Novidades e tendências foram a tônica do Seminário Drones na Pulverização e no Controle Biológico, que aconteceu em 23 de maio na capital paulista como parte da programação do DroneShow, MundoGEO Connect, SpaceBR Show e Expo eVTOL 2024.

O seminário teve apresentações de representantes de órgãos públicos e prestadores de serviços, que abordaram questões regulatórias, metodologias e como empreender no uso de drones para pulverização e controle biológico na agricultura e silvicultura.

O mediador Eugênio Passos Schröder, diretor da Schroder Consultoria Agro, apresentou um panorama sobre o mercado de drones para pulverização e controle biológico no Brasil, com o objetivo de deixar todos os participantes do seminário “na mesma página”.

Ele mostrou alguns números do mercado, evidenciando que houve um grande salto após a pandemia da Covid-19, e que algumas normativas do governo ajudaram a impulsionar o setor de drones agrícolas.

“Nós temos, hoje, mais de dez mil drones agrícolas em operação no Brasil”,

comemorou Eugênio.

Segundo ele, hoje o número de agricultores com drone próprio já é maior do que empresários ou profissionais autônomos que possuem estes equipamentos. Demonstrou, ainda, as complementaridades com a aviação agrícola mas, principalmente, as vantagens em relação a equipamentos terrestres, principalmente os costais.

“Os drones são os equipamentos mais democráticos que existem, são os únicos que vão bem tanto na pequena quanto na grande propriedade”,

finalizou.

Eugênio complementou sobre a necessidade de capacitação para atuar neste setor, seja para trabalhar na aplicação como para empreender na área.

Em seguida foi a vez de Josue Andreas Vieira, Agente de Desenvolvimento Regional do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (SINDAG), que falou sobre a complementariedade da aviação agrícola tripulada e remotamente pilotada.

Ele relembrou algo que também foi citado pelo mediador, que é o aproveitamento de todos os estudos científicos já feitos para a aviação tripulada:

“Um dos principais pontos de complementaridade, que o Eugênio acabou de demonstrar, é a equivalência de produtos registrados para aplicação aérea com aviões para aplicar com drones”.

Josue mostrou alguns números sobre aplicação com drones e aviões, explicando que, para diferentes áreas, é necessária uma solução distinta, e também abordou um assunto de grande interesse da audiência, que é a precificação de serviços.

“Existe todo um movimento para que a gente construa um mercado propício para aplicação aérea, mas para aqueles que estão regularizados, para aqueles que conhecem e que bebem da fonte da tecnologia”,

completou.

E finalizou afirmando que existe muito mercado, que uma tecnologia não ‘rouba’ mercado da outra, pelo contrário, uma solução pode abrir mais mercado para outra complementar.

Por sua vez, Lucio Jorge, Pesquisador em IA e Drones na Embrapa Instrumentação, apresentou os avanços mais recentes na tecnologia de aplicação com drones agrícolas.

Lucio comentou alguns resultados que a Embrapa vem obtendo, com grandes vantagens para o uso de drones.

“Nesses experimentos com a Embrapa, por exemplo, no costal é totalmente substituível, e com certeza com inúmeras vantagens quanto aos autopropelidos”,

comemorou.

Ele comentou também sobre produtores rurais que estão buscando ganhos de escala através de equipamentos cada vez maiores e com mais capacidade de carga.

Sobre controle biológico, segundo Lucio, os principais desafios ainda estão sobre os tipos de dispensers. Ele ainda deu um spoiler de um software de planejamento de missão que será lançado em breve no mercado. Mostrou também uma solução de aplicação de macrobiótico que será oferecida para agricultura familiar. E finalizou enumerando vários projetos em andamento na Embrapa.

Após o intervalo para visitar a feira, foi a vez de Eduardo Ribatski, responsável técnico da Harpya Drones Mapeamento e Pulverização Agrícola, que abordou a formação e regularização de operadores de drones.

Eduardo fez um apanhado geral sobre a regulamentação do uso de drones agrícolas no Brasil, e em seguida lembrou da importância da capacitação, mas que algumas empresas que oferecem cursos de piloto de drone agrícola não estão registradas no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

“Hoje a gente tem diversas empresas que dão cursos, mas poucas são homologadas pelo Mapa”,

alertou.

Ele lembrou que os produtores rurais que usam seus próprios drones também precisam de capacitação e têm que ter suas aeronaves registradas. E finalizou enumerando os órgãos públicos onde os prestadores de serviços e agricultores têm que estar regularizados, como Anatel, Anac, Decea, Ibama, entre outros.

“Nada mais tranquilo do que tu colocar a cabeça no travesseiro e saber que a tua empresa está legal e que tudo que você está fazendo está dentro da Lei”,

completou Eduardo.

Trazendo uma visão da indústria sobre o mercado de drones agrícolas, Roberto Araújo, Diretor de Defensivos Químicos na CropLife Brasil, fechou o ciclo de palestras do seminário.

Roberto lembrou que, com a alta precisão dos drones, agora se fala até mesmo em aplicação por metro quadrado, e não em hectares, por exemplo.

