Os ambientes de inovação no agro brasileiro registraram um expressivo crescimento entre os anos de 2023 e 2024. Além das incubadoras, que passaram de 32 para 107, representando um incremento de 224%; as aceleradoras de startups tiveram um crescimento de 90% (21 para 40), os hubs de 29% (82 para 106); e os parques tecnológicos de 25% (93 para 117).

Esses números estão entre os destaques da nova edição do Radar Agtech Brasil, levantamento anual realizado em parceria entre a Embrapa, a Homo Ludens e a SP Ventures, para mapear as startups, os ambientes de inovação e investidores que atuam nesse setor.

A análise mais aprofundada dos ambientes de inovação agro no Brasil é uma das novidades da edição do Radar Agtech Brasil em 2024, que traz também pela primeira vez dados mais amplos sobre o os investidores que atuam no agro nacional. Esse mapeamento começou em 2019, com foco nas agtechs, que são as startups voltadas ao setor, mas ao longo do tempo, ficou clara a necessidade de ampliar as análises para esses dois escopos, além das foodtechs.

Lançamento

O Radar Agtech 2024 foi lançado hoje (26/3) dentro do Radar Agtech Summit, no Cubo Itaú, em São Paulo, SP, com transmissão virtual. O objetivo foi realizar um fórum de discussão para debater pontos importantes relacionados ao ecossistema de inovação do agro brasileiro.

A inovação no agro não se resume às startups. O impacto das agtechs precisa chegar ao produtor rural, promovendo eficiência, sustentabilidade e competitividade. O Radar Agtech 2024 destaca essa conexão, explorando como os diferentes atores do ecossistema (startups, investidores e ambientes de inovação) convergem para transformar a cadeia agroalimentar.

Em relação aos ambientes de inovação, foram identificados 451 hubs, incubadoras, parques tecnológicos e aceleradoras que impulsionam a inovação no agro. Quanto aos investidores, a pesquisa mapeou fundos de venture capital, corporate ventures e outras iniciativas financeiras que viabilizam a escalabilidade e crescimento das agtechs. O número de investidores focados em Agtechs e Foodtechs aumentou significativamente nos últimos anos, refletindo o amadurecimento do setor e novas oportunidades para startups.

Segundo a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, o documento é hoje uma das principais referências em inteligência estratégica para o setor de inovação agroalimentar no Brasil. O mapeamento começou em 2019, com foco nas agtechs, que são as startups que atuam no setor agropecuário.

“Com o escopo ampliado em 2024, reforçamos o compromisso de produzir conhecimento estratégico, apoiar a inovação e contribuir para um agronegócio mais digital, sustentável e conectado globalmente. O objetivo é garantir que a inovação chegue a toda a cadeia agroalimentar, desde o produtor rural até o consumidor final”,

destaca o cofundador e sócio da Homo Ludens Inovação e Conhecimento, Luiz Sakuda.

O analista da Embrapa, um dos autores e organizadores do estudo Aurélio Favarin acrescenta que o Radar Agtech representa uma evolução no entendimento do ecossistema de inovação no agro brasileiro.

“Além das startups, é fundamental entender as condições necessárias para que elas nasçam e se desenvolvam. Os ambientes de inovação e os investidores são cruciais nesse processo”,

enfatiza.

Descentralização dos ambientes de inovação

Outro aspecto importante identificado pelo relatório é a descentralização gradual dos ambientes de inovação pelas regiões brasileiras. Apesar do protagonismo da Região Sudeste (36,8%), há uma tendência crescente de fortalecimento nas outras regiões, especialmente no Sul, que vem logo atrás, com 31%; seguida por Nordeste (17,5%), Centro-Oeste (9,5%) e Norte (5%).

No Sudeste, a grande concentração é em São Paulo (43,5% do total), mas as regiões Nordeste e Norte demonstram avanços, crescendo de 3,5% para 5,9% e de 1,5% para 5,0%, respectivamente. Estados como Rio Grande do Sul (9,6%) e Paraná (8,9%) continuam ganhando relevância.

Agtechs cresceram mais de 75% desde a primeira edição do Radar

A edição atual do Radar aponta um crescimento significativo de agtechs no Brasil desde 2019, de 1.125 para 1.972 em 2024, evidenciando a rápida expansão desse setor no País. Paralelamente, aponta tendências, destacando o crescimento de polos regionais de inovação e fortalecendo a conexão entre startups, investidores e o setor produtivo.

Massruhá ressalta que o ecossistema de inovação agroalimentar brasileiro segue em constante transformação, impulsionado pela interação sinérgica entre instituições de pesquisa, startups, universidades, o setor produtivo e outros atores. Para ela, a agricultura, que responde por cerca de 22% do Produto Interno Produto (PIB) do Brasil, tem se beneficiado desse movimento, no qual a inovação aberta e a cocriação desempenham papéis fundamentais na aceleração da transformação digital e na adoção de tecnologias emergentes.

