Novidades e tendências foram a tônica do Seminário Geotecnologias no meio ambiente e créditos de carbono, que aconteceu em 21 de maio na capital paulista como parte da programação do DroneShow, MundoGEO Connect, SpaceBR Show e Expo eVTOL 2024.

O seminário reuniu especialistas em Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto para abordar tópicos essenciais relacionados ao uso dessas tecnologias para mapeamento, monitoramento do uso do solo e mensuração do carbono. O objetivo foi promover a discussão sobre as mais recentes inovações e desafios nesse campo crucial para a gestão ambiental e a mitigação das mudanças climáticas.

O mediador do seminário foi Wilson Holler, Analista GIS na Embrapa Florestas, que fez uma explanação inicial com uma visão geral sobre sensoriamento remoto, ESG (meio-ambiente, responsabilidade social e governança) e mensuração do carbono, com o objetivo de nivelar alguns conceitos e deixar todos os participantes na mesma página quanto ao tema.

Além de dar alguns spoilers do que viria pela frente ao longo do seminário, Wilson explicou as várias siglas que estão relacionadas ao assunto e como se usa sensoriamento remoto para calcular o sequestro de carbono.

“O sensoriamento remoto vem como uma ferramenta excelente. Uma grande vantagem é que você consegue visualizar áreas inacessíveis. Estas plataformas podem ser drone, avião, satélite ou uma constelação de satélites”,

comentou Wilson.

Na sequência, foi a vez de Raimundo Camargos, Coordenador-Geral de Inteligência do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), órgão subordinado ao Ministério da Defesa, que falou sobre o Monitoramento da Amazônia e a Mensuração de Estoque de Carbono.

Satélites, aeronaves, radares, antenas e sensores são alguns dos modernos recursos tecnológicos que o Censipam utiliza para produzir informações que alimentam todo o sistema de controle da região amazônica. Um grupo multidisciplinar de profissionais faz a análise qualificada dos dados e gera produtos relacionados a alertas de desmatamento ilegal e outros ilícitos.

“Um grande esforço foi desenvolvido pelo governo brasileiro em dotar a região de uma constelação de sensores do sistema, para que o Brasil pudesse ter uma consciência situacional dessa imensidão que é a nossa Amazônia”,

comentou Raimundo.

Walter Marinho, Assessor de Inteligência do Censipam, detalhou como o Centro quantifica o sequestro de carbono. Técnicos do Censipam estavam disponíveis nos três dias da feira, no estande da instituição, para responder perguntas dos visitantes.

Na Amazônia, boa parte do ano, de outubro até abril, as condições climáticas e meteorológicas da região impõe uma nebulosidade muito forte, impedindo que os sensores óticos possam fazer o seu trabalho, então a o Censipam estrategicamente decidiu investir na tecnologia SAR, de radar de abertura sintética, para que pudesse então monitorar o que estivesse acontecendo na região e ter uma melhor consciência situacional.

Em seguida, Moisés Salgado, Gerente Executivo de Desenvolvimento de Software da Unidade de Agronegócio da Serasa Experian, explanou sobre o Mapeamento do uso do solo e Avaliação de Imóveis Rurais.

Ele mostrou as tecnologias e plataformas que estão utilizando e explicou sobre as atividades da Serasa Experian como uma empresa que vende informações, e que no caso do Agro boa parte dos ativos estão ligados ao território, com uma localização geográfica. Por isso, a Serasa adquiriu a Agrosatélite, que já tinha ferramentas com esta natureza, para que pudesse enriquecer suas bases de dados e suas metodologias com objetivo de construir esta jornada de crédito agrícola.

“Todas as soluções de Agro que a gente está construindo, a gente não está construindo com a visão de que a Serasa vai ter o market share de 100%. A gente quer participar disso entregando essas soluções e tecnologias de dados via API para que outras empresas que atuam nesse setor também possam utilizar”,

afirmou Moisés.

Após o intervalo o tema foi Monitoramento do desmatamento com imagens SAR, com a apresentação de Ana Paula Cordeiro, Vice-presidente da ICEYE para América Latina, e Marcio Perassoli, Engenheiro de Vendas Senior da ICEYE.

Eles trouxeram uma perspectiva da operadora de satélites finlandesa, que tem uma tecnologia que é considerada disruptiva no mercado, com grande aplicação em todo o mundo, e também algumas das experiências de monitoramento do desmatamento para diversos clientes.

