O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) inaugurou em 9 de dezembro passado cinco novas estações da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC) dos Sistemas do Global Navigation Satellite Systems (GNSS), para o georreferenciamento de precisão. As novas estações estão localizadas nos seguintes municípios: Governador Valadares (MG), Maceió (AL), Januária (MG), Pinhais (PR) e Nova Friburgo (RJ).
Com essas adições, a RBMC passa a contar com 150 estações, sendo MGGV (Governador Valadares/MG) e ALMC (Maceió UFAL/AL) substituições das antigas estações GVA1 e ALMA, respectivamente. Também foi lançada hoje a atualização da série temporal das estações da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia (RMPG), e das estações da RBMC.
“Essa divulgação reforça o papel do IBGE como o órgão responsável pela manutenção e atualização dos dados geodésicos que são fundamentais para o Sistema Geodésico Brasileiro. Isso mostra o compromisso do Instituto em oferecer informações de alta precisão, essenciais para atividades de monitoramento ambiental, grandes obras de engenharia e modernização dos sistemas de referência no país. Além disso, a integração com redes internacionais, como o GLOSS e o SIRGAS-CON, fortalece a colaboração global e destaca a importância do Brasil nos estudos geodésicos”,
explica a coordenadora de Geodésia (CGED), Maira Kronemberg.
Como parte do Projeto de Ampliação e Modernização da RBMC, que visa fortalecer a capacidade de georreferenciamento de precisão no Brasil, todas as novas estações estão equipadas com receptores multiconstelação, capazes de coletar dados das constelações GPS, GLONASS, Galileo e Beidou, e disponibilizam dados para download nos formatos RINEX 2 e RINEX 3. Além disso, as cinco estações operam em tempo real, transmitindo dados no formato RTCM 3.2 (MSM) via NTRIP, através do caster do serviço RBMC-IP. A estação ALMC disponibiliza dados também com intervalo de rastreio de 1 segundo.
“As cinco novas estações integram o projeto de Ampliação e Modernização da RBMC, aumentando a densidade da rede e ampliando a cobertura e precisão do georreferenciamento nas regiões atendidas. Com isso, mais usuários têm acesso a dados GNSS de alta qualidade”,
pontuou o gerente de Redes de Referência Planimetrica, Guiderlan Mantovani.
A operacionalização e manutenção das estações da RBMC são de responsabilidade da Coordenação de Geodésia do IBGE, em cooperação com as Superintendências Estaduais, universidades e instituições públicas. Os dados GNSS disponibilizados diariamente no portal do IBGE, são públicos e gratuitos, utilizados em diversas atividades, como a demarcação de propriedades urbanas e rurais, agricultura de precisão, pesquisas científicas e estudos sobre a variação do nível do mar na costa.
Séries temporais da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia
O IBGE também lançou as séries temporais da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia. A Geodésia é a ciência capaz de medir posições e as variações que ocorrem na superfície terrestre de maneira precisa, as duas redes geodésicas ativas operadas pelo IBGE monitoram as variações que ocorrem tridimensionalmente em um ponto da superfície terrestre, assim como as variações que ocorrem no nível do mar, produzindo assim respectivas séries temporais ou séries históricas.
As séries temporais consolidadas da RMPG são atualizadas anualmente de acordo com os critérios adotados no relatório “Monitoramento da variação do Nível Médio do Mar nas Estações da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia – RMPG 2001 – 2020 “. A série única para cada Estação Maregráfica é gerada a partir dos dados diários disponibilizados pelo IBGE em sua página, incluindo as devidas correções de falha instrumental e altura de referência dos sensores (offset). As séries temporais da variação do nível médio do mar obtidas no período de julho de 2001 a dezembro de 2023, podem ser acessadas no link disponível aqui.
As estações da RMPG, compostas por seis estações maregráficas que monitoram as diferenças entre os níveis médios locais atuais e o datum vertical, também integram o Sistema Global de Observação do Nível do Mar (GLOSS), coordenado no Brasil pela Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) da Marinha do Brasil e são fundamentais para a cartografia, engenharia costeira e estudos de modernização das altitudes brasileiras. As informações são transmitidas quase em tempo real (a cada cinco minutos) e contribuem diretamente para a sub-rede de Alerta de Tsunamis no Caribe.
As estações da RBMC, que fazem parte da Rede de Referência Regional SIRGAS-CON (Sistema de Referência Geodésico para as Américas), são uma parceria entre os países americanos e é uma das redes mais precisas do mundo, possibilitando o monitoramento contínuo das coordenadas das estações. Por meio do processamento semanal, é possível identificar deslocamentos locais e regionais, como o movimento das placas tectônicas e variações altimétricas causadas pela carga hidrológica na Amazônia. Esses movimentos ou variações são representados através das séries temporais das coordenadas, disponíveis no link: Centro de Processamento SIRGAS – IBGE.
“Como parte do projeto estratégico de ampliação da RBMC, há previsão de inauguração de mais duas estações em 2025, focando os principais arranjos populacionais do país. Além disso, a expansão da rede continua mesmo fora do escopo do projeto, com estações lançadas pelo IBGE ou por terceiros, atendendo estrategicamente às demandas da geodésia no Brasil”,
afirmou Guiderlan Mantovani.
IBGE publica Conjunto de estações geodésicas no Banco de Dados Geodésicos
O IBGE divulga também o conjunto de novas Referências de Nível (RRNN), as estações GNSS conectadas às RRNN e as estações gravimétricas (EEGG), que foram incorporadas ao Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) ao longo do ano de 2024. As informações estão publicadas e disponíveis no Banco de Dados Geodésicos (BDG).
As redes geodésicas de referência publicadas são fundamentais para o georreferenciamento de alta precisão, que é usada em atividades de infraestrutura no país, como o ordenamento territorial, a construção de estradas, pontes e barragens, a agricultura de precisão e a implantação e controle de serviços públicos, como energia, gás e saneamento básico. As redes servem, também, como base para a elaboração de mapas, exploração geofísica, gestão ambiental, estudos de geodinâmica e pesquisas científicas, entre outras aplicações.
A publicação dos dados no Banco de Dados Geodésicos (BDG) visa o aumento da cobertura gravimétrica no território nacional, por meio da medição de novas Estações Gravimétricas (EEGG), disponibilizando as informações para o aprimoramento da conversão das altitudes obtidas com os GNSS em altitudes compatíveis com o nível do mar.
O IBGE vem implantando, desde a década de 1940, as redes geodésicas de referência, por meio de estações geodésicas distribuídas em todo o território nacional sob a forma de marcos e pilares implantados no terreno, com os valores de altitude, gravidade, longitude e latitude, que constituem a base do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB).
“As publicações ressaltam o avanço tecnológico e o compromisso do IBGE com a modernização e a manutenção da infraestrutura geodésica brasileira, fortalecendo essas redes como referências nacionais em precisão e qualidade”,
concluiu Maíra Kronemberg.
Com informações do IBGE
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