema de produção e fontes de informação.
De fato, a agricultura digital surgiu com o objetivo de integrar conhecimento agronômico com tecnologias, montando árvores de decisões para soluções de problemas a fim de promover recomendações de forma rápida e precisa.
A interpretação de análises de solo e planta, com a recomendação de fertilizantes e corretivos é um exemplo que garante agilidade nas decisões sobre o posicionamento de produtos e doses de acordo com as fases de cada cultura.
Mas, apesar de grandes melhorias com a presença da tecnologia no campo, um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ainda constata que menos de 29% das quase 5 milhões de propriedades rurais possuem acesso à internet, e apenas 13% destes possuem internet de banda larga.
É importante considerar que o avanço digital no campo não acontece de forma rápida e alguns fatores ainda dificultam esse avanço, como a baixa conectividade, além da má divulgação de novas ferramentas, alto custo e limitações das tecnologias que suprem apenas necessidades de nichos específicos.
Muitas expectativas foram criadas sobre os potenciais das tecnologias praticados na Agricultura 4.0, mas para não ficarmos reféns das expectativas, é preciso colocar a digitalização em prática, testar e aprimorar para assim avançarmos em busca de uma agricultura moderna e capaz de atingir suas demandas.
*Danilo Silva Almeida é doutor em Agronomia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) e especialista em pesquisa e inovação na Yara Brasil
**Gustavo Bardella é mestre em Fertilidade do Solo pela University of Manitoba, em Winnipeg (MB) e especialista agronômico na Yara Brasil
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