O projeto do Microlançador Brasileiro – MLBR – alcançou, nos dias 29 e 30 de maio, um marco decisivo em seu cronograma: a conclusão bem-sucedida da Critical Design Review (CDR). Esta revisão técnica representa a aprovação formal de todos os aspectos de engenharia do foguete, autorizando o início da fase de construção e testes.

Seguindo padrões internacionais aplicados a programas aeroespaciais de alta complexidade, a CDR é uma etapa obrigatória, que avalia se o sistema projetado é seguro, viável e aderente aos requisitos da missão.

“A aprovação da revisão crítica demonstra a maturidade e o compromisso da equipe com a excelência técnica. Estamos prontos para colocar o Brasil em destaque na exploração espacial”,

afirma Ralph Corrêa, diretor da Cenic Engenharia, empresa líder da iniciativa.

Com 12 metros de altura, 1,1 metro de diâmetro e capacidade para transportar até 30 kg de carga útil em órbita baixa, o MLBR será impulsionado por três motores de propelente sólido, com lançamento previsto para 2026. Desde a Preliminary Design Review (PDR), o projeto passou por ajustes técnicos que visaram aumentar a estabilidade e o controle do veículo em voo. Também foi realizado um leve incremento de massa, permitindo maior capacidade de armazenamento de combustível e, consequentemente, melhor desempenho na inserção orbital.

Destaques

Durante a CDR, alguns subsistemas se destacaram por apresentarem um nível de maturidade superior ao esperado para esta fase. É o caso dos sistemas de telemetria – responsáveis pela transmissão de dados do veículo para a estação em solo – e do sistema de navegação inercial (SNI), cujos modelos de qualificação já foram construídos e testados com sucesso. Ambos já se encontram na configuração final que será utilizada no voo.

Entre os ensaios realizados, destacam-se os testes de qualificação por vibração do SNI-GNSS. As simulações, conduzidas em ambiente laboratorial, replicaram as intensas oscilações esperadas durante o lançamento, incluindo fases críticas como ignição, aceleração máxima e separação de estágios. Os perfis de vibração utilizados foram baseados em dados reais de missão, assegurando um teste robusto e representativo.

Outro marco técnico foi a validação da integração entre o SNI-GNSS e o Computador de Missão (CDM) – o “cérebro de bordo” do foguete. O CDM é responsável pelo monitoramento e controle em tempo real dos sistemas críticos durante o voo, processando dados dos sensores e tomando decisões autônomas para garantir a estabilidade, precisão e segurança da missão.

A realização da CDR consolida, portanto, um avanço significativo no desenvolvimento do MLBR, evidenciando a sinergia entre as empresas envolvidas e a maturidade crescente do projeto. Mais do que um marco técnico, o momento simboliza o fortalecimento da capacidade nacional de desenvolver soluções espaciais completas e de alta complexidade.

“O MLBR representa o fortalecimento da indústria espacial nacional, impulsionando o setor de alta tecnologia e desenvolvendo novas competências no país”,

destaca Ralph Corrêa.

Próximas etapas

A próxima grande etapa é a Systems Qualification Review (SQR), em que será avaliada a qualificação dos principais subsistemas do veículo, como propulsão, redes elétricas, estruturas e a rampa de lançamento.

No que se refere à propulsão, os testes principais serão os chamados “tiros em banco” – ensaios estáticos realizados com os motores fixados em uma bancada. Esses testes permitirão validar o empuxo gerado em comparação ao previsto em projeto, a resistência estrutural durante a queima e o comportamento térmico dos componentes expostos a altas temperaturas.

Já para a eletrônica embarcada, serão conduzidos testes ambientais que simularão as condições extremas do voo espacial, incluindo variações severas de temperatura, vibração e choque mecânico decorrente da separação de estágios. Entre os ensaios previstos, destacam-se os testes de Compatibilidade Eletromagnética (EMC), que avaliam a emissão e a resistência dos componentes a interferências eletromagnéticas, descargas eletrostáticas e surtos conduzidos pelos cabos do sistema.

Sobre o projeto MLBR

O MLBR é um programa brasileiro dedicado ao desenvolvimento de veículos lançadores de alta performance, com foco em missões científicas e no lançamento de satélites para órbita baixa. Reunindo especialistas de diversas áreas da engenharia, o projeto representa um passo estratégico em direção à soberania nacional no acesso ao espaço. A iniciativa é financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB). O desenvolvimento é conduzido por um arranjo produtivo nacional que integra empresas brasileiras de base tecnológica, como Cenic Engenharia, ETSYS, Concert Space, Delsis e Plasmahub, além de parceiras estratégicas como Bizu Space, Fibraforte, Almeida’s e Horuseye Tech.

Com informações e imagens da Cenic


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