Novidades e tendências foram a tônica do Seminário Cadastro Territorial na Governança Municipal, que aconteceu em 22 de maio na capital paulista como parte da programação do DroneShow, MundoGEO Connect, SpaceBR Show e Expo eVTOL 2024.

O seminário buscou apresentar como o Cadastro Técnico Multifinalitário (CTM) e os dados geográficos podem ajudar a acelerar as cidades inteligentes e sustentáveis no Brasil. Foram apresentadas as principais regras para implantação do CTM nos municípios brasileiros, apresentados cases de sucesso em cidades de diferentes portes e possíveis fontes de financiamento para poder acelerar a contratação deste serviço, que tem o potencial de tornar o projeto de cidade inteligente mais assertivo e eficiente.

A mediadora Grazi Carvalho, CEO do Instituto LICI e Diretora de Relações Governamentais do IGTECH, apresentou uma visão geral sobre o CTM nas cidades inteligentes e sustentáveis, com o objetivo de deixar todos os participantes do seminário “na mesma página”.

Grazi abordou os artigos na Constituição que abordam os direitos de todos os brasileiros de terem saúde, educação, moradia, transporte, etc., que são questões ligadas a cidades inteligentes.

“A cidade também tem que ser eficiente, e a eficiência está no Artigo 37 da Constituição, que fala que todo mundo do setor público e do setor privado que vai atuar com as questões da criação das políticas públicas precisa atender o princípio da legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência”,

comentou.

Grazi complementou sobre a sustentabilidade das cidades:

“O CTM está dentro do pilar da cidade eficiente, mas também tem a cidade sustentável, porque você tem que garantir qualidade de vida para as gerações atuais e futuras”.

Grazi finalizou falando sobre a importância de se implementar uma infraestrutura de dados espaciais nas prefeituras, para garantir a integridade/interoperabilidade dos dados e evitar duplicações, bem como ser imprescindível implantar uma rede geodésica para garantir a amarração dos levantamentos com o CTM ao longo do tempo, geralmente feitos com aerofotogrametria convencional ou com drones.

“Esses dados vão munir as lideranças dos diversos setores de informação, porque cidade
inteligente é uma gestão orientada por dados”,

concluiu Grazi.

Em seguida foi a vez de Braulio Magalhães Fonseca, Professor da UFMG, abordar Normativas e Leis relacionadas ao Novo Decreto do CTM / Portaria 3242/2022. Ele iniciou fazendo um alerta:

“A principal crise que a gente vive é a crise de planejamento territorial”.

Ele comentou que hoje o CTM é visto como parte integrante de um patrimônio público, o que é muito positivo. Relembrou também algo que cartógrafos e agrimensores já estão acostumados a ver, que cada parcela de solo tem que estar amarrada à rede de referência cadastral municipal ou ao sistema geodésico brasileiro.

“O CTM vai ser constituído desses dados do cadastro territorial, que vão ser associados aos diversos cadastros temáticos”,

afirmou.

Braulio constatou que o CTM vem, cada vez mais, sendo encarado como um ativo dos municípios que está em constante atualização.

Litz Mary Lima Bainy, Chefe da Unidade de Geoinformações da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação e Presidente do Comitê Gestor da Estrutura Executiva da Infraestrutura de Dados Espaciais do Distrito Federal, falou sobre aplicações para cidades de grande porte.

Ela comentou que o Distrito Federal tem características tanto de estado como de município, e relembrou a importância de cidades de qualquer porte terem uma rede geodésica de referência cartográfica. Em seguida fez um apanhado histórico do Cadastro no DF, chegando hoje a uma Infraestrutura de Dados Espaciais e ao Geoportal que integra tudo isto.

“Um infraestrutura de dados permite aos usuários que eles possam – por meio de um simples navegador – encontrar, navegar, visualizar, usar e combinar informações”,

afirmou Litz.

Ela explicou que uma série de órgãos públicos está colocando suas informações na mesma infraestrutura de dados espaciais, então os benefícios são evidentes, como por exemplo evitar a duplicidade e garantir que ela seja usada por vários níveis da administração municipal.

“Nós fizemos um projeto de atualização sistemática contínua da cartografia, onde a gente monitora as áreas que estão se expandindo por imagem de satélite, e nós fizemos um contrato por ordem de serviço para fazer aerolevantamento e restituição de grandes áreas”,

afirmou.

Litz complementou sobre o uso de drones no Cadastro do DF:

“Em uma terceira etapa, nós estamos adquirindo drones e todos os softwares para restituição, então as pequenas áreas nós mesmos vamos fazer”.

Após o intervalo foi a vez de falar sobre aplicações para cidades inteligentes de médio porte, quando Jedean Moisés do Carmo, Coordenação de Sistemas da Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento e Gestão da Prefeitura de Sabará (MG), falou sobre sua experiência.

Ele comentou sobre a necessidade de convencimento dos gestores públicos a investirem em Cadastro, através de embasamento técnico.

“Um dos objetivos desse cadastro técnico multifinalitário que a gente vem trazer é você realmente organizar melhor a distribuição do transporte público, políticas de limpeza urbana, iluminação pública, coleta de lixo, ou seja, são multi-finalidades”,

disse Jedean.

Jedean explicou, ainda, que optaram por levantamento do município usando aerofotogrametria com aviões e agora estão trabalhando com dados de perfilamento a laser para atualização do Cadastro, agrupando tudo em um banco de dados que está em construção. Segundo ele, no momento já estão “colhendo os frutos” do investimento e várias áreas da administração municipal estão usando os dados.

Guilherme Gandra, Presidente do Igtech, falou sobre aplicações para cidades inteligentes de pequeno porte, com os cases de Igarapé e São Gonçalo do Rio Abaixo, em Minas Gerais, ambos com menos de 50 mil habitantes.