“Mais de 60% das vezes durante o ano existe cobertura de nuvens em determinado ponto na Amazônia brasileira, isso comprovadamente por estudos do INPE e outros estudos também da NASA. É exatamente aí a utilidade do radar de abertura sintética”,

disse Ana Paula.

Marcos, por sua vez, apresentou casos de sucesso do uso dos dados da ICEYE ao redor do globo.

Na sequência, Vinicius Rissoli, Diretor Comercial na SCCON Geospatial, apresentou o uso de nanosatélites no combate ao desmatamento e queimadas ilegais.

Vinicius trouxe um panorama sobre o Programa Brasil Mais, que se iniciou em setembro de 2020, com uma visão geral dos produtos e serviços fornecidos pela SCCON e pela Planet, que tem hoje mais de 200 nanosatélites operando e coletando imagens diariamente de todo o mundo.

“Tudo que eu estou apresentando hoje aqui, qualquer instituição pública federal, estadual ou municipal pode fazer adesão junto ao Programa Brasil Mais e pode acessar esses dados sem nenhum custo”,

avisou Vinicius.

Ele relembrou que mais de 430 instituições já fazem uso dos dados gerados pelo programa, com mais de 95 mil funcionários públicos envolvidos em operações realizadas em todo o território brasileiro, ultrapassando o valor de 15 bilhões de reais em multas e apreensões até o momento.

Finalizando o seminário, aconteceu o debate sobre os impactos da inteligência artificial no monitoramento ambiental, com a presença de: Marcos Rosa, Coordenador Técnico do MapBiomas e Diretor da Arcplan; e Michael Steinmayer, Diretor Executivo da Sulsoft.

“O MapBiomas é um projeto que começou e foi viabilizado já por inteligência artificial. É um projeto que começou em 2015 de forma aberta e colaborativa, aplicado à mitigação de mudanças climáticas”,

explicou Marcos.

Ele lembrou que o projeto surgiu para a produção dos mapas anuais de uso e cobertura da terra através de uma série histórica, de 1985 até 2022, que tem como característica principal analisar o território brasileiro usando todas as imagens disponíveis e analisando todos os pixels disponíveis, que ficam abertos ao público.

“Para poder classificar esse comportamento entra a inteligência artificial. Primeiro o algoritmo de aprendizagem de máquina e depois o deep learning. E para isso a gente processa hoje tudo dentro do Google Engine, que é uma plataforma gratuita aberta para esta questão de meio ambiente”,

finalizou Marcos.

Hoje, o MapBiomas já está presente em 14 países.

“Nós temos que colocar aqui, sobre aplicações da inteligência artificial no mapeamento e no monitoramento ambiental, que o deep learning na verdade precisa de imagens de alta ou altíssima resolução, enquanto o machine learning você pode tranquilamente aplicar também em imagens de média resolução”,

avaliou Michael.

Ele fez uma previsão, de que num futuro próximo a inteligência artificial vai conseguir fazer muitos desses mapeamentos que a gente faz hoje, mas com outras ferramentas.

“O trabalho braçal mesmo, de ficar classificando imagem, isso é algo que vai desaparecer com certeza!”

concluiu.

As feiras DroneShow Robotics, MundoGEO Connect, SpaceBR Show e Expo eVTOL superaram as expectativas e reuniram 8.100 profissionais de 33 países, um aumento de 42% em relação à participação da edição anterior. Organizados pela MundoGEO, empresa recentemente adquirida pela Italian Exhibition Group (IEG), os eventos ocorreram de 21 a 23 de maio no Expo Center Norte – Pavilhão Amarelo, em São Paulo (SP), e se consolidaram como o maior encontro das Américas que reúne no mesmo espaço os setores de inteligência geográfica, drones, espacial e aeronaves eVTOL.

A área de exposição, que cresceu 50% em metragem na comparação com 2023, reuniu 120 expositores que representaram mais de 200 marcas. Além disso, a programação com 25 atividades, entre cursos, seminários e fóruns, contou com 180 palestrantes de vários países, permitindo o compartilhamento de conhecimento e de experiências nesses mercados.

Edição 2025

A próxima edição do DroneShow, MundoGEO Connect, SpaceBR Show e Expo eVTOL já está marcada para 3 a 5 de junho de 2025 no Expo Center Norte – Pavilhão Azul, em São Paulo (SP).

Acompanhe a evolução do evento, planta da feira e programação das atividades nos sites:


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Resumo em 1 minuto do MundoGEO Connect, DroneShow, SpaceBR Show e Expo eVTOL 2024: