O Grupo Pardini inaugurou a primeira rota regular em área urbana de transporte de amostras biológicas usando drones. A aeronave fabricada pela Speedbird Aero sairá do Hospital Biocor, em Nova Lima, e voará até o Instituto Orizonti, no bairro Mangabeiras, em Belo Horizonte, onde há um núcleo do laboratório para processamento e análise dos materiais.
As amostras que serão carregadas pela aeronave podem ser coletadas em unidades de atendimento, laboratórios parceiros ou outros hospitais. Este trajeto foi desenvolvido considerando tanto a importância da agilidade no processamento de exames e entrega de resultados, quanto à dificuldade de mobilidade em locais de grande movimentação de transporte terrestre.
O trajeto será fixo, de segunda a sexta-feira, sob demanda, levando e trazendo amostras entre esses dois hospitais, que serão os pontos de apoio dessa logística. O drone do modelo DLV-2 poderá voar a cada uma hora e a rota de 5 km é feita em 8 minutos, enquanto de carro seriam gastos 25 minutos, podendo chegar a mais de 60 minutos, em horário de pico. A iniciativa garante agilidade no transporte e diminuição da circulação de amostras dentro de um grande centro urbano.
Além disso, a estimativa é reduzir em 100% a emissão de CO2. Com a substituição da rota rodoviária pela aérea, cerca de 200 a 250 kg de gás carbônico deixarão de ser lançados na atmosfera por mês. Para além dessa redução, também são retirados veículos das ruas, aliviando o trânsito da cidade e reduzindo a possibilidade de acidentes.
Neste primeiro momento, serão transportados apenas materiais não contaminantes para análises clínicas, genética molecular, testes oncológicos de alta complexidade, medicina nuclear, medicina personalizada e patologia cirúrgica. Serão amostras de teste do pezinho ou de cabelo para exames toxicológicos, coletas de raspados de unha e pele para análise de células, por exemplo.
A operação dessa rota só foi possível pela parceria entre o Grupo Pardini e a Speedbird Aero, que começou há três anos. Após vários testes, a aeronave DLV-2 conseguiu em 2022 o Certificado de Autorização de Voo Experimental (CAVE), emitido pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Com essa autorização, o drone passou a realizar voos BVLOS, ou seja, além da linha de visada visual do piloto.
Desde então, o Grupo Pardini e a Speedbird Aero vêm realizando voos de teste em diversas cidades, incluindo uma rota fixa em Salvador, na Bahia, além de ensaios em Aracaju (SE), Itajaí (SC) e São Sebastião (SP), para explorar diferentes tipos de desafios geográficos e de logística. O DLV-2 tem capacidade para transportar cargas de até 6,5 kg e pode voar a uma distância de até 15 km sem a necessidade de troca de baterias.
“Estamos demonstrando, a cada voo, segurança no transporte, redução de custo e de tempo. É um processo longo, disruptivo e visionário. Queremos poder voar de laboratórios para hospitais, de laboratórios para outros laboratórios e de laboratórios para aeroportos, nos grandes centros”, comentou o CEO da Speedbird Aero, Manoel Coelho.
Com a rota regular em Belo Horizonte, as empresas esperam obter o Certificado de Aeronavegabilidade Especial para RPA (CAER), que permitirá executar rotas mais longas, possibilitando novas oportunidades para o Grupo Pardini. A expectativa é que em até dois anos, o laboratório possa fazer voos entre as unidades de coleta até qualquer uma das plantas produtivas da rede.
Para o gerente corporativo de Logística do Hermes Pardini, Cleber de Souza Miranda, o início dos voos regulares é mais um passo para o laboratório conseguir a autorização para voos de todos os tipos de cargas biológicas, como sangue, soro, urina, fezes, líquidos corporais, dentre outros. “Demonstraremos a segurança do transporte aéreo não tripulado, bem como sua superioridade e eficiência em relação ao transporte terrestre atual. É necessário acumular horas de voo transportando materiais biológicos não contaminantes, até a autorização dos órgãos competentes para o transporte de materiais de risco biológico infecciosos ou potencialmente infeccioso”, explicou.
Segundo o executivo, este é mais um avanço operacional para a aviação, já que é a primeira rota para voos não tripulados em uma área urbana com cinco helipontos. Ele ainda reforça que a medicina diagnóstica depende do transporte terrestre e aéreo, que possuem seus desafios particulares como o alto custo e as interferências recorrentes causadas por situações diversas, como acidentes, congestionamentos e cancelamento de voos comerciais, entre outros.
“Acredito que os drones têm potencial para revolucionar a logística na saúde daqui a alguns anos, ao trazer mais eficiência em termos de custo e tempo de transporte, além de apresentar menor impacto ambiental. A redução de tempo de transporte de amostras por drone, como indicado nos testes que realizamos, pode acelerar a liberação de diagnósticos e, assim, ajudar médicos a tomar decisões mais rapidamente, colaborando com a saúde de nossos pacientes”, completou Miranda.