O uso profissional dos drones vem aumentando significativamente nos últimos anos em vários ramos da indústria. Seja para a aplicação de defensivos agrícolas ou para a inspeção de obras, as aeronaves não tripuladas têm feito a diferença nos quesitos produtividade e qualidade. Tanto é assim que esse mercado deve continuar crescendo pelos próximos anos e em um ritmo constante.

Segundo a Drone Industry Insights (DRONEII), empresa alemã especializada em pesquisas para esse setor, a taxa de crescimento anual do mercado de drones no mundo será de 13,8% entre 2020 e 2025, saindo de uma receita de US$ 22 bilhões e chegando a US$ 43 bilhões. Isso significa que no período de cinco anos, o segmento vai quase dobrar de tamanho.

O ritmo quase estável ano a ano demonstra que não haverá um novo boom do mercado, como foi observado nos últimos anos. E isso não é uma notícia ruim. Pelo contrário. Isso significa que o setor caminha para uma consolidação. “A indústria dos drones amadureceu de um crescimento explosivo e exponencial para retornos constantes, maior adoção e um passo à frente do chamado vale da desilusão”, analisa a DRONEII no estudo Drone Market Report 2020.

Para que o crescimento na demanda seja atendido plenamente, a previsão é de que sejam vendidos 1 bilhão de drones em todo o mundo neste ano. Em 2025, a expectativa é que esse número mais do que dobre. E o que vai ancorar esse avanço são as aeronaves para uso profissional, já que a tendência é de que a venda de equipamentos para uso privado diminua até 2025.

Indústrias e aplicações dominantes

O setor de Energia é e continuará sendo o principal demandante dos serviços de empresas especializadas em drones. Hoje ele é seguido pela Agricultura e Construção. Entretanto, a empresa alemã projeta que o segmento de Transporte e Armazenagem deve ocupar o segundo lugar da lista até 2025. Essa indústria, segundo a classificação padrão norte-americana, engloba não apenas transporte de pessoas e carga, mas também se estende ao suporte a atividades como inspeção e manutenção de infraestruturas.

A Drone Industry Insights também coloca como destaque outros setores da economia que usufruem do uso profissional dos drones, como Mineração, Administração Pública, Segurança, Seguros e Mercado Imobiliário.

Do ponto de vista do prestador de serviço, as principais aplicações continuam sendo mapeamento e levantamento de diferentes tipos (40%), segundo a DRONEII. Na sequência aparecem Inspeções e Manutenção (35%), e Fotografia e Filmagem (16%). No fim da fila, com menor participação, estão Pulverização agrícola (4%), Monitoramento (1%) e Localização (1%).

Destacando as aplicações de mapeamento, há setores que investem pesado nesse tipo de serviço. O ramo da Construção Civil, por exemplo, dedica 80% dos investimentos em drones para atividades como levantamento topográfico, cálculo de volume e acompanhamento de obras.

A Agricultura também se apoia fortemente em serviços de mapeamento – 59% dos investimentos vão para esse uso -, especialmente para identificar pragas e doenças, analisar áreas bem ou mal irrigadas, demarcar áreas de plantio e acompanhar o desenvolvimento da safra.

Ásia vai ampliar liderança nos próximos anos

Até 2018, a América do Norte, notadamente os Estados Unidos, era a região que mais gerava receitas no mercado de drones. A liderança, porém, foi conquistada pelos asiáticos, com a China em evidência. E esse movimento deve continuar pelos próximos anos.

O mercado da Ásia vai dobrar em cinco anos, saindo de US$ 8,62 bilhões anuais em 2020 para US$ 17,89 bilhões em 2025, com base no estudo Drone Market Report 2020. A América do Norte também crescerá, mas em um ritmo um pouco mais lento: de US$ 6,89 bilhões para US$ 11,82 bilhões. Números que fazem com que as duas regiões representem mais de dois terços de todo o mercado global.

A Europa seguirá com folga como o terceiro maior mercado para os drones, quase dobrando de tamanho entre 2020 e 2025. No mesmo ritmo ficam as demais regiões, dividindo praticamente a mesma fatia do mercado.

A América do Sul, hoje, fica atrás da Oceania. Entretanto, o cenário se inverte nos próximos anos. O Brasil vai puxar esse crescimento na região, passando de US$ 590 milhões para US$ 1,11 bilhão em 2025. Já a Oceania, capitaneada pela Austrália, pula de US$ 650 milhões para US$ 1,09 bilhão. Logo atrás a África, de US$ 530 milhões para US$ 1,08 bilhão.

Pandemia gerou novas oportunidades para o setor

A pandemia da Covid-19 exerceu impactos distintos no mercado global de drones. Ao mesmo tempo em que empresas enfrentaram dificuldades devido às medidas de restrição, diminuindo a demanda, outras conseguiram caminhar no sentido oposto, crescendo ainda mais nesse período. Nesses casos, a pandemia evidenciou e acelerou a tecnologia em alguns setores.

De acordo com o Drone Industry Barometer 2020, também conduzido pela Drone Industry Insights junto a 700 empresas de 75 países, as companhias do mercado de drones cresceram de tamanho, em média, 15% em 2020. O maior crescimento ficou entre as empresas de software (20%), seguidas de hardware (18%) e serviços (11%).

“Se o ano teria sido ainda melhor sem a Covid-19 e o crescimento médio das empresas teria sido superior a 15%, isso não pode ser avaliado totalmente. Mas também houve outros efeitos positivos para a indústria de drones. Primeiro, houve um foco maior em determinadas aplicações de drones, o que criou pressão para adaptá-los mais rapidamente e, segundo, novas aplicações, dentro dos domínios do trabalho remoto, foram criadas”, avalia a DRONEII.

O certo é que 2020 foi o período com o maior investimento na indústria dos drones. Só no ano passado foram investidos US$ 2,338 bilhões, um recorde — a marca anterior era de 2019, quando os investimentos ficaram em US$ 1,295 bilhão.

O setor que abocanhou a maior parte desse montante foi o de hardware, que, sozinho, ultrapassou US$ 2 bilhões. Na contramão, as empresas de serviços e software acabaram perdendo investimentos. Uma explicação para o aumento significativo no setor de hardware foram os investimentos destinados para o desenvolvimento de drones para passageiros.

MundoGEO inicia série com dados sobre o mercado de drones

Esta é a primeira matéria de uma série que vai mostrar os avanços do mercado de drones pelo mundo nos últimos anos, além de projetar como será essa indústria no futuro. Para isso, a MundoGEO está buscando diversas fontes de dados de análise do setor.

“Pretendemos detalhar nossa pesquisa tanto nos mercados atuais, como mapeamento como os potenciais como segurança, delivery e logistica. Em paralelo estamos planejando em breve realizar pesquisas para traçar o perfil brasileiro do mercado de drones”, informa o CEO da MundoGEO, Emerson Granemann.