“Na Embrapa, compreendemos que a pesquisa agroalimentar é a espinha dorsal dessa revolução, traduzindo conhecimento científico em soluções tangíveis para os desafios do setor. O Brasil, historicamente protagonista nessa discussão, sediará a COP30, em novembro de 2025, em Belém, PA, reafirmando o seu compromisso com um futuro mais sustentável. Nesta edição do Radar, fica claro o momento em que estamos vivendo, no qual é imprescindível a criação de verdadeiras redes conectadas e vivas para colocar em prática o desenvolvimento do setor agroalimentar brasileiro, em prol da transformação sustentável do mundo”,

pontua a presidente.

O mapeamento dos fundos de venture capital especializados e generalistas que já investiram em agtechs brasileiras também reforça o dinamismo do cenário.

“A inovação no agronegócio nunca foi tão vibrante quanto agora. Em 2024, as startups agtech da América Latina lideraram uma revolução, trazendo as mais avançadas tecnologias e modelos de negócio para transformar a produção de alimentos em um momento crítico: quando a crise climática e a insegurança alimentar exigem soluções ousadas. O futuro do agro está sendo escrito por jovens empresas que aceleram o progresso com inovação exponencial”,

afirma Francisco Jardim, sócio da SP Ventures.

Classificação das agtechs

As agtechs estão divididas em três grupos no Radar. Antes da fazenda: soluções anteriores à produção, como o acesso a crédito, a compra de insumos, implementos, máquinas, etc. Esse segmento responde por 18,6% das agtechs mapeadas, mostrando crescimento em relação aos 17,5% de 2019. O incremento nesse caso é estimulado, principalmente, pelo aumento de soluções financeiras, como crédito e seguros agropecuários, que hoje representam 26,5% dessa categoria. Dentro da fazenda: soluções para gestão da propriedade, monitoramento do uso da água, controle de insumos, automação agrícola, etc. Esse recorte manteve-se como o mais representativo no mapeamento de 2024, respondendo por 41,5% do total de agtechs mapeadas (818), com destaque para as categorias de gestão de propriedade rural (157) e plataformas integradoras de dados (144). Depois da fazenda: soluções relacionadas à logística, distribuição, processamento, embalagem, comercialização, etc.

Documento aponta novas tendências para o agro brasileiro

Sakuda destaca outros avanços resultantes do levantamento. Um deles é a digitalização do campo.

“Tecnologias para gestão da propriedade rural, sensoriamento remoto e automação agrícola estão cada vez mais presentes, no segmento “Dentro da Fazenda” que representa 41,5% das Agtechs em 2024”,

salienta.

Outro destaque é a sustentabilidade: O uso de bioinsumos, rastreabilidade e práticas agrícolas regenerativas cresceu, impulsionando a inovação sustentável no setor.

A internacionalização é outra tendência que se mostra forte no presente e para o futuro. As startups brasileiras estão se conectando a hubs de inovação globais, ampliando seu mercado e acesso a tecnologias avançadas.

Investidores crescem na América Latina, mas ainda há espaço para ampliação

Os investimentos em agtechs na América Latina tiveram um crescimento de 25% em relação a 2023, derivado do amadurecimento e da evolução do ecossistema de inovação da região. Os investidores vêm priorizando startups baseadas em tecnologias que promovam eficiência, sustentabilidade e competitividade no agronegócio, especialmente nos principais mercados agrícolas da América Latina: Argentina, Brasil e México. Enquanto o agro representa entre 20% e 25% do PIB brasileiro, toda a América Latina somada recebe menos de 5% dos investimentos globais em agtechs. Esse descompasso reforça a necessidade de ampliar a presença de investidores estratégicos na região, consolidando o Brasil não apenas como potência agrícola, mas também como referência global em inovação para o setor.

Agro do futuro: resiliência e adaptação às mudanças climáticas

O documento aponta os principais impactos das mudanças climáticas no agro:

  • Redução da produtividade agrícola
  • Mudanças na distribuição de pragas e doenças
  • Variabilidade climática e impactos econômicos
  • Escassez de Recursos Hídricos
  • Impactos nos Ecossistemas Agrícolas e Naturais

O futuro do agro depende da capacidade de adaptação e inovação. Para enfrentar os desafios climáticos, são necessárias soluções integradas que alinhem produtividade, sustentabilidade e inclusão social.

  1. Adaptação Climática.
  2. Práticas como manejo regenerativo de solos, agroflorestas e sistemas integrados de lavoura-pecuária-floresta (ILPF) são fundamentais para reduzir as emissões e aumentar a resiliência dos sistemas agrícolas. Essas práticas não apenas sequestram carbono, mas também melhoram a saúde do solo, a retenção de água e a biodiversidade.
  3. Digitalização e previsibilidade.
  4. Ferramentas de agricultura digital, como sensores IoT, satélites e modelagem preditiva, ajudam agricultores a prever mudanças climáticas e ajustar suas estratégias.
  5. Desenvolvimento de cultivos resilientes.
  6. Investimento em engenharia genética para desenvolver variedades de plantas tolerantes a estresses climáticos e resistentes a pragas e doenças.
  7. Inclusão financeira e sustentável.
  8. As agfintechs desempenham um papel central ao oferecer crédito e seguros climáticos para pequenos agricultores, permitindo que invistam em tecnologias resilientes sem comprometer sua estabilidade financeira.

Com informações e imagens da Embrapa


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