A cadeia de valor do setor espacial está distribuída em diversos segmentos e a maior parte das receitas é gerada pelo segmento de aplicações.
Cadeia de valor é uma forma de se entender a “linha de produção” do setor espacial como um todo. Ela pode ser agrupada em segmentos upstream e downstream.
A parte upstream é composta pelos segmentos iniciais da cadeia. No caso do setor espacial, fazem parte do upstream os segmentos de fabricação de satélites e veículos lançadores, bem como as empresas que fornecem serviços de lançamento. Também podem ser enquadrados na parte upstream o segmento de infraestrutura de solo.
A parte downstream é composta pelos usuários da infraestrutura e dos produtos espaciais. Então fazem parte os operadores de satélites, os provedores de serviços satelitais e os diversos usuários finais, sejam comerciais, governamentais ou militares.
Alguns agentes podem perpassar toda a cadeia. Por exemplo, agências espaciais, investidores, empresas de seguro e agências reguladoras podem atuar em qualquer elo da cadeia de valor.
Por mais que o foco e atenção para o setor espacial estejam voltados para os segmentos upstream, mais notadamente para as empresas do segmento de lançamento de veículos lançadores, este equivale apenas a cerca de 10% do mercado espacial total. Segundo dados da Consultoria Euroconsult, em 2021, o segmento de fabricação de satélites e veículos lançadores atingiu US$ 25 bilhões; enquanto que o de serviços de lançamento de satélites foi da ordem de US$ 8 bilhões; completando, o de segmento de solo atingiu apenas US$ 4 bilhões.
Os elos finais da cadeia espacial, o downstream, é onde se concentra grande parte das receitas do setor espacial. Ainda segundo a consultoria Euroconsult, as receitas do segmento de serviços e aplicações espaciais somaram US$ 285 bilhões. Nesse segmento se concentram os serviços de comunicações (Rádio, TV e Internet), serviços de geolocalização, de observação da terra, entre outros. Esse é o elo da cadeia que mais de desenvolve, afinal os recursos necessários para criar um negócio e o tempo de recuperação são bem menores.
O processo de digitalização da economia, com certeza irá pressionar ainda mais a cadeia do setor espacial como um todo. Desde a necessidade de aumentar a capacidade da infraestrutura satelital até a disponibilidade de novos serviços e aplicações derivados da tecnologia espacial.
*Michele Cristina Silva Melo – Servidora da agencia espacial brasileira, cedida ao Inep no cargo de Diretora de Avaliação da Educação Básica. Membro dos comitês de economia espacial e transporte espacial da International Astronautical Federation (FAA). Professora da disciplina Cadeia Produtiva Aeroespacial (Economia Espacial) do Mestrado Profissional da Economia/UnB (convênio AEB/UnB)
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