Ele lembrou que mesmo em municípios de pequeno porte é imprescindível fazer a justiça tributária rodar e é preciso atualizar a planta genérica de valores.

“Nestes dois municípios é que a gente girou a chave do mapeamento da geotecnologia, nessas duas prefeituras, e a partir desse trabalho começaram a ser requisitados outros tipos de levantamentos”,

comemorou Guilherme.

Segundo ele, quando os prefeitos abraçam a ideia do Geo, eles começam a entender que o CTM é muito mais do que a questão tributária.

“É uma questão de domínio territorial da informação”,

concluiu Guilherme.

Fechando o seminário, aconteceu o debate sobre os Impactos da Inteligência Artificial na gestão de Cidades Inteligentes, com a participação dos especialistas:

  • George Serra, Consultor da Geosert / Topocart;
  • Anderson Medeiros, Diretor da ClickGeo; e
  • Rubens de Almeida, Consultor sênior e CEO da Gisbi.

George comentou sobre sua experiência de 8 anos trabalhando na África e também à frente da prefeitura de Manaus (AM), e fez um paralelo das cidades inteligentes com regiões inteligentes:

“Nesse contexto tão abrangente, hoje em dia você tem bairros inteligentes, você tem loteamentos inteligentes, que são áreas onde você consegue controlar determinados elementos, onde você vai criar sistemas que vão permitir que você tenha um determinado desenvolvimento naquela região”.

Ele relembrou o que foi comentado por praticamente todos os palestrantes anteriores, que o alicerce para que tudo isto ocorra é a Cartografia.

“Esse é o elemento chave. A partir do momento que eu não tenho essas bases estruturadas, eu não tenho como desenvolver trabalhos mais avançados”,

afirmou.

George finalizou lembrando que tecnologias de ponta já são aplicadas juntamente com as Geotecnologias, para o desenvolvimento de cidades inteligentes, como BIM (sigla em inglês para Modelagem de Informação da Construção), Internet das Coisas e a própria Inteligência Artificial, mas enfatizou também a importância da “Inteligência Natural” dos profissionais que atuam no setor.

Anderson trouxe alguns questionamentos ao seminário:

“Será que eu já entendo quais são os benefícios reais no meu dia-a-dia, tendo acesso aos benefícios de uma cidade inteligente?”.

Ele lembrou dos desafios de se implementar uma cidade inteligente e das áreas que podem ser beneficiadas, como por exemplo o uso de semáforos gerenciados com Inteligência Artificial para otimização do tráfego.

“Este é o benefício às pessoas, o benefício da qualidade de vida que se traz para a população”,

afirmou.

Anderson lembrou das áreas de resposta a desastres e de destinação de resíduos, entre outras que também podem ser otimizadas pela IA. Comentou também sobre ferramentas de prefeituras que não necessariamente usam Geotecnologias, como por exemplo chatbots para interação com a população.

“Para implementar você tem que ter dados que vão alimentar essas Inteligências Artificiais e também nós temos que ter dados com qualidade, porque se entra lixo, vai sair lixo”,

completou.

Ele finalizou lembrando outro aspecto importante, que é a proteção de dados, já que Inteligências Artificiais eventualmente podem fazer uso da localização dos cidadãos, e eles precisam estar cientes e concordar (ou não) com isto.

Rubens, por sua vez, trouxe algumas questões sociais ao seminário, como por exemplo o fenômeno de cidades que estão encolhendo e a falta de informação sobre para onde as pessoas destes locais estão migrando:

“O Brasil está se movimentando, alguns em busca de comida, alguns fugindo da inundação, alguns
expulsos por uma atividade econômica”.

Ele lembrou também sobre o novo perfil da população, pois nós estamos no final do processo chamado de transição demográfica, no qual o país está envelhecendo.

“Nós estamos vivendo esta realidade, que esses sistemas sensacionais de administração pública podem nos ajudar a identificar onde estão esses velhinhos e como é que a gente vai fazer política pública”,

explicou.

Rubens valorizou os municípios que estão implantando seus sistemas de gestão, porém lembrou que a maioria das cidades no Brasil ainda não tem recursos – financeiros ou humanos – para tal. Lembrou também que as cidades não podem ser tratadas de forma isolada.

“Temos que dar um passo para a frente. Nós vamos ter que começar a pensar em planejamento regional”,

concluiu.

A mediadora fechou o seminário com um apanhado geral de todas as apresentações e com a importância da participação em eventos para atualização profissional.

As feiras DroneShow Robotics, MundoGEO Connect, SpaceBR Show e Expo eVTOL superaram as expectativas e reuniram 8.100 profissionais de 33 países, um aumento de 42% em relação à participação da edição anterior. Organizados pela MundoGEO, empresa recentemente adquirida pela Italian Exhibition Group (IEG), os eventos ocorreram de 21 a 23 de maio no Expo Center Norte – Pavilhão Amarelo, em São Paulo (SP), e se consolidaram como o maior encontro das Américas que reúne no mesmo espaço os setores de inteligência geográfica, drones, espacial e aeronaves eVTOL.

A área de exposição, que cresceu 50% em metragem na comparação com 2023, reuniu 120 expositores que representaram mais de 200 marcas. Além disso, a programação com 25 atividades, entre cursos, seminários e fóruns, contou com 180 palestrantes de vários países, permitindo o compartilhamento de conhecimento e de experiências nesses mercados.

Edição 2025

A próxima edição do DroneShow, MundoGEO Connect, SpaceBR Show e Expo eVTOL já está marcada para 3 a 5 de junho de 2025 no Expo Center Norte – Pavilhão Azul, em São Paulo (SP).

Acompanhe a evolução do evento, planta da feira e programação das atividades nos sites:


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