“O agricultor busca esse tipo de informação porque torna a atividade dele mais eficiente, evita desperdício. O agricultor odeia desperdiçar produto!”

Segundo Roberto, não é o agricultor quem define o preço das commodities agrícolas. Muitas vezes é o mercado internacional, então para ser competitivo, ele tem que ser eficiente.

Ele também lembrou que propriedades tratadas com drones têm menos problema de amassamento, de transmissão de doenças através das rodas do maquinário, e que também são mais sustentáveis pois os alimentos têm a quantidade exata de produto aplicado, nem a mais nem a menos.

“Hoje existe um movimento global, um grupo de empresas que estão patrocinando estudos em várias regiões do mundo para definir uma modelagem para o uso de drones”,

complementou.

Em relação à calda usada no campo, ele finalizou comentando sobre a importância de profissionais com conhecimentos mínimos de química:

“As grandes fazendas já entenderam isso, elas levam a calda pronta para a lavoura, mas colocam alguém que entende um pouco mais de química”.

Fechando o seminário, aconteceu um debate com a participação dos especialistas:

  • Vitor Pedron, Fundador da Pedron Agricultura Inteligente
  • Uéllen Lisoski Duarte, Chefe da Divisão de Aviação Agrícola do Mapa

Vitor iniciou falando sobre o seu dia-a-dia como prestador de serviços, e confirmou o que outros palestrantes disseram, que o drone e os aviões agrícolas são complementares.

“A gente percebe que um produtor mais ‘tecnificado’ teve uma maior aceitação do equipamento dentro da área dele”,

afirmou.

Segundo ele, alguns dos principais desafios são os custos com o investimento inicial e a logística da empresa, por isso é preciso ter uma boa cartela de clientes. Também reforçou algo que já havia sido comentado no seminário, sobre a necessidade de se atuar com a empresa e os pilotos registrados nos órgãos competentes.

Uéllen fechou com chave de ouro o seminário, fazendo um apanhado geral das novidades na legislação do Mapa para uso de drones agrícolas.

“A novidade é que a gente vai alterar a legislação, e eu trouxe alguns spoilers“,

adiantou.

Segundo Uéllen, a legislação que trata de aplicação, seja com tripulados ou com drones, vai ser alterada em breve.

“Muita coisa mudou, muita coisa evoluiu e a gente precisa se adequar”.

Leia mais: Mapa abre consulta pública sobre registro de operadores, cursos e regras para operações aeroagrícolas

Uéllen fez um apanhado geral das apresentações anteriores, com alguns comentários pontuais, como por exemplo sobre a importância de se atender a legislação, porque o produtor rural e a sociedade são exigentes.

Também afirmou que a parte mais ‘fácil’ é superar a burocracia. Depois de ter todos os papéis, o desafio maior é trabalhar e entregar serviços com qualidade.

Segundo ela, o Mapa tem debatido com outros órgãos para tentar simplificar os processos e uniformizar entendimentos. Sobre os químicos, de acordo com Uéllen, o Mapa também tem sentido a demanda por produtos mais específicos, com condições adequadas para uso.

“Aos poucos as coisas vão mudando e o mercado vai evoluindo”,

adicionou.

Também comentou sobre a formação dos profissionais que atuam nesta área e como as pessoas decidem utilizar o que foi aprendido nos cursos:

“No fundo, tudo está relacionado ao ser humano, às pessoas, o que vão fazer com o conhecimento que elas adquirem”.

E finalizou sobre o preconceito que a aplicação aérea ainda sofre.

“Grande parte da aplicação de agrotóxico no Brasil é feita pelo terrestre, não é pelo aéreo, mas ainda assim o aéreo que mais sofre preconceito, é fato, porque é ostensivo”,

completou Uéllen.

O mediador fechou o seminário com um resumo de todas as apresentações e com a importância da participação em eventos para atualização profissional.

DroneShow 2024

As feiras DroneShow Robotics, MundoGEO Connect, SpaceBR Show e Expo eVTOL superaram as expectativas e reuniram 8.100 profissionais de 33 países, um aumento de 42% em relação à participação da edição anterior. Organizados pela MundoGEO, empresa recentemente adquirida pela Italian Exhibition Group (IEG), os eventos ocorreram de 21 a 23 de maio no Expo Center Norte – Pavilhão Amarelo, em São Paulo (SP), e se consolidaram como o maior encontro das Américas que reúne no mesmo espaço os setores de inteligência geográfica, drones, espacial e aeronaves eVTOL.

A área de exposição, que cresceu 50% em metragem na comparação com 2023, reuniu 120 expositores que representaram mais de 200 marcas. Além disso, a programação com 25 atividades, entre cursos, seminários e fóruns, contou com 180 palestrantes de vários países, permitindo o compartilhamento de conhecimento e de experiências nesses mercados.

Edição 2025

A próxima edição do DroneShow, MundoGEO Connect, SpaceBR Show e Expo eVTOL já está marcada para 3 a 5 de junho de 2025 no Expo Center Norte – Pavilhão Azul, em São Paulo (SP).

Acompanhe a evolução do evento, planta da feira e programação das atividades nos sites:


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